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28/08/2020 às 15h32min - Atualizada em 28/08/2020 às 15h32min

Consumo de alimentos e cuidados com saúde cresce em Uberlândia

Demanda por itens essenciais se tornou maior durante a pandemia; mercado de trabalho demitiu mais pessoas com ensino médio completo

BRUNA MERLIN
A pandemia do novo coronavírus alterou o comportamento de consumo de muitos cidadãos de Uberlândia. Os hábitos alimentícios e os cuidados com a saúde se tornaram mais frequentes na rotina das pessoas, de acordo com os dados do Painel de Informações Municipais 2020 da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Esses grupos foram o que mais registraram aumento nos preços durante os seis primeiros meses deste ano.
 
Segundo o estudo, a trajetória dos preços da economia foi influenciada por um amplo conjunto de fatores, incluindo, nos últimos meses, a atual crise sanitária que demandou diversas medidas. São elas: o fechamento temporário de estabelecimentos e serviços tidos como não essenciais, o isolamento social praticado pela população e a prática de home office por parte dos trabalhadores.
 
Todas essas ações contribuíram para diminuir a movimentação nas cidades e o consumo de alguns bens e serviços considerados não essenciais como turismo, transporte, lazer, entre outros. Portanto, a demanda por itens essenciais, como alimentos e produtos higiênicos, não sofreu contração e pode ter aumentado significativamente.
 
Após a observação da variação mensal do primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, os grupos com maiores ampliações de preços foram “alimentação e bebidas” (2,84%) e “saúde e cuidados pessoais” (1,64%). Por outro lado, as maiores quedas foram em “transporte” (-4,20%) e “vestuário” (-1,31%)


 
 
Alimentação e bebidas
O grupo “alimentação e bebidas” é dividido em dois subgrupos: “alimentação no domicílio” e “alimentação fora do domicílio”. Em 2019, o levantamento mostra que os preços da alimentação fora do domicílio apresentaram, em média, um forte aumento (1,5%) no início do ano, leves quedas em seguida entre fevereiro e março, novos aumentos em abril e maio (1,20% e 0,94%), e um leve aumento (0,29%) em junho.

Em 2020, o subgrupo também apresentou um aumento importante (1,56%) no início do ano e uma leve queda em seguida até o mês de março. Por outro lado, o comportamento no trimestre seguinte foi relativamente diferente, uma vez que o mês de abril foi marcado por forte queda de -1,71% e o mês de junho por um forte aumento de 1,75%. Este comportamento no segundo trimestre de 2020 é relacionado com o isolamento social verificado com mais intensidade em abril e com a flexibilização da reabertura do comércio no mês de junho.



Já a alimentação em domicílio apresentou um aumento de 4,17% entre janeiro e junho de 2019, dividido a uma forte elevação média de preços no primeiro trimestre (5,90%) e uma queda moderada dos preços no trimestre seguinte (-1,63%).

Porém, em 2020, o subgrupo apresentou um aumento menor de preços no primeiro semestre (2,97%), com elevação acumulada maior no segundo trimestre (1,68%) que no primeiro (1,26%). Ainda conforme os indicadores, essa diferença de comportamento entre os anos está relacionada às variações mais moderadas nos primeiros meses do ano e com os aumentos de preços dos alimentos, devido aos efeitos da pandemia, em um período geralmente marcado por quedas de preços.

Saúde e cuidados pessoais
O grupo “saúde e cuidados pessoais” é composto por três subgrupos: produtos farmacêuticos e óticos, serviços de saúde e cuidados pessoais. O Painel de Informações Municipais da UFU mostra que o subgrupo “produtos farmacêuticos e óticos” deteve a maior demanda da população e representa o maior peso na estrutura de ponderação do grupo, compondo 35,75% da variação mensal dos preços, enquanto o subgrupo “serviços de saúde” compõe 32,94% e “cuidados pessoais” é responsável por 31,31%, com base nos valores de junho de 2020.

TRABALHO
Toda a trajetória dos preços e serviços também é afetada pelos diversos postos de trabalhos formais que foram perdidos durante o primeiro semestre de 2020, em razão da pandemia da Covid-19. Segundo os dados do Painel de Informações Municipais através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), somente no mês de abril, Uberlândia fechou mais de 4 mil vagas de emprego. Esse número chegou a 94 mil em todo o estado de Minas Gerais e 900 mil no Brasil.

Além das informações apresentadas pela PNAD-C, o documento apresenta informações do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que registrou o perfil das pessoas que perderam espaço no mercado de trabalho formal desde o início da pandemia. Durante os seis primeiros meses de 2020, com base em todo o país, as mulheres responderam por 49% do saldo negativo, ou seja, do total de postos de trabalho formal destruídos, 49% eram ocupados por mulheres. Em contrapartida, 61% dos postos de trabalho destruídos eram ocupados por homens.

Já em Minas Gerais, as mulheres foram mais prejudicadas e 54% das trabalhadoras formais perderam o emprego. No município de Uberlândia, por sua vez, o percentual de postos de trabalho destruídos representados pelo sexo feminino foi bem menor e chegou em 33%.

Os dados do Novo Caged também mostram que, em termos de faixa etária, os trabalhadores formais mais afetados localizaram-se na faixa de 30 a 39 anos. A segunda faixa etária que registrou pior saldo negativo foi a de trabalhadores com 50 a 64 anos.

Quando o fator escolaridade é analisado, é possível notar que as maiores perdas de vagas foram registradas entre os que possuíam ensino médio completo. Em Uberlândia, foram mais de 3 mil vagas eliminadas. Veja a tabela completa abaixo.




Por fim, em relação aos grupos de ocupação, os trabalhadores de serviços e vendedores do comércio foram os que mais sofreram perdas de vagas entre março e junho, com 3.462 postos de trabalho eliminados. Em seguida, vem os produtores de bens e serviços industriais com 907 vagas eliminadas.

A pesquisa completa do Painel de Informações Municipais 2020 pode ser conferida no 
site da UFU.
 
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