Tudo sobre o universo tecnológico sob a ótica do mestre em TIC e especialista em segurança da informação, Mário Peixoto
Lançar produtos ou serviços sem padrão, de forma direta, objetiva, como uma máquina de produção em larga escala. Subestimando a importância de respeitar o tempo devido para a fase de planejamento, elaboração do “blueprint” e todos testes necessários. Com a máxima de que entregar a qualquer custo é o que importa. Não é à toa que existem: NBR, ISO, IEC, RFC, dentre outros e claro, frameworks.
E aqui entra, como não poderia deixar de mencionar, a tão famosa qualidade.Nem pense entrar no mercado sem isso. É.... virou commodities. Talvez por isso que seus “irmãos”, custo e tempo devem andar tão juntos com ela.
Já ouvi muita gente dizer que “na teoria a prática é outra”. Talvez seja por isso que cada vez mais estamos vendo prédios caindo, viadutos desabando, pessoas com sequelas imediatas após cirurgias (em vez de melhorar ou estabilizar, piora-se o quadro), número de recalls cada vez maiores e claro, bugs e mais bugs em sistemas de informação.
Ficar vivendo dos campeões de apagadores de incêndio é analogamente plantar minas de bombas subterrâneas,em que, pisou explodiu. E o que é pior: perdendo o autocontrole total de saber onde e como foram instaladas. Não se tem a noção e dimensão do que se criou, sem saber como desarmar, ou literalmente fazer uma engenharia reversa daquilo que se tem no território/ambiente. E ainda integrado. Socorro !
O que percebe-se em algumas experiências que tive com alguns profissionais da área de tecnologia (e isso pelo visto acontece em outras também) é a total desarmonia, sem a sinergia que deveria haver. O que é pior: Entre diferentes áreas mas do mesmo segmento. Como ocorre no campo eletromagnético (o ambiente) com os imãs(áreas) que se atraem devido ao eletromagnetismo presente neles serem diferentes fazendo assim que os dois imãs se juntem (“sinergia”) ou por serem dois lados iguais as forças eletromagnéticas acabam indo para cima e para baixo fazendo com que os dois imãs não se juntem de maneira nenhuma (ausência da sinergia, harmonia, união). Exemplo? Dentro do segmento Tecnologia, existem as áreas de Infraestrutura e outra de Desenvolvimento que não se conversam da melhor maneira (não somente na hora de colocar algo pra funcionar pra valer). Ou para com a área de Suporte , Segurança. Resultado? O imediatismo reflete no castelo de areia construído, ou seja:
Maior dependência do terceiro ou fornecedor,
Soluções paliativas que transformam em definitivas,
Descontinuidade de projetos no meio do caminho,
Inexistência ou não consolidação do uso efetivo de processos mapeados,
Ausência de documentação atualizada, sem gestão do conhecimento,
Mascaramento de resultados, sem o mínimo de governança.
O modelo americano, alemão, japonês, que exigem criteriosos “scripts” a serem seguidos religiosamente, registros efetivos, análises e experiências massivamente pré-definidos, testes rigorosamente executados, planos de ação bem alinhados entre todos envolvidos, divisão coerente de atividades por demanda e complexidade, fracionando entre os recursos sem carga desumana para entrega e sobretudo desenvolvendo Planos de Retenção das pessoas na organização.
Institutos de Estudo Avançado, bem como P&D, são cada vez mais importantes para a formação sólida de novas etapas científicas e inovação para as empresas e claro o país. Não devemos, claro, perder nossa essência de improvisos e criatividade. Mas também não podemos fechar os olhos para modelos de grandes potências que exercem a entrega de produtos e serviços com excelência e qualidade, sendo líderes mundiais em grande parte de seus segmentos. Não é por acaso, que perdemos a cada ano, inúmeros profissionais brasileiros para o mercado estrangeiro. Ou simplesmente, saindo de nossas empresas genuinamente brasileiras para multinacionais aqui dentro mesmo do país.
O trabalho de reter talentos, investir em conhecimento, desenvolver internamente áreas de Pesquisa e Desenvolvimento, não subestimar as fases de planejamento considerando as melhores práticas na gestão de entrega de produtos e serviços, bem como trocar o medo e a insegurança por alianças que estão literalmente no mesmo barco, se tornam fundamentais para que se consiga produzir mais e melhor.
