29/07/2024 às 18h39min - Atualizada em 29/07/2024 às 18h39min

Uberlândia ultrapassa 100 dias sem chuva

Segundo climatologista, clima seco deve continuar por pelo menos mais um mês

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

Período de seca começou cedo em 2024, aponta especialista | Foto: Mateus Zerbini/Arquivo Diário

Uberlândia está há mais de 100 dias sem chuvas significativas. Neste ano, a última precipitação aconteceu em 18 de abril, com apenas 10,4 mm de volume. O período de estiagem impacta diretamente o bolso dos moradores, já que a bandeira tarifária de energia elétrica foi alterada para amarela em julho.

Em entrevista ao Diário, o climatologista Eduardo Petrucci explicou que um sistema de alta pressão está atuando como um bloqueio atmosférico, causando a falta de chuvas. “Para o inverno, não é esperada chuva, sendo a seca a normalidade para a estação. No inverno, é comum esperar de três a cinco frentes frias, mas este ano nenhuma chegou, resultando em temperaturas mais elevadas, especialmente em junho e julho. Essa forte massa de ar quente e seco fez com que as temperaturas se elevassem significativamente”.

Petrucci também esclareceu que a falta de chuvas é característica da movimentação de massas de ar entre as estações do ano, sendo comum ficar sem chuva por três meses ou ter chuvas muito baixas. O climatologista destacou que, em 2023, Uberlândia ficou 129 dias sem chuva significativa, de 19 de abril a 27 de agosto.

Já em 2024, o período de seca começou cedo, de acordo com o especialista. “No ano passado as condições não foram tão críticas como estão sendo este ano, porque ainda temos pelo menos uns 30 dias de seca pela frente, agravando a situação. Alguns sistemas atmosféricos anômalos fizeram com que a chuva acabasse ‘antes da hora’ neste ano”, afirmou.

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RESERVATÓRIOS
De acordo com dados do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), no mês de junho, o consumo de água per capita aumentou 10,75%, se comparado com o mesmo período de 2023. Neste ano, cada habitante consumiu 278,86 litros por dia, enquanto no ano passado, foram 251,78 litros.

O supervisor de produção e reservação de água do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Guilherme Chiovato, comentou sobre a situação dos reservatórios na cidade. “O que temos aqui na cidade são reservatórios a fio d'água. Bom Jardim, Sucupira e Capim Branco mantêm um nível relativamente estável, com variação de cerca de um metro da lâmina d'água. A vazão do rio Uberabinha vem diminuindo, mas nosso manancial de segurança hídrica é o rio Araguari”, explicou.

Chiovato afirmou que, apesar da redução na vazão do rio Uberabinha, o DMAE consegue compensar com o rio Araguari, garantindo a capacidade de produção de água. “Para ter algum ponto crítico de não conseguir abastecer a população, teríamos que enfrentar eventos catastróficos que não estão previstos. Contudo, o consumo excessivo pode prejudicar a distribuição dessa água. Em períodos de calor intenso, pedimos à população que consuma apenas o necessário”, alertou.

IMPACTO NO BOLSO
No dia 2 de julho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para o mês de julho será amarela, em razão das condições menos favoráveis para a geração de energia no país. Com esse acionamento, as tarifas dos consumidores serão acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kW/h consumidos.

A bandeira amarela foi acionada em razão da previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano (em cerca de 50%) e pela expectativa de crescimento da carga e do consumo de energia no mesmo período.

A economista Roberta da Mata explicou como a seca afeta o bolso dos consumidores. “A falta de chuva pode afetar o bolso das pessoas, já que a bandeira tarifária está amarela para este mês de julho, ou seja, conta de energia mais alta, o que merece uma atenção especial”, disse.