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14/04/2023 às 08h50min - Atualizada em 14/04/2023 às 08h50min

Cafés especiais caem no gosto de consumidores de Uberlândia

População tem procurado cafeterias que oferecem as bebidas mais requintadas

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Cada vez mais, os cafés especiais têm ganhado espaço no paladar de consumidores em Uberlândia I Foto: Arquivo Pessoal

Presente na mesa de quase todo brasileiro e considerado uma das grandes paixões pelo mundo, o café é uma das bebidas mais consumidas no país. Neste 14 de abril, data em que se comemora o “Dia Mundial do Café”, o Diário traz uma reportagem especial mostrando que a bebida tem ganhado cada vez mais espaço no mercado de Uberlândia, com variações que vão além do famoso cafezinho de garrafa.
 
A busca pela experiência de saborear as diversas opções do produto nas cafeterias vem crescendo. Em alguns casos, essa alta chega a 50%, somente nos últimos três anos. É o caso do Lê Café com Chocola, uma confeitaria inaugurada há oito anos e que hoje tem, no cardápio, uma variedade de cafés que atraem cada vez mais os clientes.
 
“As pessoas estão dando mais importância às cafeterias. Houve um aumento significativo de se encontrar, conversar e tirar um momento pra si após a pandemia. Essa vontade de estar junto com o outro em um local aconchegante e que serve um café gostoso, é a combinação perfeita”, conta Ivana Lima, uma das sócias.
 
Ainda segundo a empresária, as tortas e chocolates são procurados por várias pessoas, mas foi o café, que chegou de mansinho, o que tomou conta do cardápio. Ivana reforçou que os amantes do café não têm hora para procurar a bebida, mas que houve uma busca maior após o período da pandemia. Atualmente, a loja conta inclusive com algumas bebidas autorais.
 
“Temos o café expresso da máquina e os outros são nossas receitas e autoria. O café coado servido na hora em um charmoso coador e bule. Também os capuccinos que são feitos sob nossa autoria, receita de família e em duas versões, tradicional e com especiarias. Além das demais bebidas, como Afogatto, Italiano entre outros. Mas, os mais vendidos são o café coado na hora, expresso e os capuccinos, quente ou frio. Os clientes adoram”.
 
Com seis meses no mercado, a João Cafés é uma cafeteria que trabalha somente com estilo especial. Desde a inauguração, com aumento na procura, foi necessário ampliar, tanto a equipe, quanto o espaço.
 
Segundo João Victor Pereira de Araújo, proprietário da cafeteria, o preparo do café tem se tornado um ritual para as pessoas. “Acho que os cafés especiais têm caído no gosto das pessoas por causa da aceitação, por ser uma bebida de maior qualidade. Ele, em si já, traz uma qualidade maior para a saúde e tudo o que você proporciona”.
 
Na cafeteria são servidos cafés coados, expresso, capuccino e gelados, e o perfil de clientes é variado. Os mais antigos, no entanto, seguem preferindo o tradicional “café preto”. “Difícil ainda para as pessoas de mais idade, acostumadas com aquele café preto, muito torrado, e isso acaba dificultando para elas. Mas, as pessoas que estão começando agora, aceitação é mais fácil, e com o paladar apurado para esse produto”, disse João.
 
Os cafés que João compra vêm de fazendas de Patos de Minas e de Brotas (SP). “Temos uma parceria forte com a fazenda Amor Expresso, que tem a ONG que resgata mulheres em estado de vulnerabilidade e faz com que elas entrem em toda a cadeia da café. Como eles tem a fazenda e uma cafeteria em São Paulo, eles têm a opção de dar todo treinamento à elas, que entram em toda a cadeia, desde o plantio até como barista”.

 

ENSINAMENTO
Em Uberlândia também existe uma cafeteria que, além de servir o café especial, trabalha para ensinar os clientes todo o processo de fabricação. Aberta de 2018, a Café Affinis traz como experiência para o consumidor a arte da produção.
 
Segundo Felipe Raphael Jardim Scarpim, que, além de sócio, é barista, mestre de torra, classificador e degustador de cafés especiais, no início, a procura era baixa, mas, com o tempo, foi se tornando maior.
 
“Fomos um dos pioneiros em servir cafés especiais em Uberlândia, principalmente métodos de extração servidos na mesa. No início tínhamos pouca procura, as pessoas não entendiam o que era café especial, foi uma fase de educação do cliente, mostrando o que significava, isento de impurezas, defeitos, qualidade de bebida, doçura, corpo, sabores diferenciados da própria fruta do café”.
 
Felipe recorda que o café é uma fruta e que o sabor final depende de diversos fatores, entre eles a região de plantio e a forma da colheita. “É muito complexo e vários fatores que determinam os sabores. Onde é plantado, qual o processo depois da colheita, a variedade, a altitude, o benefício pós-colheita. Isso tudo influencia no sabor final da xícara, das notas e as nuanças dos grãos”.
 
E atrair novos amantes de cafés especiais exige um trabalho, segundo Felipe, de formiguinha, que é feito até diariamente. “Hoje tem uma procura maior, as pessoas estão interessadas em saber um pouco mais sobre o café especial, como ele tem esses sabores e como melhorar, até em casa. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas que estão iniciando, ou não conhecem, explicamos. Mostramos que trocando aquele café tradicional, com gosto de carvão, amargo, por um especial, já muda totalmente o sensorial da pessoa e isso traz cada vez mais clientes”.
 
O empresário afirma ainda que trabalha com cafés selecionados, que ele chama de especial dos especiais comprados diretamente dos produtores. “A única exigência é que sejam acima de 83 pontos. Os especiais são acima de 80 pontos, de acordo com a escala da Associação Internacional dos Cafés Especiais (BSCA). A gente recebe a amostra crua do produtor, torramos, vemos o sensorial e vemos se encaixa dentro das demandas”.
 
Com a crescente demanda, pouco antes do início da pandemia, a cafeteria implantou um treinamento para os clientes que se interessavam em conhecer mais sobre os cafés especiais e, em seguida, a dar workshops mostrando sobre essa categoria. “A partir de 2021, quando foram diminuindo as restrições, começamos a montar um curso mais profissional na intenção de formar novos baristas, ou os entusiastas que gostam de aprender um pouco mais, desenvolvemos nosso curso”.
 
O curso é dividido em três módulos. No primeiro, aborda os métodos de extração, embasamento teórico, com as variedades de cafés que existem no Brasil e mundo, o que influencia as regiões, os processos pós-colheita. “E depois um análise sensorial, como aguçar o paladar e ter uma análise crítica para entender o que está tomando. E por fim, a parte prática dos métodos”, disse Felipe.
 
No segundo módulo, o curso aborda formas de se fazer um bom café expresso, desde a importância do equipamento, qualidade de água, do grão. “Pensam que é o mais simples, mas para apertar um botão e sair na xícara. Mas, para isso, teve todo um processo antes. A gente regula de duas a três vezes por dia o moinho do expresso, a quantidade de pó. Tudo isso influencia no resultado final da xícara”.
 
No último módulo, chega a hora de aprender sobre o latte art, que é o tradicional desenho nas xícaras feito às mãos livres. “Demanda muito treino, por isso fizemos um módulo separado só para o latte art”, disse Felipe.
 
PAIXÃO DE INFÂNCIA
A técnica em administração, Ana Carolina Oliveira Santos, 23, tem um vínculo afetivo com a bebida, que aprendeu a amar com os avós. Para melhorar e valorizar o seu gosto, procurou uma outra cafeteria onde fez um curso de barista.
 
“Ter tido a oportunidade de realizar o curso só ressaltou essa paixão por cafés. Eu não tinha o conhecimento que diferentes tipos de torra, moagem e técnicas de preparo, influenciavam diretamente no sabor final, pois estava acostumada com o bom, velho e tradicional ‘café amargo’. Ou seja, mudou totalmente meu conceito em relação a todo esse âmbito”.
 
A jovem confessa que considera o café um combustível para encarar as responsabilidades do dia e, quando não toma, se sente sem energia. “Para mim, se deixar e surgir oportunidade, toda hora é hora. Mas mantenho o costume de tomar pela manhã e após o almoço”.
 
Ana Carolina diz não deixar de tomar o café comum, de supermercado, mas os gourmets e especiais fazem mais parte dos seus dias. “Eu gosto de cafés especiais, que possuem a torra clara ou média, pois realçam as notas diferenciadas que cada lote possui”.
 
PRODUTO EXPORTAÇÃO
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, mostram que o grão é comercializado com 145 países, sendo Estados Unidos e Alemanha os principais destinos.
 
O café brasileiro, em 2022, bateu recorde de valor exportado, alcançando os US$ 9,2 bilhões, um aumento de 45% na comparação com 2021. E a previsão do Conab é de que a produção, esse ano chegue a 54,94 milhões de sacas, 7,9% superior à colhida ano passado, que fechou em 50,9 milhões de sacas.


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