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16/11/2020 às 18h30min - Atualizada em 16/11/2020 às 18h30min

Especialistas analisam composição do Legislativo para os próximos quatro anos

Taxa de renovação foi de 63%, com 17 candidatos eleitos e 10 reeleitos na Câmara

SÍLVIO AZEVEDO -

Neste domingo (15), Uberlândia conheceu os nomes dos responsáveis por administrar a cidade pelos próximos quatro anos. Odelmo Leão foi reeleito no primeiro turno para seu quarto mandato, enquanto apenas 10 dos atuais 27 vereadores garantiram manutenção de suas vagas.

A taxa de renovação foi de 63%, com 17 candidatos eleitos e 10 reeleitos na Câmara Municipal. A mais votada foi Dandara (PT), com 5.237 votos, enquanto a que obteve menos voto foi Thaís Andrade (PV), com 1222, entrando pelo quociente partidário.

Dos eleitos, 17 fazem parte da base aliada de Odelmo, sendo cinco do PP, PSD e PSDB com dois cada, e PL, Patriota, PSC, DEM, REDE, Avante, DC e PV um de cada. A oposição deverá ser formada por dez vereadores: PDT (2), Pros (2), PSL (2), PT (1), MDB (1), SD (1) e Cidadania (1). Porém, esses números podem ser modificados com as mudanças de bases até o início da gestão.

Dentro do cenário político, destaque para a quantidade de novos vereadores: 14 nunca tiveram mandato, além de três parlamentares que retornam após um período longe da Câmara e 10 reeleitos, sendo que nove tomaram posse após cassação de vereadores. O único que foi eleito em 2016 e se manteve foi Antônio Carrijo (PSDB).

Segundo o professor de direito constitucional e política na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Alexandre Walmott, a composição do Legislativo acabou se perfilando com aquilo que o Executivo conseguiu. “Uma base afinada da situação na Câmara relativamente tranquila. A gente olha para os partidos e notamos uma votação super pulverizada. Você tem uma maioria construída, só que tem de montar uma mega coalizão partidária”.

Entre os aspectos apontados por Alexandre a serem observados estão a quantidade de mulheres eleitas, formando a maior bancada feminina da história da Câmara Municipal de Uberlândia, e a identificação dos votos chamados identitários.

“Vou pegar o PT, que tem uma característica de organicidade que outros não têm. Falo também dos suplentes. Se você olhar no PT, nós temos uma representação de uma candidata que incorporou um discurso identitário, inclusive superando, por exemplo, o Dr. Igino, que tem a base tradicional petista, como o movimento sem-terra, e que não ganhou”, disse Walmott, citando também as candidatas eleitas Amanda Gondim e Cláudia Guerra, ambas do PDT, e  Gilvan Masferrer (DC).

O professor lembrou que ao contrário de outros legislativos em que o eleitor tinha um referencial, como em Uberlândia houve aquele tsunami de cassações, se perdeu os referenciais e a eleição foi impactada por isso. Os candidatos que se envolveram em alguma denúncia, como Wilson Pinheiro (PP), Silésio Miranda (PT) e Paulo César, PC (SD), tiveram votações consideradas baixas e não foram eleitos.

“O eleitor é atento. Obviamente que há uma parte do eleitorado que acredita que seu eleito não se envolveu com isso, vai insistir. Mas no geral o desgaste acontece. Esses três nomes mostram ‘absolutamente democrático’, da esquerda à direita a tesoura de censura do eleitorado com o comportamento ruim do eleitorado”.
 
VEREADORAS
A eleição de 2020 entrou para a história de Uberlândia pela eleição de oito mulheres para o Legislativo, a maior bancada feminina da história do município. Seja da base ou oposição, são quase 19 mil votos.

Das oito, duas foram reeleitas, Gláucia da Saúde (PSDB) e Liza Prado (MDB) e seis assumem uma cadeira no legislativo pela primeira vez: Amanda Gondim (PDT), Cláudia Guerra (PDT), Dandara (PT), Drika Protetora (Patriota), Gilvan Masferrer (DC) e Thais Andrade (PV).

Segundo Ruan Espíndola, também professor de direito constitucional, trata-se de uma grande evolução, fruto, em grande parte, de uma maior participação das mulheres em movimentos sociais de igualdade de gênero. “Basta ver, para isso, que duas das candidatas eleitas se sobressaíram justamente na luta contra a violência doméstica. Deve-se ressaltar, no entanto, que ainda temos menos de 1/3 das cadeiras do Legislativo Municipal sendo ocupadas por mulheres. Quero dizer com isso que esse crescimento significa um sinal de que a diversidade e a pluralidade existentes na sociedade estão se refletindo na Câmara, mas o caminho para que haja essa paridade ainda é longo”.

Ainda de acordo com Ruan, esse cenário das mulheres ganhando espaço nestas eleições refletiu em Uberlândia e em outras partes do Brasil. “Sem sombra de dúvidas que é importante a participação das mulheres na política. Entre outros motivos, por questões de representatividade, afinal as mulheres compõem mais de 50% da sociedade brasileira, mas os espaços de poder, de forma geral, ainda são predominantemente ocupados por homens. Reverter isso é essencial para que atinjamos a igualdade na sociedade”.
 
NÚMERO DA ELEIÇÃO
Uberlândia tem 486.550 eleitores aptos a votar, mas a presença foi de 74% desse público, abaixo do registrado em 2016 que foi de 80,65%, mesmo o número de eleitores tendo aumentado em 8,3 mil. Em 2020 foram 360.437 votantes, enquanto há quatro anos, 385.705.

Outra observação é no percentual de votos inválidos. Enquanto para prefeito foram 23.173 (6,43%) nulos e 13.190 (3,66%) brancos, para vereador foram 23.091 (6,41%) nulos e 19.628 (5,44%) brancos.
 
VEREADORES ELEITOS
 

• Dandara (PT) - 5.237 votos

• Carrijo (PSDB) - 4.483 votos - Reeleito

• Sgt Ednaldo (PP) – 3318 votos - Reeleito

• Zezinho Mendonça (PP) - 3.043 votos

• Ronaldo Tannus (PL) - 2.914 votos - Reeleito

• Neemias Miquéias (PSD) - 2.812 votos

• Cláudia Guerra (PDT) - 2.699 votos

• Drika Protetora (Patriota) - 2.653 votos

• Leandro Neves (PSD) - 2.595 votos - Reeleito

• Liza Prado (MDB) - 2.556 votos - Reeleito

• Anderson Lima (PSL) - 2.455 votos

• Charles Charlão (PP) - 2.442 votos - Reeleito

• Eduardo Moraes (PSC) - 2.403 votos - Reeleito

• Fabão da Massa (Pros) - 2.332 votos

• Raphael Leles (DEM) - 2.329 votos

• Ivan Nunes (PP) - 2.307 votos

• Dudu Luiz Eduardo (Pros) - 2.276 votos

• Sérgio do Bom Preço (PP) - 2.258 votos - Reeleito

• Walquir (SD) - 2.110 votos - Reeleito

• Gláucia da Saúde (PSDB) - 1.813 votos - Reeleito

• Antônio Augusto Queijinho - 1.770 votos

• Thiarles Santos (PSL) - 1.651 votos

• Amanda Gondim (PDT) - 1.424 votos

• Murilo (Rede) 1.382 votos

• Odair José (Avante) - 1.354 votos

• Gilvan Masferrer (DC) - 1.347 votos

• Thais Andrade (PV) - 1.222 votos



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