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19/08/2020 às 17h09min - Atualizada em 19/08/2020 às 17h09min

A ignorância cria problemas que o saber resolve

LOGOSOFIA
Do conjunto de observações logosóficas que se realizam no curso do tempo, durante o desempenho das atividades com que cada um preenche os espaços do dia, deve ser destacada, pela importância que tem, uma situação ou circunstância vivida por um pequeno número de pessoas, sem pagar o preço que é devido. É o que se refere aos projetos ou decisões.

Conhecidas são as dificuldades em que cada indivíduo tropeça para encaminhar seus propósitos ou decidir e resolver suas situações. É comum que os pensamentos ocupados na solução de problemas percam sua força diante dos que acentuam o ceticismo e promovem um pronunciado pessimismo no ânimo. Nada debilita mais a vontade e tolhe a iniciativa do espírito do que essa circunstância. É a consequência do desconhecimento dos valores do pensamento e da razão ou motivo que desvia a direção daquilo que se quis ou se tentou empreender.

Ninguém explica a si mesmo por que tantos fracassam, já que para tais fracassos não existem, aparentemente, causas justificadas. Tampouco se explica o que motiva o aparecimento de tantos receios, quando se pensa em realizar algo que não consta da relação das atividades correntes ou, para melhor dizermos, que não depende destas, mas sim de alguma circunstância eventual, e às vezes quase que exclusivamente da perícia com que seja cumprida a nova atividade que o interessado se tenha proposto desenvolver.

A Logosofia define este fato como uma das tantas sombras que obscurecem a inteligência humana, e que é necessário dissipar para clarear o entendimento e encontrar a chave que haverá de resolver o problema.

É muito fácil, para esta ciência da observação e do conhecimento, descobrir essa chave que, quase sem ser percebida, se manifesta num sem-número de casos e oportunidades. Vamos deixá-la, porém, ali onde ninguém a percebe e situá-la onde cada um possa dispor dela à vontade.

Que é o que induz os seres a buscar alimento, roupas, e a proteger-se contra os rigores do tempo, e ainda defender-se contra os riscos da luta diária?

É a necessidade, que oprime o espírito e reclama para a vida o que é necessário para sua manutenção; a necessidade, que exalta o pensamento do homem, incitando-o à ação, ao trabalho. E tão poderoso é esse pensamento, quando adquire força, que de imediato vigoriza a vontade e alivia os incômodos do cansaço. O pensamento, debilitado assim pela sugestão interna, é o que anima a vida incerta e lhe dá esperança.

“Se tendes fé mudareis de lugar as montanhas”, disse o Grande Essênio, e não pode haver maior fé do que aquela que se baseia no conhecimento das leis e no que cada coisa significa para a inteligência humana. As dificuldades e os obstáculos costumam aparecer como montanhas inacessíveis. Quem tenha fé baseada no conhecimento poderá mover essas montanhas ou colossos sinistros que sempre ameaçam desmoronar sobre a vida e sepultá-la na escuridão da insipiência. O conselho que surge deste ensinamento é, portanto, que ninguém deve se deixar abater pela desesperança. E se a pessoa ainda não soube cumprir os propósitos que um dia impôs a si mesma, pela carência de recursos internos que estimulem sua vontade, ainda está em tempo de fazê-lo, ordenando a atividade dos pensamentos dentro de sua mente, a fim de conhecer a qual deles precisará exaltar para o cumprimento do propósito concebido. Se esse propósito, por exemplo, é motivado pelo anelo de aprender um idioma, deve exaltá-lo, isto é, enchê-lo de força, dando-lhe especial atenção, para facilitar o trabalho de vinculação ao idioma que deseja aprender, de forma que o impulso inicial não se debilite em nenhum momento.

O entusiasmo e a confiança na própria capacidade costumam ser os melhores elementos para propiciar a exaltação do pensamento a que se queira dar, circunstancial ou temporariamente, o privilégio de uma atuação mais intensa que a de outros que ocupam a mente. O homem cumpridor deve cuidar de manter, sem deixar esmorecer, o pensamento que anima sua disposição para o trabalho; o pesquisador deve exaltar seus pensamentos em direção à investigação e ao estudo da ciência que se tenha proposto cultivar; e assim sucessivamente.

São numerosos os pensamentos que podem animar a pessoa a realizar muitas coisas, pequenas ou grandes, durante sua vida. Tudo consiste em não retirar dos pensamentos construtivos sua força inicial e seus alvos, tratando-se mais propriamente de aumentá-los, a fim de alcançar com êxito aquele objetivo que, estando a princípio distante das possibilidades, se aproxima com o esforço e se conquista com grande satisfação para o espírito.

Caberia ressaltar que ninguém poderá duvidar desta realidade, se voltar os olhos para aqueles que, para fins contrários ao bem e à moral, exaltam seus pensamentos sem perceber, pois o fazem fora de todo controle, levados pelo ímpeto da paixão. Então os vemos entregues ao jogo, à bebida e a muitos outros vícios, conduzidos por esses pensamentos, como entes que perderam o juízo e todo o domínio sobre si mesmos.

Eis, portanto, o grande ensinamento que surge, ao ficar claro que se pode exaltar determinado pensamento, mas com pleno controle e domínio sobre ele, a fim de alcançar, no caminho do bem, os objetivos ou ideais cuja realização se almejou.
 
Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 3 páginas 155 a 157




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