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10/02/2021 às 07h20min - Atualizada em 10/02/2021 às 07h20min

Por conta de reformas, ao menos dez escolas municipais adiaram retomada em Uberlândia

Servidora de uma das instituições disse ao Diário que a escola ainda não está preparada para receber os alunos

IGOR MARTINS
Pátio da Escola Municipal Eugênio Pimentel está com o mato alto; salas no local ainda eram preparadas às 9h, segundo vereadora de Uberlândia | Foto: Gabinete Claudia Guerra

Em Uberlândia, o primeiro dia da volta às aulas presenciais nas escolas municipais foi marcado por manifestações e pela paralisação de atividades em instituições de ensino. Em meio à polarização com relação ao assunto, o Diário apurou que dez instituições da cidade adiaram a retomada presencial por conta de reformas estruturais. Além disso, vereadores apontaram falhas no protocolo sanitário contra a Covid-19, exigido para o retorno em formato híbrido da rede pública.

Informações recebidas pela produção apontam que, devido às reformas, ao menos dez instituições adotarão exclusivamente o modelo remoto pelos próximos 15 dias. São elas as escolas municipais Amanda Carneiro Teixeira, Freitas Azevedo, Professor Mário Godoy Castanho, Sérgio de Oliveira Marquez, Olga Del Fávero, Sebastiana Silveira Pinto, Afrânio Rodrigues da Cunha, Cecy Cardoso Porfírio e as EMEIs Grande Otelo e Augusta Maria de Freitas.

O Diário entrou em contato com a Prefeitura de Uberlândia para confirmar sobre o adiamento das aulas presenciais nestes locais. A Secretaria de Comunicação informou que as escolas citadas passam por reformas estruturais, que fazem parte do programa “Escola Bem Arrumada”, com trabalhos sendo realizados em 29 instituições de ensino municipais. O Município não informou, no entanto, sobre o adiamento das atividades presenciais nestas unidades.
 
FISCALIZAÇÃO
Na segunda-feira (8), a vereadora Claudia Guerra (PDT) constatou problemas no primeiro dia de aula presenciais na rede municipal. Em um documento compartilhado com a produção do Diário, a parlamentar confirmou que visitou oito instituições ao longo do dia. De acordo com ela, apenas duas estavam seguindo o protocolo corretamente.

O balanço de fiscalização da vereadora aponta que a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Cecy Cardoso, no bairro Mansour, está sem condições de retomar suas atividades presenciais no momento. Por estar em reforma desde setembro, a instituição entrou em comum acordo com a Prefeitura de Uberlândia, e optaram pelo adiamento da retomada.

Já na Escola Municipal Domingos Pimentel, localizada no bairro Santa Mônica, os estudantes do 8º e 9º ano ficaram sem aulas devido à paralisação dos professores na segunda-feira. Segundo a parlamentar, o local apresenta boas condições, com disponibilização de álcool em gel e com boa ventilação. Entretanto, o documento alertou para a existência de aglomerações entre os alunos.

A fiscalização feita pela vereadora apontou ainda que a escola Eugênio Pimentel Arantes, no bairro Morumbi, não estava pronta para receber alunos nesta segunda. Segundo o documento elaborado por Cláudia Guerra, a instituição estava sendo preparada na mesma data e vários professores paralisaram suas atividades. Uma feita pela equipe da parlamentar mostra ainda o pátio do local com alto volume de mato.

Outros locais visitados pela vereadora foram a EMEI Professora Sônia Mansur, EMEI Cruzeiro do Sul, EMEI Augusta, Escola Municipal Mario Alves e EMEI do bairro Luizote de Freitas. Na sessão da Câmara de segunda-feira, Guerra disse que iria solicitar, via Ministério Público, que o retorno das atividades presenciais seja suspenso.
 
RISCOS
Uma profissional de apoio escolar, que preferiu não se identificar, lamentou a decisão de retomar as atividades presenciais em Uberlândia, especialmente nas EMEIs. Segundo ela, o retorno do ensino infantil é inviável no momento, já que nestas instituições há um contato direto e contínuo com crianças entre 0 e 4 anos de idade.

“Como vamos manter o distanciamento dessas crianças? Na educação infantil, elas levam meses para se adaptarem. Elas são pequenas, e nós, professores, temos que pegá-las no colo e acalmá-las. Como vamos fazer isso num momento de pandemia? Isso é desumano até mesmo com as crianças. Elas não vão entender o motivo de não podermos dar esse colo. Nós trocamos fralda, damos banho e ajudamos na alimentação. É muito complicado”, relatou.

A servidora também mostrou descontentamento com a reação de parcela da população uberlandense após o anúncio de paralisação das atividades nas escolas municipais. “Muitas pessoas nos chamaram de vagabundos e que não gostamos de trabalhar. Isso machuca e não é verdade. Os pais precisam entender o momento, sei que é difícil, mas também é responsabilidade deles. É uma situação dolorida”, disse a profissional da educação.

Questionada sobre os protocolos seguidos no local onde trabalha, a servidora afirmou que a escola ainda não está preparada para receber os alunos na retomada das aulas. Ela afirmou à reportagem que denunciou a escola, uma vez que a instituição não possui a estrutura necessária e também passa por reforma no momento.

“Eu sou hipertensa, portanto sou do grupo de risco. Nós não temos os equipamentos necessários para retomar as atividades no momento. Estou muito preocupada. Porque não manter o ensino remoto? A vacinação é essencial para a retomada da educação em Uberlândia”, finalizou a professora.



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