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10/05/2018 às 13h43min - Atualizada em 10/05/2018 às 13h43min

Entenda a guerra entre as Coreias

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA
 
Nos últimos meses, as crescentes tensões e atritos entre o presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte têm tomado conta dos noticiários do mundo inteiro. As posturas afrontosas de Donald Trump e Kim Jong-un tomaram proporções gigantescas, preocupando os líderes das principais nações do mundo – e com razão. Não se trata de uma simples troca de farpas, mas sim da iminência de um conflito entre duas das maiores potências bélicas do globo. E, para além disso, trata-se de mais um reflexo da eterna polarização entre os regimes socialista e capitalista e a disputa pela hegemonia cultural e econômica da Ásia.

Mas, afinal, de onde surgiu esse conflito que, num piscar de olhos, dominou toda a agenda pública nos últimos meses e tem tirado o sono de todos aqueles que prezam pelo equilíbrio e pela paz? A história é mais antiga e complexa do que aparenta, e envolve países como a Coreia do Sul, o Japão, a China e até mesmo a Rússia. Vamos fazer um resumido passeio pela História: A Coreia foi domínio japonês entre 1910 e o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Em 1948, como resultado do início da Guerra Fria, a Coreia foi dividida em duas regiões (Coreia do Norte, socialista, e Coreia do Sul, capitalista), com governos separados – ambos clamando legitimidade sobre o governo e os territórios coreanos. O conflito se desenvolveu e adquiriu o status de guerra quando os norte-coreanos, armados pelos soviéticos e chineses, invadiram a Coreia do Sul, em junho de 1950.

Por pressão da Organização das Nações Unidas (ONU), que invalidou a legalidade da invasão norte-coreana aos territórios sulistas, em 1953 houve um cessar-fogo entre as duas Coreias. As tensões entre os dois países, contudo, não chegaram ao fim: nos anos seguintes, o mundo observava a Coreia do Sul se desenvolver cada vez mais, se destacando como uma potência econômica do mais alto calibre. Já a Coreia do Norte se tornou uma incógnita, se fechando cada vez mais em seu regime ditatorial. Relatos de refugiados do país – que buscam asilo político em países como a Coreia do Sul e o Japão – denunciam violações aos direitos e à dignidade humana e investimento pesado em arsenais bélicos, principalmente de natureza nuclear.

No último mês de abril, em meio às trocas de farpa entre EUA e Coreia do Norte, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-Um, realizaram uma reunião histórica, onde firmaram uma promessa (já houve outras promessas anteriormente, as quais não foram cumpridas), de retirarem todas as armas nucleares da Península Coreana e assinarem, até o fim deste ano, um tratado oficial de paz – medidas que trariam um fim definitivo à Guerra das Coreias.

Apesar do clima pacífico e dialógico promovido pela cúpula das duas Coreias, as tensões entre Kim Jong-Un e Donald Trump parecem estar longe de chegarem ao fim. O mundo aguarda ansiosamente o encontro histórico entre os dois líderes, e o governo norte-coreano já adotou uma postura de retaguarda em relação aos americanos: “Não será propício abordar a questão se confundirem a intenção pacífica da Coreia do Norte como um sinal de fraqueza”, declarou um representante do regime.

Em tempos de crise econômica e em meio à iminência de uma guerra nuclear entre as maiores potências bélicas do mundo, precisamos exigir de nossos líderes o pensamento estratégico. Diante deste cenário caótico e dos níveis cada vez mais altos de globalização, fica o questionamento: os últimos acontecimentos realmente surtirão o efeito esperado pelo mundo, ou os norte-coreanos, mais uma vez, frustrarão as expectativas de paz e equilíbrio? Por que impor tanto medo e sacrifício a um povo pela simples razão de perpetuar um regime que já se mostrou frustrado e sem premissas que justifiquem sua adoção? Até quando a insensatez triunfará sobre os direitos humanos? Chega a hora de adotar uma postura mais maleável e dialógica. Ambos os lados devem ceder, dando espaço ao entendimento e à conquista de uma paz duradoura, onde quem mais se beneficia é a sociedade.
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