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15/12/2022 às 15h29min - Atualizada em 15/12/2022 às 15h29min

Uberlândia: reajuste na mensalidade das escolas particulares pode chegar a 12% em 2023

Aumento estimado pelo Sinepe leva em consideração inadimplência, evasão escolar e congelamento de preços nos últimos anos

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Pensando no reajuste previsto para 2023, muitos pais e mães já começaram a se reorganizar financeiramente para garantir a vaga dos filhos | Foto: GABRIEL JABUR/AGÊNCIA BRASÍLIA

A partir de 2023, os pais e alunos de instituições privadas de ensino vão precisar desembolsar mais dinheiro para garantir vagas na rede. De acordo com a estimativa do Sindicato das Escolas Particulares do Triângulo Mineiro (SinepeTM), o reajuste da mensalidade previsto para as escolas da rede particular em Uberlândia e região varia de 10% a 12%.

A presidente do sindicato, Atila Rodrigues confirmou que o reajuste é válido para qualquer instituição privada que ofereça ensino infantil, fundamental, médio, superior e até mesmo escolas que ofereçam cursos profissionalizantes. No entanto, a estimativa não engloba escolas de idiomas. 

Em entrevista ao Diário, Atila explicou que o reajuste diz respeito à parcela a ser paga para as instituições de ensino. Conforme consta na legislação que regula os preços das escolas, a matrícula e as prestações entram no mesmo balaio, o da anuidade, que é dividida em vários meses.

“Na verdade, não se reajusta a mensalidade, mas sim a anuidade. É aquele valor fixo para o ano inteiro. Esse valor é o que não pode mudar durante o ano da prestação de serviços. A anuidade é calculada através do custo dividido pelo número de alunos pagantes. Isso acontece porque mesmo na rede particular, temos alunos inadimplentes, bolsistas e outros casos”, disse.

A partir do preço da anuidade definida, as escolas particulares fazem a divisão nas mensalidades e, por ser uma prestação de serviços continuada, a instituição pode fazer 10, 12 ou até mesmo 13 mensalidades, segundo Atila Rodrigues. “Isso vai de acordo com o que o pai ou a mãe combinar com a escola”, explicou a representante do Sinepe.

Ainda de acordo com a presidente do sindicato, a pandemia de covid-19 tem influência direta no reajuste previsto para 2023. Isso porque o período pandêmico gerou alto índice de inadimplência nas escolas particulares, devido ao momento econômico vivido no país. A evasão escolar registrada em 2021 prejudicou diretamente as instituições da cidade.

Em dezembro de 2021, o Diário noticiou que pelo menos 25% dos pais estavam inadimplentes com as unidades de ensino particulares. A taxa suportável, segundo Atila Rodrigues, é de 5%. A justificativa na época foi a do desemprego, crise econômica, a frequência e a transferência de alunos para escolas públicas.

“Mesmo com a inadimplência, a escola presta o serviço na mesma condição. A instituição não pode punir pedagogicamente o aluno inadimplente durante a prestação do serviço, mas ele permanece o mesmo. Para 2023, os valores estão mais elevados porque temos que considerar essa evasão. A rede pública cresceu e a rede privada esvaziou”, explicou Atila.

CONGELAMENTO
O reajuste encontrado pelo Sinepe para 2023 vai de 10% a 12%, dependendo do segmento da escola. Apesar disso, Atila Rodrigues afirma que para as escolas particulares terem uma folga maior, a adequação necessária seria entre 20% e 25%, uma vez que não houve reajuste em 2021 e 2022.

O salário dos professores também influenciou no cálculo de reajuste para 2023. A classe não teve readequação dos ganhos em 2020, mas teve correções em 2021 e 2022, os anos em que as escolas da cidade e região não tiveram os preços corrigidos.

“Temos esse problema do congelamento dos valores em 2021 e 2022, que foram somadas ainda com a evasão e a inadimplência. Vinte e uma escolas de Uberlândia fecharam as portas durante a pandemia. Muitos afirmam que o reajuste precisaria ser menos por causa das aulas à distância, mas as instituições precisaram comprar equipamentos, técnicos, e outros itens. Vamos demorar uns três ou quatro anos para voltarmos ao status de 2020. A escola tem a autonomia de fazer o reajuste de acordo com seu projeto pedagógico, mas a nossa orientação é essa”, contou.

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IMPACTO NO BOLSO
Pensando no reajuste previsto para 2023, muitos pais e mães já começaram a se reorganizar financeiramente para garantir a vaga dos filhos em alguma escola particular da cidade. Esse é o caso da advogada Patrícia Almeida, de 43 anos, que pretende deixar a filha Maria Rita, de 11, na mesma instituição, apesar do aumento na mensalidade.

A uberlandense defendeu a valorização dos professores, ainda que o reajuste não acompanhe o poder econômico da maioria dos brasileiros. O impacto no bolso a partir do ano que vem, segundo Patrícia, será considerável, uma vez que o momento econômico e a inflação não permitem que ela viva uma vida mais confortável no momento.

“Se tem uma classe que merece valorização é a de professor. Minha filha estuda em uma escola muito boa, com professores excelentes. Não consigo dizer que eu não enxergo o outro lado, mas também preciso ver pelo meu lado. Nosso poder aquisitivo diminuiu muito nos últimos anos e tudo dificulta a nossa ascensão”, disse.

O empresário Christiano Lamar Dourado pretende manter suas duas filhas na rede particular apesar do reajuste previsto para o próximo ano. Dono de uma escola focada em concurso público, o maranhense de 36 anos que vive em Uberlândia também reconheceu a importância de valorizar os professores.

“Eu trabalho com educação e vejo a importância que a educação tem. Infelizmente, estamos em um país onde a educação não é vista como prioridade pela própria população. Muitos não enxergam o impacto que a educação gera na vida da gente, acho necessário investir nisso e vamos cortando de onde é possível para continuar fazendo esse investimento para as minhas filhas”, argumentou Dourado.


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