Dados disponibilizados pelo Censo Escolar revelaram um crescimento de 1,6% no índice de estudantes matriculados nas redes pública e privada de Uberlândia. O levantamento mostra que, em 2023, foram contabilizadas 145.191 matrículas no total, sendo 2.384 novos alunos em relação ao ano anterior.
A educação infantil liderou o índice, com 1.765 novas inscrições, sendo 320 em creches e 1.445 em pré-escolas. O ensino fundamental manteve-se estável com apenas 204 novos alunos, enquanto no ensino médio houve um acréscimo de 415 estudantes.
Em relação ao tipo de instituição, as escolas privadas apresentaram um crescimento de 6,7%, passando de 34.649 matrículas para 36.999 no ano passado, enquanto as instituições públicas registraram um aumento de 2,5%, com 107.875 matrículas em 2022 e 110.507 em 2023. Em 2022, o total de estudantes matriculados foi de 142.807.
Em entrevista ao Diário, a professora Maria Bonete, do Ensino Fundamental na Escola Municipal Doutor Afrânio de Freitas Azevedo, ressaltou que a expansão no número de matrículas em Uberlândia é importante para o desenvolvimento não só educacional, mas também social de crianças e adolescentes.
“Devemos olhar com bons olhos este aumento, porque quanto mais crianças nas escolas, é possível um desenvolvimento tanto social quanto educacional. As crianças estando na escola ajuda na socialização, no desenvolvimento de habilidades emocionais, sociais, cooperação, empatia, resolução de conflitos. Além disso, sendo a escola um grupo social que a criança participa mais, é nela que ela começa a entender diversidade, conhecer pessoas diferentes”, afirmou.
Outro aspecto que a professora Maria Bonete destaca é a insegurança alimentar, que é realidade de alguns alunos e suas famílias. “A escola colabora para diminuir a carência alimentar, tendo em vista que a alimentação é oferecida pelas escolas. Por isso, as instituições de ensino conseguem sanar um pouco essa questão para crianças que tem falta de refeições no dia a dia”.
Por fim, a profissional reforçou a importância de os responsáveis matricularem seus filhos devidamente. “O pai que não matricula o filho na escola está sendo negligente e cometendo um crime [artigo 246 do código penal]. É um direito de todos e um dever dos pais manter os filhos na escola”.
EVASÃO ESCOLAR
Apesar do aumento no número de matrículas, a evasão escolar ainda é um problema enfrentado pela educação brasileira. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que, em Uberlândia, a taxa média de evasão foi de 2,3% nos anos iniciais, 5,1% nos anos finais do ensino fundamental, e de 12,1% no ensino médio para o período de 2020 e 2021, quando foi disponibilizado o último balanço do instituto.
O especialista em evasão escolar e professor do Instituto de Ciências Sociais da UFU, Leonardo Barbosa, explicou ao Diário que existe uma dinâmica diferente entre a evasão no ensino básico e na educação superior.
“No ensino básico, há uma forte dependência do aluno por sua família. Ela não só sustenta o estudante, mas também é responsável pela matrícula e pelo estímulo para que ele continue na escola. Além disso, condições mínimas como transporte, alimentação, moradia e qualidade de vida da família influenciam diretamente a permanência do aluno na escola”, esclarece.
Já no ensino superior, o especialista entende que os estudantes têm mais autonomia, portanto a evasão tem outras razões. “Alguns alunos já se financiam no Ensino Superior, então a questão financeira, familiar, de infraestrutura e transporte ainda é relevante, mas tem menos impacto comparado ao ensino básico”, compara.
Ele enfatiza a importância de entender as causas da evasão que não são apenas financeiras. “A evasão é um fenômeno multicausal. Precisamos diagnosticar os padrões de evasão em cada região do Brasil, identificar as causas e o perfil dos estudantes e famílias envolvidas”, destaca.
Para Leonardo, esta compreensão permitirá enfrentar o problema de forma abrangente, como faz, segundo ele, o Pé de Meia, que é um programa de incentivo financeiro-educacional, na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público.
PROGRAMA PÉ-DE-MEIA
Criado pelo Governo Federal, o programa prevê o pagamento de incentivo mensal de R$ 200, que podem ser sacados em qualquer momento, mais depósitos de R$ 1.000 ao final de cada ano concluído. O estudante só pode retirar o valor da poupança após se formar no ensino médio.
Considerando as dez parcelas de incentivo, os depósitos anuais e, ainda, o adicional de R$ 200 pela participação no Enem, os valores chegam a R$ 9.200 por aluno. Confira mais sobre a política no site do Ministério da Educação.