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04/01/2020 às 08h00min - Atualizada em 04/01/2020 às 08h00min

Livro sobre Iron Maiden tem cara de caprichado fanzine

Uma obra feita de fanáticos para fanáticos com a qualidade que a banda impôs ao longo dos anos

THALES DE MENEZES | FOLHAPRESS
Iron Maiden: Dave Murray, Janick Gers, Bruce Dickinson, Steve Harris, Nicko McBrian e Adrian Smith | Foto: Divulgação

O Iron Maiden é mais do que uma banda de rock. É um rito de passagem na adolescência. Em algum momento da vida, entre o fundamental e o ensino médio, o grupo inglês vai ser a trilha sonora da pessoa. É fácil abordar um moleque na rua de cabelo longo, camiseta preta, calça jeans e tênis, e perguntar quais são suas preferidas do Iron Maiden. Ele vai listar várias.

Essa devoção semelhante àquela dos torcedores de times de futebol cria uma cumplicidade entre a banda e fãs, o que proporciona produtos como esse livrão simpático, "2 Minutes to Midnight: Atlas Ilustrado do Iron Maiden" (Ed. Valentina, R$ 189). Na capa do volume, o subtítulo traz uma definição pretensiosa, "O definitivo e mais completo guia sobre a banda".

Quem percorrer as 256 páginas editadas por Martin Popoff dificilmente terá alguma dúvida sobre a trajetória do grupo que chegou aos discos no fim dos anos 1970.

No livro de Popoff, texto e imagem têm pesos equilibrados. As informações, expostas ano a ano, são fartas, em tópicos curtos, e esses verbetes estão espalhados em páginas grandes, inundadas de fotos. Tudo fica com cara de um gigantesco e caprichado fanzine. "2 Minutes to Midnight" é feito por fanáticos e destinado a fanáticos.

A linha do tempo contemplada já traz a descontração que marca todo o volume. A primeira data marcada não é a formação da banda, em dezembro de 1975, ou mesmo o nascimento de seu fundador, o baixista Steve Harris, em março de 1956. O primeiro verbete remete a 2.500 AC! Inscrições nas paredes das pirâmides egípcias desse período falam dos deuses Hórus e Osíris, que serviram de inspiração para que o vocalista Bruce Dickinson escrevesse a letra de "Powerslave", canção de 1984.

Descer a esse nível de detalhe demonstra como a obra espelha a intensidade do culto dos fãs a tudo que cerca o Iron Maiden. O grupo já foi tema de várias e boas biografias, mas esse formato de relato visual agrega mais itens fundamentais para entender a carreira do grupo, porque poucos nomes do rock tiveram tanta preocupação com imagem.

O logo do grupo, imutável desde 1979, foi criado por Harris com inspiração na fonte usada no pôster do filme "O Homem que Caiu na Terra" (1976), com David Bowie. No primeiro álbum, em 1980, a capa já trazia a imagem do "monstro-caveira" Eddie The Head, que se tornou o mascote oficial do grupo. Criado pelo ilustrador inglês Derek Riggs, ele passou a estampar todas as capas de álbuns e singles, além de cartazes de turnês. O livro contempla essa constante mutação visual de Eddie, com dezenas de capas.

O mascote passou a invadir os palcos nas turnês. No início, era um bonecão meio tosco, mas a evolução tecnológica foi tornando as inserções de Eddie nos shows mais atraentes. E os cenários também ficaram mais impactantes, puxados pela temática das letras de Dickinson, um historiador, que engloba desde o Egito antigo e a colonização da América até as Grandes Guerras e viagens espaciais.

Além das mudanças visuais, o livro trata das alterações da formação da banda. Guitarristas entraram, saíram e até voltaram ao grupo, mas para os fãs o destaque é a troca de vocalistas. Nos dois primeiros discos, até 1981, quem cantava era Paul Di'Anno. No terceiro, o consagrador "The Number of the Beast" (1982), Bruce Dickinson assumiu os vocais.

Quando ele deixou o Maiden para carreira solo, o décimo álbum da banda, "The X Factor", de 1995, trouxe o cantor Blaze Bayley, que teve vida dura na função. Criticado demais pelos fãs, Bayley gravou apenas dois discos. Em 2000, Dickinson voltou ao grupo, para o álbum "Brave New World”.

A publicação do livro no Brasil é muito pertinente, porque o Iron Maiden tem uma relação fortíssima com o público do país desde sua primeira vinda, no pioneiro Rock in Rio de 1985. De lá para cá, os brasileiros já assistiram a 40 shows do grupo, os últimos do ano passado, quando o Iron Maiden retornou ao Rock in Rio. Leitores não devem faltar para "2 Minutes to Midnight".








 
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