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07/12/2022 às 14h05min - Atualizada em 07/12/2022 às 15h08min

Pâmela Volp é condenada a quatro anos de reclusão por crime de extorsão, em Uberlândia

Ex-vereadora coagiu vítima a fim de garantir monopólio de exploração de travestis na cidade

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Pâmela Volp foi presa em 2021 por liderar exploração sexual de travestis I Foto: Aline Rezende/CMU

A 1ª Vara Criminal de Uberlândia condenou a ex-vereadora Pâmela Volp a quatro anos de reclusão pelo crime de extorsão. A ação criminosa ocorreu em 2020 contra uma vítima que atuava como garota de programa em um ponto de prostituição no bairro Osvaldo Rezende, na região central da cidade. Na ocasião, Volp constrangeu uma mulher, tentando obter vantagem indevida mediante o uso de ameaças, determinando que a vítima parasse de trabalhar na área, estabelecendo a ela uma multa diária de R$ 50.

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A sentença foi publicada nesta segunda-feira (5). O juiz Márcio José Tricotti acolheu parte dos pedidos do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que havia denunciado Pâmela Volp. De acordo com o órgão, a ex-vereadora coagiu a vítima a abandonar o ponto em que estava.

O Diário teve acesso à sentença da ex-vereadora da Câmara Municipal de Uberlândia. Segundo a denúncia, Volp foi acusada de controlar os pontos da cidade e de espancar garotas de programa, a fim de manter um monopólio de exploração sexual. Foi isso o que aconteceu com a vítima coagida em 2020, em agosto e novembro daquele ano.

De acordo com a vítima, o primeiro caso aconteceu quando um homem se aproximou sem que ela percebesse, arrancando a peruca de sua cabeça e ameaçando-lhe com uma faca em nome de Pâmela Volp. A denúncia é corroborada ainda por autos do MPMG, já que vários outros depoimentos semelhantes da atuação violenta de Volp e suas comparsas foram recebidos pelo órgão, sempre voltada à intimidação e agressão de pessoas para manter o mercado de exploração de travestis.


Nesta sentença, a Justiça indicou ainda o pagamento de 10 dias-multa e determinou o cumprimento da pena no regime inicial aberto. O juiz também concedeu à Pâmela o direito de recorrer em liberdade. O alvará de soltura é válido somente para esta acusação. No entanto, a ex-vereadora também responde por outros processos, entre eles: tentativa de homicídio e estupro. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas (Sejusp-MG), até o momento ela permanece presa no Presídio de Uberlândia.

A defesa de Pâmela disse que espera pela absolvição da ex-vereadora e que ela "deve ser solta em breve". 


EXPLORAÇÃO SEXUAL
Pâmela Volp foi presa em 2021, durante a operação "Libertas". Além dela, foram detidas a filha da ex-vereadora, Paula Volp, e Lamar Bionda,
 também acusada de envolvimento em um esquema de exploração de travestis em Uberlândia e outras regiões do país. As três são suspeitas dos crimes de exploração sexual, manutenção de casa de prostituição, roubo, lesão corporal, homicídio, constrangimento ilegal, ameaça, posse e porte de arma de fogo.
 
Durante a operação, foram apreendidos R$106 mil em dinheiro na casa da ex-vereadora e um caderno com informações sobre o esquema de prostituição, caixa e dívidas de profissionais do sexo, agenciados por Volp. As investigações ainda apontaram que os pontos de prostituição eram setorizados, em Uberlândia. Os bairros Tibery e São Jorge, por exemplo, eram comandados por Lamar Bionda. Já os bairros Umuarama e proximidades eram agenciados por Volp. 

De acordo com o promotor do Gaeco, Thiago Ferraz, não havia a possibilidade de ninguém trabalhar nas regiões citadas de forma autônoma. “Se alguém tentasse oferecer o serviço sem estar na proteção de Pâmela Volp, por exemplo, essa pessoa era coagida e poderia sofrer agressões e até roubos, para sair do local. Recebemos diversas denúncias que confirmam esse esquema, uma pessoa chegou a ser foi agredida com uma barra de ferro”, comentou.
 
A filha da ex-vereadora, Paula Volp, seria a responsável pelo financeiro do esquema. Era ela quem realizava as arrecadações dos valores das diárias das travestis. A investigação apontou três pontos de trabalho e pensões, sendo, na Avenida Professora Minervina Candida Oliveira, na Av. João Naves de Ávila e Av. Floriano Peixoto. Os pontos eram agenciados, exclusivamente, por Lamar e Volp. As profissionais do sexo, no consórcio de Pâmela, pagavam a diária de serviço, sendo R$50, além da taxa de limpeza e hospedagem nas pensões. Mesmo se não comparecessem para o trabalho, a taxa era cobrada, sendo assim, as dívidas contraídas por elas eram impossíveis de serem pagas.

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