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07/07/2024 às 12h00min - Atualizada em 07/07/2024 às 12h00min

Quase metade da população de Uberlândia está endividada, aponta Serasa

Número de inadimplentes chegou a 319,6 mil neste ano; valor total das dívidas ultrapassa R$ 2 bilhões

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Nos primeiros cinco meses do ano, o ticket médio das dívidas foi de R$ 6.379,89 por inadimplente | Foto: Agência Brasil

O número de inadimplentes em Uberlândia chegou a 319,6 mil neste ano, representando quase 46% da população total do município, que segundo o último Censo Demográfico, é de 699 mil habitantes. Conforme apontam dados da Serasa, entre janeiro e maio, o valor total de dívidas ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões. 

 

O levantamento também revela que a quantidade de dívidas aumentou, passando de 1,4 milhão no final de 2023 para 1,5 milhão até maio deste ano. Em relação ao ticket médio dos primeiros cinco meses de 2024, a Serasa estima R$ 6.379,89 por inadimplente, um acréscimo de R$ 341,62 em comparação ao valor registrado até dezembro do ano passado, que era de R$ 6.038,27.

 

De acordo o ranking da inadimplência, as dívidas relacionadas a bancos e cartões de crédito são as mais comuns, chegando a 30,45% do total. Em seguida, aparecem as dívidas de água, luz e gás (22,13%), financeiras (17,54%) e serviços (11,86%).

 

O economista Pedro Henrique Duarte esclareceu que as razões para o aumento do endividamento podem ser diversas, relacionadas tanto ao momento econômico atual quanto a questões específicas das famílias inadimplentes. 

 

“Atualmente estamos em um momento que eu não qualificaria como crise econômica, porque ela se configura como um período mais prolongado de instabilidade econômica, que ganha uma certa estruturação. Estamos vivendo agora um momento de instabilidade tanto por fatores internacionais - como contextos de guerra que refletem nas relações econômicas internacionais, crise no Oriente Médio, e as eleições dos EUA que ainda não se sabe para que lado vão caminhar - quanto por questões nacionais”. 

 

O profissional explicou que este contexto causa um cenário de fragilidade que reflete sobre o preço do dólar e a dinâmica econômica interna do Brasil, que segundo ele, é subdesenvolvida e dependente. “Há elementos da economia nacional vinculados à discussão da reforma tributária, arcabouço fiscal, forma como o governo tem implementado políticas econômicas, que fazem com que a economia nacional esteja com uma dinâmica um pouco mais baixa. Isso reflete diretamente no rendimento da população”, explicou.

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Conforme dito pelo economista, com uma economia mais restritiva ocorre a redução dos rendimentos das famílias e da capacidade de gastar e arcar com as dívidas, o que pode resultar em endividamento. “Há perda da capacidade de honrar as dívidas, e famílias têm que recorrer ao sistema de crédito para garantir renda e suprir suas necessidades básicas. O problema é que se você faz uma dívida, é preciso conseguir pagá-la; se não tem capacidade, você se torna um indivíduo inadimplente”, indicou. 

PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Em relação ao planejamento financeiro, Pedro comentou que costuma escutar que uma parte do salário dos trabalhadores deve ser poupado. Porém, a realidade de muitas famílias é outra. “Eu particularmente, como economista, entendo que se tem condições de poupar, a poupança é bem-vinda porque pode ser que em algum momento surja uma intercorrência que não cabe no orçamento, então tem aquela reserva para esse momento inesperado. Para que você tenha esse plano B é preciso ter uma renda que permita essa poupança”

No entanto, ele ressalta que muitas famílias brasileiras sequer têm renda suficiente para garantir suas condições mínimas de reprodução. “Muitas famílias brasileiras vivem com salário mínimo, baixo para fazer frente a todos os custos mínimos de vida, como aluguel, compras, energia. A poupança não é fácil e óbvia de ser feita, precisa estar ligada à sua capacidade de fazer isso, se o que você ganha é mais do que você precisa para garantir sua sobrevivência mínima”, comentou o especialista.

O profissional indica que se uma poupança não couber no planejamento financeiro, é ideal tentar organizar as contas mínimas de acordo com aquilo que se ganha. “Isso é delicado porque muitas famílias não têm rendimento mínimo para fazer isso e não criar dívidas. Então entramos no campo de discussão que é a necessidade que os rendimentos do trabalho aumentem para as famílias terem condições de garantir suas rendas”.

Pedro também alertou sobre as formas de endividamento e acesso ao crédito, advertindo que é importante tomar cuidado com as formas de endividamento e acesso ao crédito facilitado. “O cartão de crédito, por exemplo, tem juros que eu particularmente considero abusivos. Então é tentar fugir dessas formas de acesso ao crédito porque o custo é muito elevado e aproveitar esses momentos de renegociação para quem já está endividado. Os bancos fazem, empresas de energia e saneamento. Ano passado, o próprio governo federal fez um feirão para renegociar dívida”, concluiu.

RENEGOCIAÇÃO SERASA

Para renegociar dívidas pela Serasa, é essencial seguir alguns passos importantes. Primeiro, é necessário fazer um levantamento de todas as dívidas e seus respectivos valores, ajustando o orçamento conforme necessário. A partir daí, o devedor tem duas opções: entrar em contato diretamente com a empresa credora ou acessar os canais do Serasa Limpa Nome, que permite verificar ofertas de acordo de forma online e em qualquer horário. Além disso, é possível renegociar dívidas pelo WhatsApp da Serasa, pelo número (11) 99575-2096.

Para utilizar a plataforma, siga os seguintes passos:

  1. Acesse a Plataforma: Entre no Serasa Limpa Nome ou no aplicativo (iOS ou Android) e informe seu CPF e senha.

  2. Consulte Suas Dívidas: Verifique as dívidas negativadas e contas atrasadas, incluindo valores originais e atuais, CNPJ da empresa, número de contrato, origem e tipo de dívida.

  3. Escolha a Negociação: Confira as opções de negociação disponíveis e escolha entre acordos à vista ou parcelados, conforme as condições oferecidas pelas empresas parceiras.

  4. Gere o Boleto e Pague: Gere o boleto e realize o pagamento no banco de sua preferência, em casas lotéricas ou pela Carteira Digital Serasa.

  5. Aguarde a Retirada da Dívida do CPF: Após pagar o primeiro boleto do acordo ou o valor à vista, a empresa credora solicitará a retirada da dívida do seu CPF em até cinco dias úteis.

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