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23/03/2023 às 08h00min - Atualizada em 23/03/2023 às 08h00min

Quem não é lembrado, não é visto

UNIVERSOTEC, por Mário Peixoto

UNIVERSOTEC, por Mário Peixoto

Tudo sobre o universo tecnológico sob a ótica do mestre em TIC e especialista em segurança da informação, Mário Peixoto

MÁRIO PEIXOTO

A necessidade de se fazer presente, estar presente, ser notado, certamente é algo diferente nos tempos atuais, sobretudo depois do surgimento da internet em nossas vidas. Os meios de comunicação eram mais limitados, porém suficientes para a época: rádio, televisão e jornal. Poxa vida.... Como a inovação tecnológica trouxe mudanças significativas: celular, redes sociais, grupos de instant messengers e demais gadgets.

Talvez não paramos para pensar o tão binário que somos hoje. A “evolução” da sociedade parece ter nos conduzido ao extremismo; ou seja, ou você está offline ou online. Meus Deus! Será então que antigamente quem não ouvia rádio, não assistia televisão ou lia jornal estava off-line? Ou quem não era o entrevistado da rádio, o apresentador na televisão ou não estando fazendo parte da capa do jornal ou assunto interno nele, não seriam os “importantes seres on-line”?

Analogias à parte, estar off-line então hoje seria o mesmo que não se fazer presente? Não estar presente? Não ser notado? A impressão que se dá é que muita coisa não apenas mudou de fato. É algo além: se inverteu. Pierre-Simon Laplace talvez entraria em “bug” nos dias de hoje, tentando entender alguns paradoxos de que , “dormir menos é ser mais produtivo”, ou “ser workaholic é obrigação”, “tirar férias parece ser pecado” e então levando para a grande modinha do metaverso que contracena ao bom e velho mundo virtual, não estar inserido nas redes sociais e nos grupos de instant messengers, ou não possuir um site hospedado, ou não ter um blog, ou não estar cadastrado nas principais newsletter e RSS de notícia, ou não dar palpites e participações de comentários neste mundo virtual parece ser pecado mortal, pois você estaria literalmente offline.

Levando a um contraponto de tudo que foi elucidado e considerando as inúmeras ameaças que temos hoje em nosso meio virtual, estar um pouco off-line parece ser um bom negócio. Não para suas vaidades, mas perante o seu sossego. 

Sim... se é para gerar mudanças, pelo menos “inverter” um pouco a dinâmica do que temos hoje pode ser uma solução para conter a devasta e massiva perda de privacidade e descontrole sobre os vazamentos de dados. Tentar ao menos mitigar os riscos, podemos dizer assim. Veja por exemplo os grandes noticiários recentes que têm chegado: 

       

Você me pergunta: “Então você está me dizendo que é para deixar de usar os recursos que envolvem redes sociais, grupos de instant messengers, não ter site ou blog, não me cadastrar nas newsletter ou dar palpites e participações de comentários?

Não, não. Larga de ser binário, extremista, radical. Se já existe a famosa “arte da prudência” na vida real, imagina na virtual? E como estes dois lados (virtual e real) estão cada vez mais próximos, vamos dizer assim, porque não entender esta “inversão” como algo transformador, positivo e seguro para você? Além disso, cabe também a reflexão sobre se alguém que realmente gosta de você lhe esqueceria por conta da sua ausência virtual?

É importante lembrar que quanto mais aparecer, mais será colocado como prioridade para pessoas (não somente as que lhe querem bem), mas sobretudo para oportunistas, golpistas, fraudadores, crackers e hackers mal intencionados.

O equilíbrio é a palavra chave para tudo isso. Com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) atualmente por exemplo, pode-se utilizar do chamado “direito do esquecimento”; ou seja, o direito de ser esquecido, na LGPD, é o direito que o titular de dados tem de solicitar, a qualquer momento, a eliminação das suas informações pessoais da base de dados de uma empresa ou organização (agentes de tratamento). 

Todavia, você pode e deve também fazer seu “dever de casa” e por exemplo, remover seu cadastro em redes sociais que você não utiliza com frequência mais, ou que nada lhe agrega. Sair também das assinaturas de e-mails, newsletter’ s, RSS, que não lhe interessa mais no momento. (famoso subscript). Existem também os grupos de discussão que você está inserido e não mais utiliza ou deixou de fazer sentido para você. Outro recurso interessante, uma vez que praticamente todo mundo faz consultas no Google é fazer o teste de buscar seu nome completo e ver os resultados. Pode ser que alguns você não gostaria que estivessem disponíveis para qualquer um ter acesso. Desta forma existe o “Formulário de solicitação de remoção de dados pessoais”, para que possa pedir a remoção de resultados específicos para consultas da Pesquisa Google que incluem seu nome. Outro recurso interessante é o “Have I Been Pwned?”, que se mostra capaz de determinar se o seu endereço de e-mail se tornou vulnerável de alguma forma.

Enfim, você pode iniciar desde já o saneamento / higienização de conteúdos que facilitam trazer informações sobre você. Buscando assim diminuir as possibilidades que tais oportunistas, golpistas, fraudadores, crackers e hackers mal intencionados possam ter acesso sem muito esforço e lhe prejudicar de alguma forma, causando transtornos e tirando um pouco do seu sossego.

Afinal: Quem não é visto, não é lembrado. Ou quem não é lembrado, não é visto?  ;)

 
*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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