Trabalho remoto, home office, teletrabalho, anywhere office. Seja qual for a expressão, é pouco provável que você ainda não tenha ouvido falar de nenhuma delas. Mas, se ainda não foi apresentado, é bom se acostumar. A pandemia do coronavírus trouxe à tona esse novo modelo de trabalho, que deve se tornar uma tendência, com ou sem isolamento social, e já vem sendo adotado definitivamente por algumas empresas de Uberlândia.
O Diário ouviu empresas da cidade que já sinalizam um direcionamento total para o chamado trabalho remoto. Se antes da crise da Covid-19 essa modalidade ainda era pouco explorada, com a pandemia ela tem sido muito mais do que uma alternativa para manter a economia funcionando, sendo cogitada como um modelo a ser seguido a partir de então.
Essa é a visão do empresário Fabrício Panice, proprietário da Panice Tecnologia, empresa do ramo com sede na cidade. Para o empreendedor, o home office é uma tendência que deve ser cada vez mais adotada pelo mercado. “Antes do coronavírus, acredito que demoraria bastante para esse modelo ser mais utilizado, mas a pandemia acelerou bastante o processo. Hoje, estamos nos reestruturando para atender a demandas neste sentido, pois já notamos o interesse de 20% a 30% dos clientes que tendem a não retornar e manter a empresa funcionando 100% home office”.
Maior qualidade de vida para os colaboradores, redução de custos fixos para a empresa. De acordo com Fabrício Panice, que atualmente possui 30% do quadro de funcionários atuando por meio do teletrabalho, esses são os principais benefícios da modalidade. Foi com esse foco que o empreendedor abriu em dezembro do ano passado uma nova unidade em Ribeirão Preto (SP), com colaboradores totalmente dedicados em home office. No planejamento da empresa, está prevista também a inauguração de outra unidade em Goiânia, com dois funcionários trabalhando remotamente.
O desafio, segundo o empresário, é manter a saúde mental e a motivação da equipe. “Mais do que nunca, temos que acompanhar nossos colaboradores no sentido de apoiá-los, já que a rotina passou a ser outra. Então, nossa equipe já está atuando com ações específicas, como comemoração de aniversário virtual e até happy hour virtual”.
Outra empresa que adotou o home office desde o início da pandemia foi a Sankhya, também da área de tecnologia. Segundo a analista de RH Senior, Ariadney Vivian Ferreira, antes da crise da Covid-19 a modalidade era utilizada apenas pontualmente por alguns colaboradores.
De acordo com a responsável, o objetivo da empresa é manter 15% dos funcionários trabalhando remotamente após a pandemia. “Temos a intenção em permanecer com o home office como uma prática na empresa, mesmo após o final do isolamento social. Ainda não temos definido como será e quais áreas, mas esta será uma prática bem mais comum no futuro”.
GRANDES PLAYERS
Um caminho sem volta também para os grandes players do mercado. Em Uberlândia, a Algar Tech, por exemplo, com atuação no Brasil e no exterior, anunciou nesta semana o home office como definitivo para algumas áreas. De acordo com a empresa, na primeira etapa, o formato inclui os setores administrativo, jurídico, recursos humanos, comunicação, marketing e comercial. A estimativa é de que mais de 600 colaboradores não retornem ao trabalho presencial, mesmo com o fim da pandemia.
A empresa, que conta com 11 mil funcionários, tem atualmente 80% do quadro trabalhando em casa. De acordo com o gerente de soluções e novos negócios da Algar Tech, Aléssio Rodrigues Silva, a decisão considerou aspectos como a redução da necessidade por infraestrutura e também um desejo dos próprios colaboradores.
“Fizemos algumas pesquisas internas para entender a reação e o comportamento desses colaboradores e tivemos um feedback bastante favorável. Cerca de 75% apontaram que gostariam de manter o formato de trabalho após a crise”, afirmou.
ADAPTAÇÕES
Produtividade por entrega e não apenas por jornada de trabalho. Essa é a estratégia que a Algar Tech aponta como carro-chefe na transição para o home office. A mudança, de acordo com o gerente de soluções, teve início com a capacitação dos gestores para atuarem com um novo conceito na cobrança por resultados.
“Desenvolvemos um programa de capacitação para trabalhar o lado comportamental dessas equipes, com rotinas de gestão, formas de gerenciar o time e introdução de um quadro de organização de rotinas, pois o foco deve ser a produtividade do colaborador e não mais a carga horária”, destacou.
No caso das operações de teleatendimento, segundo o gerente, há uma intenção de se manter o modelo home office, mas isso depende de negociações com cada um dos clientes. “Hoje temos empresas que eram mais tradicionais, mas já estão nos procurando para entender essa proposição e como seria”.
Além dos treinamentos, a empresa também disponibilizou 600 cadeiras ergonômicas aos colaboradores que serão mantidos 100% em home office, além de um kit para ajudar no planejamento. Áreas comuns da empresa serão disponibilizadas em forma de rodízio para que, após a pandemia, sejam utilizadas para manter a rotina de encontros presenciais.
A Sankhya também promoveu adaptações para os colaboradores em home office. A empresa disponibilizou equipamentos e alguns móveis para oferecer maior conforto em casa. Segundo a responsável pelo RH, outras ações de saúde e engajamento também foram adotadas. “Para fomentar a conexão dos colaboradores, criamos iniciativas como happy hours virtuais, reuniões de equipe de check in e check out, trazendo toda a equipe para o mesmo propósito. Também trouxemos uma psicóloga para apoiá-los neste momento. Foram ações novas que até então não havíamos experimentado, mas que trouxeram resultados importantes”, afirmou.
Outra mudança realizada na empresa foram as avaliações de performance, que passaram a ser feitas virtualmente.
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