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28/06/2019 às 08h05min - Atualizada em 28/06/2019 às 08h05min

Sim, nós temos e fazemos rock and roll

"Guitar days” traz à tona bandas de rock brasileiras que cantam em inglês em registro honesto e necessário

ADREANA OLIVEIRA
Lava Divers, com integrantes de Uberlândia e Araguari, está entre as bandas entrevistadas para o documentário que já tem premiação internacional | Foto: Divulgação
Demorou um pouco, mas finalmente, o rock underground brasileiro ganha um registro à sua altura no documentário “Guitar Days – An Unlikely Story of Brazilian Music” (Brasil, 2018, 86 min), escrito, produzido e dirigido por Caio Augusto Braga e já exibido na Europa, Ásia, Estados Unidos e premiado na Espanha como melhor documentário e melhor direção em setembro passado. O longa destaca as “guítar” bands brasileiras que cantam em inglês e tudo que envolve esse processo e terá exibição única na noite desta sexta-feira (28), na sala Roberto Resende, na Oficina Cultural, em Uberlândia, com entrada franca.

Para os mineiros, além de destaque para festivais como o BH Rock Independente Fest, que rolou em 1993, o bar A Obra, de Belo Horizonte, tem ainda representante de Uberlândia e Araguari por meio da Lava Divers. Os integrantes, inclusive, participam de um bate papo com o público hoje após a exibição.

“Conseguir trazer esse documentário para Uberlândia é motivo de muito orgulho pra gente”, disse Glauco Ribeiro, baixista da banda, que em breve anunciará novidades.

A banda aparece no mesmo documentário ao lado de ídolos como Thurston Moore, do Sonic Youth. O diretor aborda de forma honesta e necessária esse tema que carecia, há muito tempo, de algo à altura de todos os atores envolvidos. Estão ali Pin Ups, Second Come, Killing Chainsaw, Mickey Junkies e PELVs, Kid Vinil e Carlos Miranda (a quem o longa é dedicado), e além de Moore, Mark Gardener (Ride), Stephen Lawrie (The Telescopes) e o jornalista jornalista que cunhou o termo “grunge”, Everett True.

Pelos depoimentos de músicos, jornalistas, produtores e promotores fica claro que, mesmo que não leve à uma vida confortável e rica, quem opta por esse caminho é movido por algo que arrebata corações e mentes.

Braga está na Espanha, mas conversou ontem com a reportagem do Diário. O diretor contou que documentário foi viabilizado através dos seus próprios recursos. Ele tentou o crowdfunding, que cobriria parte dos gastos, mas acabou não vingando. A ideia surgiu em maio de 2015, quando Braga começou a entrevistar alguns músicos que estavam envolvidos com a cena independente paulista e tentavam realizar shows em espaços públicos.

“A intenção inicial era retratar, em um curta-metragem, a dificuldade do grupo em lidar com o poder público com a única intenção de fomentar a cultura na cidade. Nesse momento, havia percebido que algo maior ainda não havia sido registrado, que é a própria história das bandas que pavimentaram o indie rock nacional. Abri o leque, fui buscar esses personagens por todo país e aí já sabia que o filme deveria ser um longa”, explicou.

Satisfeito com a repercussão do documentário até agora, no Brasil e no exterior, com o público lotando as salas de exibição, Braga, que também é baterista, sente que os elogios são sinceros porque é parte do DNA dessa cena não fazer média com ninguém.

O Diário teve acesso ao documentário e recomenda uma verdadeira aula de história sobre o indie rock made in Brasil. O material humano, e claro, imagens e trilha sonora, fazem valer a pena reservar um tempinho hoje para conferir a exibição em Uberlândia (alerta de spoiler), tem cartaz de festival nosso lá, além do Lava. “Guitar Days” é o meu primeiro longa de Braga que neste momento tem um curta de ficção que está no circuito de festivais. “Já foi selecionado para oito festivais, sendo três na Itália. Uma curiosidade, o curta é em italiano, mas eu não falo o idioma. O "Tre Volte" (Três Vezes) também tem na sua trilha, músicas de Wry e do Lava Divers”, finalizou.
 
SERVIÇO

O QUE: Exibição do documentário “Guitar Days - An Unlikely Story of Brazilian Music”, de Caio Augusto Braga
QUANDO: sexta-feira (28), às 19h30
LOCAL: Oficina Cultural (Praça Clarimundo Carneiro, 204, Fundinho)
ENTRADA FRANCA
CLASSIFICAÇÃO: livre
INFORMAÇÕES: 3231-8608

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