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10/09/2023 às 12h00min - Atualizada em 10/09/2023 às 12h00min

Mais de 6,4 mil pessoas aguardam na fila de transplantes de órgãos na região de Uberlândia

Córneas e rins são os órgãos mais aguardados; entre janeiro a agosto deste ano, foram realizados 241 procedimentos

KAUÊ ALTRÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
De acordo com a MG Transplantes, córneas e rins são os órgãos mais aguardados. | Foto: AGÊNCIA MINAS
Mais de 6,4 mil pessoas da região Oeste de Minas Gerais, onde Uberlândia se situa, aguardam na fila de espera de transplante de órgãos. Os dados são da MG Transplantes, órgão responsável pela administração dos procedimentos em todo o estado.

De acordo com as informações disponibilizadas até o dia 5 de setembro deste ano, 3.228 pacientes aguardam por transplantes de córnea, representando 50,43% da fila total. Outras 2.992 pessoas esperam por um rim, 45 por rim e pâncreas, 21 por coração, 112 por fígado e seis por um pâncreas.

De janeiro a agosto, foram realizados 241 transplantes na região, sendo três de coração, 10 de fígado, 32 de rim, 110 de córnea e 86 de rim a partir de doadores vivos. Já no mesmo período de 2022, foram conduzidas 242 operações: 10 de coração, 15 de fígado, 30 de rim, 106 de rim a partir de doadores vivos e 74 de córneas.

Apesar de números estáveis, os dados mostram uma queda nos transplantes de determinados órgãos. Neste ano, a quantidade de transplantações de coração diminuiu 70%, seguido pela de fígado que caiu 33%. O único procedimento que registrou aumento foi o de córnea, que subiu 48% de um ano para o outro.

Na região do oeste de Minas Gerais, somente Uberlândia e Uberaba dispõe de hospitais autorizados para a realização das operações. Segundo o responsável técnico pelo MG Transplantes em Uberlândia, Marcelo Ribeiro, o acompanhamento dos casos e as notificações de possíveis doadores da região é feito nos dois municípios.

“Os cadastros de filas de espera respeitam a repartição de regiões, como a nossa: aqui recebemos a notificação dos pacientes da localidade que precisam de algum tipo de órgão, a partir de seus médicos, que os incluem nesse cadastro, que é nacional. Porém, quando surge um órgão, o destinamos primeiramente para essas pessoas aqui da fila, a partir da nossa região e das regras de prioridades. Se não for compatível, aí passamos para outra região do estado”, explicou.

POSSÍVEIS DOADORES
Ainda segundo o levantamento da MG Transplantes, até setembro deste ano, os hospitais de Uberlândia notificaram 56 casos de possíveis doadores de órgãos que apresentaram morte encefálica. Do total, somente cinco foram considerados viáveis e realizaram a doação.

Segundo a Secretaria de  Estado de Saúde (SES-MG), alguns órgãos não podem ser aproveitados, pois o procedimento depende do motivo do óbito e do tempo de retirada. O doador falecido por morte encefálica pode destinar fígado, rins, pulmões, pâncreas, coração, intestino delgado e tecidos. Em casos de parada cardíaca, é possível doar tecidos, como córneas, pele, ossos, tendões e vasos sanguíneos.

Outro fator que influencia o transplante são as condições biológicas de compatibilidade e de saúde tanto do doador quanto do receptor. “Às vezes, a pessoa é a primeira da fila, mas não acha nenhum órgão compatível pra ele. A fila não é por antiguidade, esse é só um item da fila, o principal é ter a compatibilidade. Então, um determinado coração não serve para todo mundo. É necessário considerar combinações sanguíneas, imunológicas, o histórico e estado de saúde no momento” explicou.

A transplantação ainda exige agilidade e cuidado com o tempo em que os órgãos podem ficar fora de um corpo, sendo assim, a verificação de compatibilidade e o procedimento devem ocorrer rapidamente. Conforme aponta a SES-MG, o coração e os pulmões devem ser transplantados em, no máximo, seis horas após a retirada. O fígado e pâncreas em até 24 horas, córneas em até sete dias e ossos em até cinco anos.


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QUEM PODE DOAR?
A SES-MG afirma que para ser um doador é necessário avisar a família ainda em vida do desejo, pois serão eles que deverão consentir ou não o procedimento após o diagnóstico de morte encefálica, ou parada cardíaca. O que determinará o que poderá ser doado ou não, será a condição de saúde dos órgãos no momento.

Os órgãos serão destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista de espera unificada e informatizada, em uma mesma base de dados.

Há também casos de possíveis doadores ainda em vida, pessoas saudáveis que concordam em lei em ajudar um familiar ou outra pessoa, sem prejudicar a própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado ou dos pulmões e medula óssea.

MEDULA ÓSSEA
Em relação ao transplante de medula óssea, o Hospital do Câncer de Uberlândia realizou 70 procedimentos desde agosto de 2020. O material, encontrado no interior dos ossos, é o responsável por fabricar as células sanguíneas. 

Segundo o hematologista do Hospital do Câncer, Luiz Cláudio de Carvalho Duarte, a possibilidade da transplantação de medulas ósseas em Uberlândia é algo recente e tem ajudado muitas pessoas.

“Aqui, no momento, realizamos somente o transplante autólogo, o qual o próprio paciente retira a medula de seu corpo, realiza uma quimioterapia e depois injeta novamente o material. A possibilidade de fazer esse transplante na cidade abriu muito as portas para auxiliar as pessoas que sofrem de enfermidades como linfomas. Essas pessoas não precisam esperar por doadores” explicou.

Ainda segundo o técnico, o hospital já solicitou ao Ministério da Saúde a autorização para poder realizar a transplantação do material que advém de terceiros ou a coleta do material para disposição de pacientes em espera pela doação.

Segundo o Hemocentro de Uberlândia, o banco de doadores de medula óssea tem 26.665 pessoas. Para se tornar um doador, basta se apresentar no local com documento de identidade e realizar um exame de sangue para avaliar o estado de saúde e compatibilidade com pacientes que necessitam do transplante. Quando necessário, o voluntário será convocado.


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