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17/07/2019 às 15h57min - Atualizada em 17/07/2019 às 17h27min

Odelmo descarta febre amarela em macacos mortos, mas faltam laudos

Prefeito questiona atuação da imprensa de Uberlândia, no entanto, ainda restam resultados de três animais que foram recolhidos na área do Praia Clube

VINÍCIUS LEMOS
Em postagem na sua página do Facebook nesta terça-feira (16), o prefeito Odelmo Leão afirmou que exames apontaram que os macacos encontrados na zona sul de Uberlândia não morreram em decorrência de febre amarela. Entretanto, a apuração do Diário mostra que nem todos os laudos estão prontos, faltando pelo menos três dos 14 animais recolhidos sem vida na cidade desde o dia 22 de maio. 

O total de animais avaliados pela Vigilância Epidemiológica é ligeiramente maior que o informado no último mês em entrevista coletiva convocada pelo Praia Clube e pela Prefeitura de Uberlândia, quando 12 primatas tinham sido achados mortos na mata que cerca os bairros Copacabana e Cidade Jardim, na área do clube. 

O balanço parcial aponta que 10 animais analisados até agora tiveram resultado negativo para febre amarela. Outro cadáver recolhido não tinha condições de avaliação por estar altamente decomposto, faltando ainda o resultado dos exames de outros três macacos. Segundo a reportagem apurou, até mesmo a Secretaria Municipal de Saúde estaria preocupada com a demora dos resultados dos últimos animais, uma vez que a falta de informações repassadas ao Município passa de 20 dias.

 Prefeito informou sobre laudo dos animais na rede social com críticas à atuação da imprensa local | Foto: Reprodução/Facebook

Na publicação em sua página, Odelmo Leão afirmou que “morreram alguns macacos no Praia Clube e, mesmo os laudos apontando que a causa não foi febre amarela, a imprensa fez um alarde”. A informação dos laudos, contudo, não foi fornecida pelo Município até o momento em comunicado oficial. Ao mesmo tempo, o Diário tomou conhecimento de que o balanço parcial já foi entregue pela Secretaria de Estado de Saúde.

A publicação feita pelo prefeito na quarta-feira (16), no entanto, dá a entender que todos os laudos estariam prontos e a febre amarela estaria completamente descartada nestes casos. A reportagem, então, buscou a informação junto ao Estado, por meio da SRS e diretamente na Secretaria de Saúde em Belo Horizonte. Ambas as assessorias informaram que esse tipo de divulgação é feita pela Prefeitura.

“Com relação à sua demanda, orientamos apurá-la junto à assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Uberlândia, já que o município é o responsável por fazer a análise final dos casos em questão e tem acesso aos resultados”, diz a nota da assessoria.

POSIÇÃO OFICIAL
Em nota enviada no final da tarde, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que, após análise molecular e histoquímica de 13 macacos - um dos animais não foi enviado para análise - recolhidos no bosque do Praia Clube, ficou constatado que dez amostras deram negativas para o vírus da febre amarela. Outras três amostras de primatas ainda estão pendentes, aguardando liberação dos resultados, que são de responsabilidade da Secretaria de Estado. Todas as análises foram realizadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório responsável pelo procedimento. Em relação às 10 amostras negativas, quatro animais foram diagnosticados com infecção por herpes humana.  

Os animais foram recolhidos entre os dias 20 de maio e 7 de junho. A Prefeitura ressaltou que o trabalho de prevenção à febre amarela é constante, com monitoramento realizado o ano todo pela Vigilância Epidemiológica da cidade e a disponibilização da vacina durante o ano todo. Atualmente, o município de Uberlândia tem 95% de cobertura da Febre Amarela e a vacina – única forma de proteção contra a doença – está disponível gratuitamente em todas as unidades de saúde. 

 

Por meio da assessoria de comunicação, o Praia Clube informou que cobrou os resultados e que na sexta-feira (19) vai reunir a diretoria para discutir o assunto.

REDE SOCIAL
Na mesma postagem, o prefeito Odelmo Leão fez críticas à imprensa da cidade ao dizer que ela faz sensacionalismo em reportagens sobre o assunto dos macacos mortos e sobre uma suposta omissão no acompanhamento a respeito da instalação de uma fábrica de celulose em municípios vizinhos a Uberlândia.

“O que eu gostaria muito de saber, é onde está a imprensa de Uberlândia, que não corre atrás de informações sobre a fábrica de celulose que está querendo montar uma operação aqui na região e jogar os dejetos na represa de Capim Branco, que irá em breve abastecer a cidade. Dois pesos e duas medidas? Enquanto vocês tentam fazer sensacionalismo, eu sigo trabalhando pelo nosso povo”, disse na postagem em sua página de rede social.

O assunto da fábrica foi levantado pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e toda a imprensa da cidade foi convocada para uma entrevista coletiva no final de abril, quando a autarquia questionou a viabilidade ambiental da instalação da indústria nas proximidades do rio Araguari.

Assim como mostrou a reportagem publicada pelo Diário no dia 29 daquele mês, a empresa de celulose derramaria rejeitos que poderiam contaminar a água no ponto de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Capim Branco em Uberlândia. O despejo dos efluentes aconteceria a cerca de oito quilômetros acima do ponto de captação.

 
Fábrica ficará nas imediações do Rio Araguari com capacidade de produzir 450 mil toneladas de celulose solúvel por ano | Foto: Vinícius Lemos

No dia 12 de junho, o Diário voltou a acompanhar o assunto em outra entrevista coletiva, dessa vez na cidade de Araguari, em que prefeituras de três dos cinco municípios que vão receber a fábrica apresentaram suas considerações sobre o assunto. Na ocasião, após os questionamentos do Dmae, foi apresentada uma alternativa para o caso, com o despejo dos efluentes acontecendo a montante da indústria, no Rio Araguari, cerca de 13 quilômetros acima do ponto de captação da estação que vai abastecer Uberlândia.

Procurado pelo Diário de Uberlândia, em junho, para obter mais informações e abrir a possibilidade de confronto da alternativa repassada em Araguari, o Dmae afirmou que não se manifestaria e que o assunto estava sendo tratado pela Promotoria de Meio Ambiente. À época, a promotoria informou à reportagem que ainda estudava o caso, já tinha ouvido a empresa e o departamento de água de Uberlândia e que buscava informações de terceiros que poderia ajudar na elaboração de juízo sobre a questão.
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