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14/06/2021 às 19h30min - Atualizada em 14/06/2021 às 19h30min

Comunidade escolar diverge sobre retorno às aulas em Uberlândia

Sindicato afirma que número de crianças que compareceram às escolas foi muito baixo no primeiro dia de aula

NILSON BRAZ
Primeiro dia de aulas foi marcado por baixa adesão, segundo sindicato | Secom/PMU
Foram retomadas nesta segunda-feira (14) as aulas presenciais de alunos das escolas municipais de Uberlândia, no sistema híbrido. O anúncio do retorno foi feito na última quarta-feira (9) pela Secretaria Municipal de Educação, após a decisão do Tribunal de Justiça Minas Gerais (TJMG), que, atendendo pedido da Prefeitura de Uberlândia, reconsiderou decisão suspensiva do ensino presencial, deixando de existir impedimento dentro do município para o retorno dos estudantes às salas de aula.

Mas, de acordo com o Sindicato dos Professores Municipais de Uberlândia (SINPMU) a decisão de restabelecer a rotina escolar foi precipitada, causando risco à saúde de alunos, professores, servidores da educação, além da saúde das famílias dos alunos. Por este motivo, representantes do sindicato afirmaram a intenção de procurar a justiça para reverter a decisão do município.

Nesta segunda, a retomada aconteceu, mas ainda de acordo com o SINPMU, a adesão, por parte dos pais, para que os filhos voltassem à escola foi pequena. Isso porque, apesar de ser por meio do sistema híbrido, os pais podem fazer a opção de continuar com os estudos dos filhos de casa. O retorno presencial não é obrigatório.

O SIMPMU afirma ter feito um levantamento preliminar com alguns professores sobre a quantidade de alunos que compareceram às escolas, uma vez que os dados oficiais não foram repassados a eles pela Secretaria de Comunicação. “Tivemos a informação de que em uma das escolas, que tem 700 alunos, não compareceram nem 40. Em outra com mais de 190 estudantes, compareceram apenas 22. Na EMEI do bairro Planalto, foi repassado para a gente que só 5 alunos compareceram”, afirmou a representantes do sindicato, Junia Alda Gonçalves.

PAIS DE ALUNOS

A administradora Marcela Freitas Vasconcelos é mãe de gêmeos. Os garotos, que estão com 10 anos, retomaram as aulas presenciais. Ela conta que a decisão foi muito difícil de ser tomada, já que ela realmente acredita que ainda exista um risco muito grande em voltar à rotina escolar. Mas, a mãe conta que acabou se convencendo a tornar a primeira semana de volta às aulas uma experimentação, para saber como vai acontecer.

“Há uns dois meses eu comecei a perceber a questão da ansiedade neles. Então perdi um pouco o controle na questão da disciplina, fora as matérias que vão ficando mais difíceis de a gente acompanhar para auxiliar, então isso foi me preocupando. Esse foi um dos motivos que comecei a repensar o retorno deles”, afirmou Marcela.

Já a editora de imagens Glaciene Cristina da Silva, mãe de uma adolescente de 14 anos e de um menino de 5, optou por ainda esperar mais um pouco. Ela conta que as aulas dos filhos serão retomadas ainda na próxima semana, já que eles são da segunda turma no revezamento. Ela acredita que, principalmente, o mais novo e os coleguinhas de sala não serão tão disciplinados na hora de manter o distanciamento e usar as máscaras. Ela conta que ainda não está totalmente confortável em deixar que eles retomem as aulas.

“Aqui em casa ninguém foi vacinado ainda. Já esperamos tanto tempo, agora que a vacina está aí, mesmo que demore um pouco mais, não custa nada esperar mais um pouco em segurança”, afirmou Glaciene.

PROFESSORES

Para alguns professores, a retomada ainda é vista com receio. Alguns afirmam acreditar na eficiência de muitos dos protocolos estabelecidos para que a rotina escolar seja restabelecida, mas que nem em todas as ocasiões eles são aplicáveis. 

O professor de geografia Ronaldo Amélio dá aulas para crianças e adolescentes do ensino fundamental, que varia entre 11 e 14 anos. Ele conta que na escola em que leciona, algumas salas não teriam capacidade para comportar os alunos com o distanciamento adequado, mesmo que apenas a metade deles comparecessem às aulas.

“Nossas salas de aula têm, aproximadamente, 25 m². Eu tenho uma turma, de 6º ano, que possui 44 alunos matriculados. Mesmo com o rodízio que foi proposto, eu teria 22 crianças em um espaço de 25m² ou menos. O que seria impossível de manter o distanciamento. Fora o prejuízo pedagógico, porque a partir do momento que eu estou em sala de aula com parte da turma, aquela parte que não está, não terá meu acompanhamento online”, afirmou o professor.



SINDICATO

Em resposta à retomada das aulas presenciais, nesta segunda (14), aproximadamente 50 servidores das escolas municipais de Uberlândia se reuniram para realizar uma manifestação contrária à decisão. 

De acordo com a organização, que partiu do SINPMU, o ato aconteceu para alertar a população e a administração pública sobre um possível aumento no número de casos de internação e morte da comunidade escolar que ainda não recebeu a vacina contra a covid-19.

A representante sindical disse ainda que, após a manifestação, foi protocolada uma nota pública sobre os riscos do retorno às aulas presenciais sem a devida vacinação da comunidade escolar. Ela disse ainda que o Sindicato aguarda um posicionamento da Defensoria Pública, com quem tiveram uma reunião na última sexta-feira (11), sobre a possibilidade de oficializar, judicialmente, o questionamento quanto à retomada das aulas.

“Quando a própria Secretária de Educação diz, em entrevistas, que a palavra ‘segurança’ é difícil no momento, porque ela reabriu as escolas presencialmente?”, finalizou Junia.

Para o professor Ronaldo Amélio, a retomada é importante, mas desde que todos os envolvidos neste processo estejam seguros. “Foi dito que nossa categoria parou de trabalhar. Isso não é verdade, nós trabalhamos três, quatro vezes mais no sistema remoto. Nós, mais do que ninguém, queremos retomar presencialmente. Mas ainda não é prudente. Nós estamos prestes a ser vacinados. Aí sim vamos ter um retorno seguro”, finalizou.


POSICIONAMENTO

A reportagem do Diário de Uberlândia entrou em contato com Prefeitura para saber um posicionamento em relação às reivindicações dos manifestantes. O Diário também questionou o Município sobre a baixa adesão dos alunos neste primeiro dia de aulas, citado pelo Sindicato. Até a publicação desta matéria não houve retorno.


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