Leonardo Diego da Silva Dias, responsável por denunciar uma organização criminosa que planejava ataques contra autoridades de Uberlândia, foi assassinado a tiros na noite desta segunda-feira (28), em Betim. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ele teria fornecido detalhes do plano descrito em uma carta que cita o influenciador Lohan Ramires, preso durante a “Operação Má Influência”, e outros envolvidos no esquema.
O crime ocorreu na chácara da família de Leonardo, onde ele permanecia e era monitorado por meio de tornozeleira eletrônica desde o mês de junho, quando saiu do Presídio Professor Jacy de Assis após celebrar o acordo de delação. Segundo informações da Polícia Militar (PM), os autores invadiram uma das residências onde o pai de Leonardo estava e ordenaram que ele chamasse o filho.
O pai de Leonardo contou aos policiais que ligou para o filho, que mora em outro imóvel com a namorada, localizado no mesmo terreno da chácara. Instantes depois, Leonardo apareceu na cerca da residência para conversar com os autores e foi atingido por diversos disparos de arma de fogo.
De acordo com a perícia da Polícia Civil, a vítima foi atingida por seis tiros, sendo cinco na região do tórax e um na coxa. Leonardo não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Outro homem, de 24 anos, também foi atingido pelos disparos e encaminhado para o Hospital Regional de Betim. Os policiais não informaram se ele estava com Leonardo no momento do crime.
Diante da situação, os militares iniciaram rastreamentos, mas até o momento, os autores não foram localizados.
Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que está realizando as atividades de polícia judiciária a fim de apurar a autoria, a motivação e as circunstâncias que permeiam o crime.
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DELAÇÃO
De acordo com o Gaeco, Leonardo prestou depoimento à Polícia Civil no mês de maio, quando informou detalhes sobre uma carta contendo ameaças de morte a um promotor de Justiça, um delegado, um investigador e um agente da polícia penal. Durante a delação, ele temeu pela sua segurança e pediu para fazer um acordo com o promotor.
"Eu tenho informações para relatar, mas e minha segurança em relação a depois disso. Eu queria fazer um acordo com o promotor pra ver se ele me concedia meu semiaberto. Se eu pudesse ajudar com alguma coisa, mas que não me comprometesse para ninguém ficar”, disse Leonardo durante o depoimento.
O Gaeco de Uberlândia informou que a instituição vai apurar o assassinato de Leonardo. O órgão também não descarta a hipótese de execução por retaliação em razão do depoimento prestado aos órgãos de segurança sobre o atentado.
OPERAÇÃO ERÍNIAS
A delação resultou na “Operação Erínias”, deflagrada em junho, que cumpriu dez mandados de prisão e 12 de busca e apreensão em Uberlândia. As investigações revelaram que o grupo criminoso organizou, dentro do Presídio Jacy de Assis, o plano para executar as autoridades. Eles arrecadariam cerca de R$ 250 mil em uma espécie de consórcio, escolheram veículos para o dia da ação e ainda compraram um arsenal bélico, incluindo munições.
Um dos investigados na elaboração do plano é o influenciador Lohan Ramires, preso durante a "Operação Má Influência" em maio de 2022. Ele foi condenado a 18 anos de prisão, mas foi solto em junho de 2023, após um alvará concedido pela Justiça.
Os demais denunciados são: Marlon Batista Nunes, Rafael Ardila Chaves, Marcelo Gonçalves Carvalho, Jonathan Rodrigues da Silva, Anderson Modesto Cunha, Vandeir Tavares da Silva de Lima e Hiago Margues Ruas.