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29/06/2023 às 08h00min - Atualizada em 29/06/2023 às 08h00min

Tecnologia contra a solidão e isolamento social

UNIVERSOTEC, por Mário Peixoto

UNIVERSOTEC, por Mário Peixoto

Tudo sobre o universo tecnológico sob a ótica do mestre em TIC e especialista em segurança da informação, Mário Peixoto

MÁRIO PEIXOTO

Podemos talvez traçar um divisor de águas:  antes e depois da internet. Alguns mais jovens certamente não conseguirão pois depois que nasceram já existia a tal internet. Pois bem, o fato é que o tempo parecia passar mais lento, devagar, calmo demais, às vezes até intrigantemente moroso, chato pelo dia não terminar, onde reclamávamos que o tempo parece não passar. Agora, pedimos mais tempo.

Parece faltar tempo e estar online nos fez mais ocupados ou pelo menos conseguimos arrumar mais coisas para fazer, ficar entretidos, mesmo de forma improdutiva, mas que ao final do dia dizemos: “poxa, não fiz nada hoje que precisava fazer”. Claro que aí junta também questões de gestão de prioridades.

A tela do computador na verdade virou nosso “divãn”. Nossa sessão de bate papo, de psicanálise, de risos, choros, pensamentos, ideias, interação virtual, artificial, sistêmica, robótica, computacional. Com cores, imagens e sons. Porém ainda um monólogo, em que despejamos informações, produzimos, lançamos, enviamos e a tecnologia por meio de sua carcaça transmite, comunica para alguém ou alguma coisa em dado lugar do espaço e do tempo. 

No entanto, vamos esquecendo que o mais importante ainda é o presente que vivemos e deixamos de lado, pois ficamos no automático deste divã virtual e quando se viu, passou 10 minutos, 10 meses, 10 anos que não voltam mais, seja por tecnologia que for. Apenas lembranças que poderiam ter sido gravadas, mas mesmo assim havíamos esquecido de usar a tecnologia para tirar fotos, filmar. E mesmo fazendo isso, deixamos se perder no meio desta nuvem infinita de dados, desta big data. Temos assim muita informação, mas com pouca qualidade ao ponto de nem nos fazer presentes, ficando assim isolados socialmente e numa solidão de tanto trabalho com tanta tecnologia em nossa volta. 

Estranho dizer que em meio a tanta tecnologia ainda temos tanta solidão, não é mesmo?

Em meio a tantas redes sociais, ainda temos tanto isolamento social, não é?

Que paradoxo louco é esse que vivemos de dizer que fizemos tão pouco, que o tempo não é mais suficiente, mas que ao final não ponderamos que o importante não foi ser produtivo em meio a tanta tecnologia, mas concluir que não estivemos realmente presentes na vida real, porque ficamos preocupados somente com o virtual, o tecnológico para produzir mais, ganhar mais dinheiro ou status. Por isso que a superficialidade ganhou força e com isso trouxe toda esta solidão e isolamento social e nova patologias psicológicas.

O pior de tudo é que as mudanças bioquímicas da solidão podem acelerar a propagação do câncer, doenças cardíacas e Alzheimer ou simplesmente drenar a vontade de continuar mesmo daquele com mais vitalidade dentre nós. O fato é que quem espera que a vida seja feita de ilusão, pode até ficar maluco ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado para mais tarde não sofrer. É preciso saber viver, como já dizia a letra dos Titãs.

A geração millennial é apontada como uma das mais afetadas pela chamada epidemia da solidão, em todo o mundo. Só nos Estados Unidos, 46% da população diz se sentir isolada, sozinha ou “deixada para trás”, como indicam as pesquisas. Nesse contexto, existe um aplicativo de conexão, seguro e com conceito female first,  para nos guiar pela maneira moderna de criar relações – amorosas, mas também de trabalho e de amizade. Chamada Bumble, a novidade já conta com 80 milhões de usuários, em mais de 150 países. A rede ganhou versão voltada também para network profissional, a Bumble Bizz, e “friendship finding”, a Bumble BFF, em que você se conecta com quem busca por novos amigos.

Existe ainda, poder fazer desabafos online pelo app Ombro Amigo. Veja em: https://ombro-amigo.br.aptoide.com/app .  Além do Sarahah, que é um serviço, disponível para baixar em celular Android e iPhone (iOS), além da versão online, permite que usuários te enviem dicas e feedbacks sobre comportamentos, trabalhos ou atitudes, mas sem identificação. Assim, é possível usar as críticas (positivas ou negativas) do aplicativo como forma de melhorar sua personalidade ou jeito de se relacionar com as pessoas. 

Não há dúvidas também que a tecnologia pode ter um outro viés que é justamente ajudar a combater tudo isso. Houve resultados positivos (63,6%) sobre o uso de mídias sociais para minimizar a percepção de solidão e/ou o isolamento social dos idosos. Conclusão: as evidências científicas demonstraram que o uso de mídias sociais digitais pode reduzir a percepção de solidão e/ou o isolamento em idosos.

Outro exemplo é o aplicativo Mobile Age financiado pela UE, que oferece acesso a idosos que vivem em áreas rurais com informações retiradas de dados governados de código aberto não apenas sobre eventos que estão em sua região, mas também sobre como eles podem chegar e voltar com segurança, com todas as suas necessidades atendidas.

Tem até teste de solidão espalhado por ai na internet, acredita? Com base no trabalho do Dr. Davis Tharayil, Ph.D., este teste determinará seu nível de solidão. Você é solitário? Para cada uma das seguintes afirmações, indique seu nível de concordância. Acesse: https://www.idrlabs.com/pt/solidao/teste.php 

Enfim, é possível conviver com tecnologia sem estar e sobretudo sentir-se sozinho. Fazê-la como uma aliada contra a solidão e isolamento social.
 

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.​






 

 

 
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