As ocorrências em que motoristas de aplicativos foram vítimas aumentaram 28,7% em Uberlândia no primeiro semestre de 2024. Segundo dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp MG), de janeiro a junho, a cidade registrou 112 casos, sendo uma média de 18 ocorrências por mês.
Ainda de acordo com o levantamento, no primeiro semestre de 2023, houve 87 registros de crimes envolvendo motoristas de aplicativos. Em todo o ano passado, foram computados 205 casos. Já em em 2022, o município contabilizou 154 ocorrências do tipo.
Em entrevista ao Diário, o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu, explicou que os casos vão desde xingamentos e atritos verbais no trânsito até crimes contra o patrimônio, como furtos e roubos. “O aumento está no contexto de crescimento da criminalidade no Brasil inteiro. Em Minas Gerais, tivemos um salto significativo da criminalidade”.
Em âmbito estadual, a alta no número de crimes contra motoristas de aplicativos também foi notada. Em 2022, foram registrados 3.111 casos no estado, enquanto em 2023 o número saltou para 4.177. Nos primeiros cinco meses de 2023, houve 1.656 ocorrências, subindo para 1.889 no mesmo período de 2024.
O delegado-chefe esclareceu que sempre que ocorre um crime, a Polícia Civil precisa instaurar um inquérito para identificar o autor, determinar se houve ou não grave ameaça, compreender como o crime ocorreu e investigar a motivação por trás da ação.
PERIGO CONSTANTE
Luiz Cláudio Andrade, de 44 anos, é motorista de aplicativo há sete anos e relatou as dificuldades enfrentadas no trabalho diário. “Perigo tem todo dia, assalto aumentou, passageiro ignorante tratando a gente como bicho. Nos últimos tempos, a insegurança está grande. Eu, que trabalho de madrugada, estou deixando de trabalhar nesse horário, em alguns bairros não vou mais”.
O profissional comentou que as plataformas também não dão o respaldo necessário em casos de irregularidades. “Os aplicativos não ajudam, não dão segurança nenhuma para a gente, sem respaldo. Já sofri até tentativa de assalto, quando vi que o cara não tinha arma, peguei de briga com ele dentro do carro. Mas quem trabalha à noite é guerreiro, porque tem diversas situações como essa”, lembra.
Em janeiro deste ano, o Diário noticiou o caso de um motorista de aplicativo que foi assassinado a tiros por um feirante, na avenida Monsenhor Eduardo, em Uberlândia. O homicídio ocorreu após uma discussão de trânsito. Imagens de uma câmera de videomonitoramento mostraram o momento em que a vítima parou o carro na avenida para desembarcar um passageiro, o que gerou irritação no feirante, que sacou uma arma e atirou contra o motorista.
A vítima, de 43 anos, foi atingida no abdômen e, já caída no chão, foi baleada mais duas vezes. O autor dos disparos fugiu e, sete meses após o crime, ainda segue foragido.
Em junho, outro motorista de aplicativo foi assaltado durante uma corrida no bairro Residencial Integração, em Uberlândia. A vítima, de 35 anos, teve o carro e o celular levados por dois autores.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima aceitou uma corrida na região do bairro Saraiva com destino à avenida Solidariedade, no Residencial Integração. Ao se aproximar do destino, os suspeitos anunciaram o assalto com uma faca, fugindo com o carro e deixando a vítima na rua. A Polícia Militar rastreou o celular até o bairro Morumbi, mas os autores e o carro não foram encontrados.
Em outro caso, dois homens foram presos na tarde de 31 de julho, suspeitos de roubar um motorista de aplicativo e uma pedestre na cidade. O caso ocorreu na avenida Ubirajara Zacharias, no bairro Novo Mundo. Segundo a Polícia Militar, o motorista, de 35 anos, estava esperando uma corrida quando foi surpreendido por quatro autores em um carro. Com uma arma de fogo, o grupo rendeu a vítima e levou o carro.
Durante a fuga, os autores também assaltaram uma pedestre de 67 anos, que teve a bolsa roubada. A Polícia Militar rastreou o carro até o bairro Morumbi, onde abordaram e prenderam dois suspeitos reconhecidos pela vítima.
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