24/08/2020 às 12h28min - Atualizada em 24/08/2020 às 12h28min
Pandemia afeta diagnósticos e luta contra o câncer em Uberlândia
Laboratório registrou queda de 74,01% no número de exames de PSA e mamografia; oncologista aponta consequências do diagnóstico tardio
BRUNA MERLIN
Exame PSA identifica o câncer de próstata | Foto: Agência Brasil/Divulgação A pandemia do novo coronavírus afastou as pessoas de muitas atividades essenciais do dia a dia, principalmente do hábito de ir ao médico para consultas de rotina. A situação afeta o número de diagnósticos e a luta contra o câncer já que o segmento em Uberlândia percebeu queda significativa na quantidade de consultas agendadas e exames realizados.
Segundo o cardiologista e gestor-médico do laboratório Sabin de Uberlândia, Eduardo Veloso, os exames PSA, que identifica o câncer de próstata, e mamografia, que identifica o câncer de mama, foram os que mais registraram queda desde o início do isolamento social. Os dados foram coletados entre março e agosto deste ano e, se comparados com o mesmo período do ano passado, a empresa registou uma redução de 74,01% no número de exames realizados.
“É um número muito grande. E com certeza é algo que gerará consequências futuras. O câncer é uma doença que não espera e a falta de diagnóstico torna tudo mais difícil”, ressaltou.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) estimam que ao menos 70 mil brasileiros com câncer deixaram de receber o diagnóstico nos quatro primeiros meses da pandemia. Para o oncologista clínico, Glauco Costa Silveira, esse número já representa um problema grave em relação à saúde da população.
De acordo com Glauco, a diminuição no número de consultas médicas e exames laboratoriais está ligada ao medo. O médico explica que muitas pessoas têm receio de entrar em uma clínica pois acreditam que irão contrair a Covid-19 e acabam deixando a preocupação com outras doenças de lado.
“Percebemos um grande número de pessoas que adiaram ou cancelaram consultas rotineiras ou de acompanhamento no primeiro semestre do ano. O medo é um dos principais motivos, mas ele não pode estar acima da preocupação com a saúde”, destacou.
CONSEQUÊNCIAS
O diagnóstico tardio do câncer pode gerar uma série de consequências e complicações futuras para o paciente. Entre elas, está o maior tempo de tratamento e procedimentos mais invasivos que deixam sequelas e apresentam uma menor taxa de cura.
“Quando a doença é descoberta no início, as chances de cura e tratamentos que obtêm sucesso são muito maiores. É necessário que as pessoas entendam que os procedimentos ficam mais difíceis quando a doença já está avançada”, complementou o oncologista clínico, Glauco Costa Silveira.
O médico reforçou ainda que o medo não deve ser um empecilho para o acompanhamento da saúde já que os estabelecimentos de saúde se adaptaram para receber os pacientes com segurança e respeitando as medidas indicadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Sempre é reforçado o uso de máscaras e álcool em gel, e a necessidade de distanciamento. Além disso, muitas clínicas fazem uma triagem no momento da marcação da consulta para saber se o paciente apresenta sintomas gripais. Tudo é feito de forma segura e higiênica para que os pacientes tenham segurança e consigam manter as consultas em dia”, explicou.
O gestor-médico do laboratório Sabin, Eduardo Veludo, explicou também que toda a clínica foi adaptada para receber os clientes de forma segura. Os guichês de atendimento e cadeiras da recepção foram espaçados para preservar o distanciamento entre os funcionários e pacientes.
“Foram feitas todas as adaptações necessárias para o atendimento. Nada é feito sem segurança de todos os envolvidos. Disponibilizamos álcool em gel em diversos pontos, reforçamos o uso de máscaras e preservamos a agilidade dos atendimentos”, finalizou.
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