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17/10/2020 às 09h00min - Atualizada em 17/10/2020 às 09h00min

Candidatos recorrem a nomes inusitados para atrair votos em Uberlândia

Especialista comenta que nem sempre a tentativa de utilizar nomes para chamar a atenção do eleitor é convertida em votos

SÍLVIO AZEVEDO
Reportagem pesquisou alguns nomes inusitados de candidatos de Uberlândia | Foto: TSE/Reprodução
Para o cargo de vereador, Uberlândia possui mais de 849 candidaturas registradas, contando somente as deferidas e as que aguardam julgamento. Porém o que chama atenção são os nomes que alguns postulantes a uma vaga no Legislativo escolheram para constar na urna eletrônica.

Em uma rápida pesquisa feita pela reportagem no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram encontrados alguns nomes e apelidos que remetem à profissão, área de atuação, característica ou até mesmo personagens de desenhos. Há, por exemplo, os candidatos a vereador de Uberlândia Bob Esponja, Cinderelo, Homem do Chapéu, Nego Ney, Khuririm, Jogador, Chapolin, entre outros. 

A reportagem procurou alguns dos candidatos para conhecer a história por trás dos nomes de urna. Valter Ferreira da Silva, de 36 anos, contou que veio para Uberlândia em 2010 e tenta, pela primeira vez, ser vereador na cidade. O nome de urna escolhido foi Valter Cinderelo. 

“Eu tenho vários apelidos. Uns me chamam de Cowboy, outros de Arizona, de Cinderelo. Aí eu achei o nome bacana, achei engraçado e coloquei. Eu não me importo”, disse. 

Com 44 anos, Marcelo Cotrim acrescentou “o Brother” no seu nome de urna. A referência é a empresa na qual é proprietário e pela forma como os amigos e clientes, carinhosamente, o chamam. 

“Eu criei uma empresa chamada Marcelo Brother, com a fotinha do Mario Brother [Mario Bros] e, na igreja, o pessoal me chamava de irmão, mas passou pra Brother. E como minha empresa presta serviço para algumas empresas, e o pessoal também começou a me chamar de Brother. Aí ficou”.

Especialista comenta sobre a identificação na urna
Para que seja feita a escolha, existem regras estipuladas pela legislação eleitoral, podendo ser o nome de registro civil ou parte dele, ou ainda um apelido, desde que não estabeleça dúvida sobre a sua identidade e não seja ofensivo, ridículo ou irreverente.

Para o filósofo político e professor de Teoria da Democracia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), José de Magalhães Campos Ambrósio, um nome de urna tem que apresentar a identificação dos candidatos junto ao eleitor, pela sua área de atuação, ou seu histórico social. 

 
“O nome de urna tem três funções. A primeira é comunicar a identidade do candidato. E essa identidade tem muito mais a ver com a história do candidato do que com o nome de pessoa física. A segunda função de um nome é fazer um ponto de fixação. Ou seja, precisa ser construído de um modo que ele é repetível. E a terceira função é vender o candidato. Essa venda do candidato significa que aquele nome implica na oferta de algum serviço público ou alguma postura publica que as pessoas necessitam”.

Por diversas vezes podemos encontrar nomes diferentes, outros até exóticos. Isso, para o filósofo político pode chamar a atenção dos eleitores, mas nem sempre é uma ação que vai reverter em votos. 

“Nomes que são muito exóticos para darem certo, ou eles precisam de ter de fato uma identidade muito arraigada na pessoa ou de um contexto social muito específico para favorecer o candidato. O exotismo tende a chamar a atenção, mas a conversão do nome exótico em voto poucas vezes dá resultado”.

Ainda segundo José de Magalhães, com o tempo, alguns candidatos até abandonam “o apelido”. “É claro que um candidato que já tem mais tempo de vida pública, prescinde um pouco dos nomes exóticos e passa progressivamente a dotar o próprio nome, pois é a própria atuação política dele que perfaz a sua atuação política”.

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