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09/04/2024 às 12h25min - Atualizada em 09/04/2024 às 14h26min

Família alega negligência médica após morte de estudante universitária em Uberlândia

Vitória Alyce Pereira Cardoso teve um mal súbito e morreu à espera de atendimento médico na UAI Tibery

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Vitória voltava da faculdade, quando passou mal dentro de um ônibus do transporte público I Foto: Arquivo Pessoal

A última quarta-feira (3) tinha tudo para ser mais um dia normal na vida da estudante Vitória Alyce Pereira Cardoso, de 19 anos. No entanto, no caminho para casa, a universitária teve um mal súbito dentro de um ônibus do transporte público de Uberlândia e foi levada às pressas para a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do bairro Tibery. A jovem veio a óbito e, segundo o relato de uma familiar da vítima, houve negligência no atendimento médico na unidade de saúde.

De acordo com Juliene Cardoso, tia de Vitória, a estudante cursava História na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e seguia normalmente com o seu dia. Ela chegou à faculdade à tarde e voltava para casa por volta de 22h. A jovem teria entrado em um ônibus e, segundo relatos de testemunhas, passou mal e caiu no chão poucos segundos depois. O motorista desviou o percurso e foi até à UAI Tibery, mas a demora no atendimento gerou complicações no quadro da vítima, que teve uma parada cardiorrespiratória.

A família alega que houve um negligenciamento no atendimento de Vitória. Após chegarem à UAI Tibery, o motorista saiu do ônibus às pressas, informando que a estudante precisava de atendimento com urgência. No entanto, conforme o relato de testemunhas que estavam dentro do veículo, a equipe da unidade alegou que não poderia atender Vitória, já que ela precisaria estar dentro da UAI para iniciar os primeiros socorros. A alegação foi de que há um protocolo interno que estabelece que os pacientes não podem ser atendidos do lado de fora, e que inclusive seria necessário acionar o Corpo de Bombeiros para fazer o primeiro atendimento.

 

"O motorista desviou da rota e foi imediatamente para a UAI Tibery. Quando ele chegou, ele desceu correndo e pediu socorro, mas eles alegaram que não podiam atender a Vitória, porque tinha que atender dentro da unidade. O motorista disse que estava de ônibus e que não tinha como entrar na unidade com o ônibus. Eles não quiseram atender ela", disse.


Após alguns minutos, um enfermeiro da UAI Tibery foi até o ônibus para verificar a situação de Vitória. De acordo coma tia da jovem, o tempo de chegada do ônibus até o primeiro atendimento durou entre 20 e 30 minutos. O funcionário chegou a acionar duas enfermeiras e colocou a estudante em uma cadeira de rodas. No entanto, devido à demora no atendimento, Vitória não resistiu.
 

"Quando Vitória foi socorrida, ela já havia sofrido a parada cardiorrespiratória em decorrência do mal súbito. Houve negligência não apenas médica, mas de todos os trabalhadores da unidade de saúde. Temos muita clareza de que aquelas pessoas são preparadas para atender casos de crise. Todas elas negligenciaram o atendimento, do maqueiro até os médicos. Todo mundo virou as costas para a Vitória. Todo mundo foi negligente e todo mundo assinou o atestado de óbito da Vitória", disse a tia da vítima.


Nesta quarta-feira (10), familiares e amigos de Vitória farão uma caminhada em homenagem à estudante. O manifesto sairá da Paróquia Santa Mônica e seguirá até a porta da UAI Tibery, às 20h15.

POSICIONAMENTOS
O Diário entrou em contato com a Missão Sal da Terra, responsável pela gestão da UAI Tibery. Em nota, a entidade manifestou solidariedade à família e aos amigos de Vitória e afirmou que instaurou um processo de sindicância para apurar os fatos. Confira o comunicado na íntegra.

 

"Esclarecemos que foi instaurado Processo de Sindicância para apurar os fatos envolvendo o acolhimento da paciente, que foi atendida pela Unidade na última quarta (3), com o intuito de garantir a integral investigação do ocorrido. Ressaltamos que a transparência e o dever de cuidado com toda a população de Uberlândia são valores fundamentais e indissociáveis de nosso trabalho há mais de 40 anos. Nossa missão é, e sempre será, contribuir para o bem estar da sociedade, de maneira célere e responsável".


A produção também procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que informou que notificou formalmente a Missão Sal da Terra a prestar esclarecimentos sobre o atendimento e procedimento adotados, e que também abriu uma sindicância para apurar uma eventual possibilidade de omissão de socorro e responsabilidades.

"A pasta reforça que não há nenhuma regra que limite atendimentos por qualquer unidade de saúde da rede municipal e seus colaboradores, uma vez que a assistência médica deve ocorrer adequadamente conforme contexto, necessidade e gravidade do caso a ser atendido", disse a SMS.



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