Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
07/06/2022 às 16h11min - Atualizada em 07/06/2022 às 16h11min

Influenciador digital será indiciado por tráfico de drogas, falsificação de produtos farmacêuticos, falsidade ideológica e outros crimes

Lohan Ramires prestou depoimento nesta terça (7), assim como a mãe e o irmão que também são alvos da operação

REDAÇÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Lohan ostentava veículos de luxo nas redes sociais | Foto: Reprodução/Instagram

O empresário e influenciador digital Lohan Ramires, preso durante a Operação Má Influência, será indiciado pelos crimes de tráfico de drogas, falsidade ideológica, falsificação de produtos farmacêuticos e por comandar uma organização criminosa. O investigado prestou depoimento nesta terça (7) ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), assim como a mãe, Cláudia Ramires, e o irmão, Artur Ramires, que também foram alvos da ação.

 

Em depoimento, Lohan não soube explicar sobre a compra de 559 canetas de anabolizante ao longo de um ano. Segundo o promotor de Justiça, Thiago Ferraz, é impossível que o número de produtos adquiridos seja para uso próprio.

 

Em relação à uma caminhonete Dodge Ram, o investigado informou que recebeu o veículo de uma médica. Além disso, sobre o Porsche que era ostentado nas redes sociais, Lohan disse que era um sonho de consumo e que pagou através de vários empréstimos de terceiros, mas em razão do alto preço do seguro do veículo, vendeu ele para outra pessoa.

 

A mãe e o irmão de Lohan também foram ouvidos nesta terça pelo Gaeco. Ainda de acordo com o promotor, Cláudia será indiciada por suspeita de lavagem de dinheiro e Artur por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, tráfico de drogas, associação criminosa e falsificação de produtos farmacêuticos.

 

O influenciador digital segue detido no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia. O Diário de Uberlândia tentou entrar em contato com o advogado dos investigados, mas as ligações não foram atendidas.

 

OPERAÇÃO

Lohan Ramires, identificado como o principal alvo da ação policial, está envolvido, segundo as investigações, em crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, falsidade ideológica e organização criminosa. 

 

Segundo as investigações, a associação criminosa ocultava e dissimulava a origem de propriedades e bens provenientes de infrações criminais utilizando pessoas físicas e jurídicas. O principal alvo da operação era o elemento de conexão entre os demais integrantes e exercia um suposto papel de influenciador digital nas redes sociais. Lohan Ramires possui mais de 500 mil seguidores no Instagram.

 

“O alvo principal é um influencer digital que goza de certo prestígio, de certa audiência em suas redes sociais e ele justifica os seu sucesso como uma graça de Deus, uma graça divina”, explicou o delegado da Polícia Civil, Marcos Tadeu.  

 

De acordo com a investigação, os suspeitos utilizavam diversas estratégias para lavar dinheiro, como aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, usando de expedientes fraudulentos, compra e venda de veículos de luxo, mescla de valores provenientes de crimes com valores lícitos utilizados em empresas, recebimento de diversas quantias fracionadas em pequenos valores em contas correntes com consequente transferência para contas de pessoas jurídicas, entre outras condutas.

 

As investigações demonstraram ainda que um dos suspeitos adquiriu hormônio do crescimento humano, vulgarmente conhecido como “GH”, com a utilização de receitas falsas, preenchidas com dados fraudados de pessoas físicas. Foram identificadas provas de que o investigado comercializava tais hormônios do crescimento, além de outros anabolizantes que tem a venda controlada, conforme previsão da portaria SVS n° 344 da Anvisa.

 

“Essa pessoa está envolvida em lavagem de dinheiro, organizações criminosas, como também tráfico de anabolizantes e produtos controlados pela Anvisa, e falsidade ideológica, por comprar esses remédios, hormônios para crescimento, e utilizava indevidamente como esteroides”, disse o delegado.

Em razão disso, a Polícia Civil de Uberlândia, juntamente com a Polícia Militar e a Receita Estadual, desencadearam a Operação Popeye e notificaram 125 pessoas, entre elas 87 médicos de Minas Gerais, para averiguar a suspeita de revenda irregular de anabolizantes. 

Segundo os policiais, médicos, pessoas físicas, educadores físicos e donos de academias  receberam os anabolizantes em quantidade superior ao que seria indicado pela Anvisa. A suspeita é de que os medicamentos foram adquiridos no esquema de Lohan e revendidos de forma irregular.

AUXÍLIO-EMERGENCIAL

O empresário e influenciador digital recebeu 16 parcelas do auxílio emergencial. O benefício foi instituído pelo Governo Federal durante a pandemia da covid-19 para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo o Portal de Transparência do Governo Federal, ao todo, o investigado recebeu do programa a quantia de R$ 5,7 mil. 

 

Conforme apurado pelo Diário de Uberlândia, Lohan começou a receber o auxílio emergencial em abril de 2020, quando o programa foi lançado. A última parcela paga ao influenciador foi em outubro de 2021.

 

De acordo com a Polícia Civil, análises de bancos bancários e outras provas demonstraram movimentação incompatível com a renda declarada pelo investigado. Atualmente, o alvo da operação tem uma empresa aberta em seu nome com capital social de R$ 20 mil. 


Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90