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28/08/2020 às 12h08min - Atualizada em 28/08/2020 às 12h08min

A cada 100 casos confirmados, duas pessoas morrem por Covid-19 em Uberlândia

Aproximadamente 2,3% da população residente da cidade já foi infectada pelo vírus, aponta estudo da UFU

BRUNA MERLIN
Já a taxa de mortalidade é de 42 óbitos para cada 100 mil habitantes | Foto: PMU/Divulgação
A taxa de letalidade do novo coronavírus em Uberlândia, obtida pela relação entre óbitos e casos confirmados da doença, mostra que, para cada 100 casos, aproximadamente dois pacientes com quadro grave evoluem a óbito na cidade. A informação consta no Painel de Informações Municipais 2020 divulgado pela Universidade Federal de Uberlândia nesta quinta-feira (27).

No entanto, o grupo de pessoas mais idosas enfrenta uma taxa de letalidade superior à observada para a população em geral. Para as pessoas com idades entre 60 e 64 anos, por exemplo, a ocorrência são de três mortes para cada 100 casos confirmados.

A taxa de letalidade continua expressiva e atinge a significativa marca de quase 14 óbitos por 100 casos para as pessoas com 80 anos e mais, sendo que, para os homens, a letalidade da Covid-19, nestas idades avançadas, atinge a marca de 18 óbitos por grupo de 100 casos confirmados. 

Já a taxa de mortalidade - aferida com base no número de habitantes-, captada até o dia 13 de agosto, registrava 42 óbitos para cada 100 mil habitantes. Para efeito comparativo, na época, a mortalidade por Covid-19 em Uberlândia superava a observada na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, que apresentava uma taxa de 30 mortes para cada 100 mil habitantes. 

De igual modo, a mortalidade experimentada pelos uberlandenses estava mais alta que a observada em outros municípios de perfil demográfico semelhante, tais como: São José dos Campos (SP) com 38 mortes/100mh, Feira de Santana (BA) com 25 mortes/100mh, Londrina (PR) com mortalidade em 23 mortes/100mh ou Juiz de Fora (MG) com 24 mortes/100mh. 

Por outro lado, a mortalidade em Uberlândia estava em nível abaixo à observada no epicentro da pandemia no país, a cidade de São Paulo, que na mesma data contava com 86 mortes para 100 mil habitantes.  Enquanto a cidade de Ribeirão Preto (SP), com tamanho demográfico similar e que se posiciona a meio caminho entre Uberlândia e a capital paulista, apresentava uma taxa de mortalidade de 68 mortes para cada 100 mil habitantes.

Doença mata mais homens que mulheres
O Painel de Informações Municipais 2020 também apresenta dados em relação ao perfil das vítimas contaminadas pela Covid-19 em Uberlândia. Até o dia 13 de agosto, data referente ao estudo, a cidade tinha 300 óbitos registrados pela doença e a maioria das vítimas encontrava-se nos grupos etários com idades acima de 55 anos.

Do total de mortos, quase 64% eram homens, enquanto as mulheres somam 36% dos óbitos. Das vítimas fatais, 52,5% eram brancos, 38% pardos e 8,8% pretos. As pessoas amarelas representam dois óbitos, enquanto não se havia registrado mortes para pessoas indígenas. 

Independente do sexo e da cor de pele, os dados mostram que a Covid-19 levou a óbito, em larga maioria, as pessoas que contavam com alguma comorbidade, ou seja, tinham a associação de duas ou de várias doenças, normalmente crônicas, de maneira simultânea. Com isso, o perfil das vítimas fatais por coronavírus em Uberlândia, em maioria, como sendo mortes masculinas, em idades mais avançadas e com comorbidades associadas. 

Em relação ao número de casos confirmados por Covid-19, até o dia 13 de agosto, Uberlândia contabilizava 15,8 mil contaminados pela enfermidade, ou seja, aproximadamente 2,3% da população residente. As pessoas mais afetadas são os homens, que representam 50,5% dos contaminados, e estão na faixa etária entre 20 e 59 anos. Veja a tabela abaixo.


Número de leitos aumenta 11,7% 
O estudo também analisa o cenário da rede de saúde com base no número de leitos para internações via Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade, que aumentou cerca de 11,7% nos primeiros seis meses de 2020, se comparado com o mesmo período do ano passado. 

De acordo com o documento, entre janeiro a julho de 2019, a cidade tinha 808 leitos disponíveis. Esse número aumentou para 903 durante os mesmos meses de 2020. A pesquisa aponta que o acréscimo recente pode ser o resultado das ações de combate à Covid-19 por parte do Município, que disponibilizou novos leitos com o objetivo de impedir um colapso na saúde. 

Mais de 690 mil pessoas são usuárias do Sistema Único de Saúde em Uberlândia. Em janeiro de 2020, a cidade contava com 12,14 leitos para cada 10 mil habitantes. Já em julho, esse quantitativo passou para 13,06 leitos a cada 10 mil habitantes.

Dos leitos atualmente disponíveis, 46,18% (417) pertencem ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) que, além de receber pacientes da cidade, atende moradores de outros 26 municípios da região Triângulo Norte. Os outros 47,4% (428) pertencem ao Município de Uberlândia e estão distribuídos no Hospital Municipal e no anexo do Hospital Santa Catarina. Por fim, 6,43% (58) dos leitos são de instituições privadas que realizam alguns procedimentos por meio do SUS.  

TAXA DE OCUPAÇÃO
Entretanto, o Painel de Informações Municipais aponta que a taxa de ocupação dos leitos diminui a partir do mês de abril de 2020. Uma das explicações é que a população está deixando de buscar os serviços de saúde e adiando cirurgias e procedimentos para não se expor ao risco de contaminação do coronavírus.

Neste ano, os meses de janeiro, fevereiro e março tiveram taxa de ocupação semelhantes às observadas no mesmo período de 2019. Essas foram, em 2019, 76,3%, 85,5% e 79,8%, respectivamente, e em 2020, foram 75,7%, 85,7% e 79,4%. Contudo, desde o início de abril há uma queda no percentual de utilização dos leitos: 88,2% em abril de 2019 contra 65,5% em 2020 e 88,3% em maio de 2019 e 61,2% em 2020. Nos cinco primeiros meses de 2020 a média de ocupação foi de 72,9%, que é 12,83% menor que a média de 2019, que foi 83,6%.

Como consequência, os custos do SUS também diminuíram no período. Isso representa um alívio ao Sistema, segundo o estudo, mas pode sinalizar um problema de receita aos hospitais privados, uma vez que as taxas de ocupação dos leitos de internação estão abaixo do nível adequado apontado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que seria de 75%. 

Ainda de acordo com o levantamento feito pela UFU, em 2019, o gasto com internações do SUS tinha sido de R$ 39,66 milhões até maio. Já no mesmo período em 2020 foram gastos R$ 37,47 milhões, representando uma queda de 5,52%. 

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