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20/07/2023 às 13h00min - Atualizada em 20/07/2023 às 13h00min

Ex-assessor preso por obstrução de Justiça é nomeado para novo cargo na Câmara de Uberlândia

Carlos da Mata Pereira assumirá vaga no gabinete da vereadora Thais Andrade; entenda

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

A Câmara Municipal de Uberlândia publicou, nesta quarta-feira (19), a nomeação de Carlos da Mata Pereira, que assume o cargo de assessor parlamentar no gabinete da vereadora Thais Andrade. O servidor foi preso em 2019 após investigações promovidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) durante as operações "O Poderoso Chefão" e "Torre de Babel. Na época, da Mata, era assessor de gabinete de Juliano Modesto, ex-vereador envolvido em um esquema de milícia que planejava mortes e roubos na cidade. O servidor foi acusado de obstrução de Justiça

Carlos da Mata foi denunciado por tentar atrapalhar as investigações que apuravam crimes praticados pela organização criminosa, composta por um grupo econômico formado, sobretudo, pela Cooperativa dos Trabalhadores de Passageiros e Cargas (Coopass) e pela Associação de Transporte de Passageiros (ATP), que prestavam serviços de transporte escolar em Uberlândia. A apuração do Gaeco apontou desvios milionários dos cofres municipais, a partir da adulteração de documentos referentes à quilometragem rodada pelas vans escolares. Os promotores de Justiça concluíram que alguns vereadores planejaram intimidar o motorista cooperado que denunciou o esquema às autoridades.

A participação de Carlos da Mata Pereira começou a partir deste instante. Em nome dos parlamentares, ele procurou um policial civil para contratar uma pessoa que pudesse fazer ameaças, no intuito de atrapalhar as investigações. Uma tentativa de intimidação ocorreu no trajeto que o motorista percorria na zona rural de Uberlândia. Na ocasião, a vítima transportava crianças da rede municipal de ensino e, em virtude disso, os suspeitos recuaram. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou ao Diário que Carlos deu entrada no Presídio Jacy de Assis em outubro de 2019, mas recebeu um alvará de soltura em dezembro do mesmo ano. Ele cumpriu prisão domiciliar e retirou a tornozeleira eletrônica em junho de 2021.

O ex-assessor de Juliano Modesto foi exonerago do cargo na Câmara de Uberlândia em novembro de 2019, juntamente com outros 14 assessores. Um deles era Fernando Silva Naves, que teve o cumprimento da pena afrouxada após alegar ter psoríase generalizada, o que poderia comprometer o tratamento da doença em caso de manutenção da prisão. A enfermidade é caracterizada por crises que aparecem sob forma de bolhas com pus em diversas áreas do corpo. Apesar disso, a Justiça de Uberlândia determinou que Fernando comparecesse a todos os atos processuais quando intimado. Ele também foi proibido de ir a bares, boates ou estabelecimentos que sirvam ou vendam bebidas alcóolicas, além de ter um toque de recolher entre 22h e 6h.

O processo contra Carlos da Mata e Fernando Naves segue em trâmite na Justiça. O Diário entrou em contato com a defesa de Carlos da Mata Pereira, que informou que ele é inocente. Em nota, o advogado do assessor afirma "que irá provar isso nos autos e que ele tem experiência como assessor parlamentar e com toda certeza irá desempenhar um excelente trabalho nessa oportunidade com a vereadora Thais".

Por sua vez, o gabinete de Thais Andrade informou que a nomeação de Carlos da Mata se deu dentro da legalidade, tendo em vista que não está proibido de trabalhar no Poder legislativo ou de exercer qualquer outra atividade como assessor. 

 

“O assessor Carlos da Mata foi nomeado para desempenhar atividades políticas e de assessoramento ao exercício do mandato parlamentar, atribuições para qual é devidamente habilitado e possui grande experiência. Em relação ao processo que responde na justiça, como qualquer brasileiro, ele não pode ser considerado culpado até que haja uma decisão definitiva do Judiciário. É o que garante a Constituição Federal do Brasil. Por fim, importa esclarecer que apesar das acusações terem sido feitas há quase 04 (quatro) anos, até hoje não há nenhuma sentença que tenha reconhecido qualquer conduta criminosa apontada pelo Ministério Público em relação ao assessor”, consta a nota. 

A produção também procurou a defesa de Fernando Silva Naves, mas as ligações não foram atendidas. 

*Matéria atualizada às 15h09 para acréscimo de informações.


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