Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
20/09/2022 às 13h30min - Atualizada em 20/09/2022 às 13h30min

Audiência de instrução de blogueiro preso na operação Má Influência acontece nesta terça (20)

Empresário e influencer Lohan Ramires, principal alvo da força-tarefa, deve ser interrogado, além do médico Leonardo Pinder e outras 11 testemunhas

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Empresário e influencer Lohan Ramires é o principal alvo da força-tarefa I FOTO: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Acontece na tarde desta terça (20), em Uberlândia, a audiência de instrução de dois investigados pela Operação Má Influência, desencadeada em maio pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O empresário e influencer digital Lohan Ramires, principal alvo da força-tarefa, deve ser interrogado, além do médico Leonardo Pinder e outras 11 testemunhas.
 
A audiência será conduzida pela 1ª Vara Criminal de Uberlândia. Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), serão ouvidas duas testemunhas de acusação e nove de defesa. Os dois acusados também serão ouvidos. O objetivo, segundo o MPMG, é produzir prova oral para esclarecer os fatos narrados na denúncia, na qual os acusados foram denunciados pela prática dos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas e alteração de medicamentos destinados a fins medicinais.
 
Após a realização da instrução, o MP tem 10 dias para apresentar as alegações finais. O processo ainda permite a apresentação de defesa, em um prazo de mais 10 dias. A sentença será dada na sequência.
 
RELEMBRE O CASO
Lohan Ramires,
preso no dia 27 de maio em Uberlândia, está envolvido em crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, falsidade ideológica e organização criminosa. 
 
Segundo as investigações, a associação criminosa ocultava e dissimulava a origem de propriedades e bens provenientes de infrações criminais utilizando pessoas físicas e jurídicas. O principal alvo da operação era o elemento de conexão entre os demais integrantes e exercia um suposto papel de influenciador digital nas redes sociais. Lohan Ramires possui mais de 500 mil seguidores no Instagram.
 
“O alvo principal é um influencer digital que goza de certo prestígio, de certa audiência em suas redes sociais e ele justifica os seu sucesso como uma graça de Deus, uma graça divina”, explicou o delegado da Polícia Civil, Marcos Tadeu.  
 
De acordo com a investigação, os suspeitos utilizavam diversas estratégias para lavar dinheiro, como aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, usando de expedientes fraudulentos, compra e venda de veículos de luxo, mescla de valores provenientes de crimes com valores lícitos utilizados em empresas, recebimento de diversas quantias fracionadas em pequenos valores em contas correntes com consequente transferência para contas de pessoas jurídicas, entre outras condutas.
 
As investigações demonstraram ainda que um dos suspeitos adquiriu hormônio do crescimento humano, vulgarmente conhecido como “GH”, com a utilização de receitas falsas, preenchidas com dados fraudados de pessoas físicas. Foram identificadas provas de que o investigado comercializava tais hormônios do crescimento, além de outros anabolizantes que tem a venda controlada, conforme previsão da portaria SVS n° 344 da Anvisa.
 
“Essa pessoa está envolvida em lavagem de dinheiro, organizações criminosas, como também tráfico de anabolizantes e produtos controlados pela Anvisa, e falsidade ideológica, por comprar esses remédios, hormônios para crescimento, e utilizava indevidamente como esteroides”, disse o delegado.

Em razão disso, a Polícia Civil de Uberlândia, juntamente com a Polícia Militar e a Receita Estadual, desencadearam a
Operação Popeye e notificaram 125 pessoas, entre elas 87 médicos de Minas Gerais, para averiguar a suspeita de revenda irregular de anabolizantes. 

Segundo os policiais, médicos, pessoas físicas, educadores físicos e donos de academias  receberam os anabolizantes em quantidade superior ao que seria indicado pela Anvisa. A suspeita é de que os medicamentos foram adquiridos no esquema de Lohan e revendidos de forma irregular.

INVESTIGAÇÕES
Lohan Ramires foi indiciado pelos crimes de tráfico de drogas, falsidade ideológica, falsificação de produtos farmacêuticos e por comandar uma organização criminosa.
Em junho, o investigado prestou depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), assim como a mãe, Cláudia Ramires, e o irmão, Artur Ramires, que também foram alvos da ação.
 
Em depoimento, Lohan não soube explicar sobre a compra de 559 canetas de anabolizante ao longo de um ano. Segundo o promotor de Justiça, Thiago Ferraz, é impossível que o número de produtos adquiridos seja para uso próprio.
 
Em relação a uma caminhonete Dodge Ram, o investigado informou que recebeu o veículo de uma médica. Além disso, sobre o Porsche que era ostentado nas redes sociais, Lohan disse que era um sonho de consumo e que pagou através de vários empréstimos de terceiros, mas em razão do alto preço do seguro do veículo, vendeu ele para outra pessoa.
 
A mãe e o irmão de Lohan também foram ouvidos nesta terça pelo Gaeco. Ainda de acordo com o promotor, Cláudia será indiciada por suspeita de lavagem de dinheiro e Artur por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, tráfico de drogas, associação criminosa e falsificação de produtos farmacêuticos.
 
O influenciador digital está detido desde então no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia.


• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
 
AUXÍLIO-EMERGENCIAL
O
influenciador digital recebeu 16 parcelas do auxílio emergencial. O benefício foi instituído pelo Governo Federal durante a pandemia da covid-19 para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo o Portal de Transparência do Governo Federal, ao todo, o investigado recebeu do programa a quantia de R$ 5,7 mil. 
 
Conforme apurado pelo Diário de Uberlândia, Lohan começou a receber o auxílio emergencial em abril de 2020, quando o programa foi lançado. A última parcela paga ao influenciador foi em outubro de 2021.
 
De acordo com a Polícia Civil, análises de bancos bancários e outras provas demonstraram movimentação incompatível com a renda declarada pelo investigado. Atualmente, o alvo da operação tem uma empresa aberta em seu nome com capital social de R$ 20 mil. 

VEJA TAMBÉM:

 
 
 

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90