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20/08/2020 às 15h52min - Atualizada em 20/08/2020 às 15h52min

Novos tipos de queijo artesanal são regulamentados em Minas Gerais

Decreto publicado dia 19 poderá beneficiar produtores de Uberlândia e região; cidade conta apenas com 15 registrados no IMA

SÍLVIO AZEVEDO

O Governador Romeu Zema (Novo) assinou, na última quarta-feira (19), um decreto que regulamenta novas regras de produção e comercialização do queijo artesanal em Minas Gerais, que beneficiará cerca de 30 mil produtores do laticínio, incluindo empreendedores rurais de Uberlândia e região, que produzem uma estimativa de 80 mil toneladas anuais de queijo.

Entre os pontos regulamentados no decreto estão as condições de produção e comercialização do queijo artesanal, normas sanitárias e práticas de fabricação que garantirão qualidade do produto.

Segundo a presidente da Associação de Produtores de Queijo da Região do Triângulo Mineiro, Maria Elena da Mota de Oliveira, a regulamentação traz novas perspectivas tanto na comercialização, quanto na produção do queijo minas artesanal. “Agora nós podemos vender para outros estados legalmente e bem como produzir queijos de diversos tipos, como mofo branco, queijo recheado com goiabada, afinado com ervas, afinado no vinho, entre outros”.

MERCADO LOCAL
A região do Triângulo tem cerca de 100 produtores de queijos, porém apenas 15 são registrados no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Para Maria Elena, agora ficará mais fácil para os demais se registrarem e expandir a produção de outros tipos do laticínio.

“Aqui na região o mais produzido é o queijo tradicional de casca lavada. Agora com o novo decreto e posteriormente a regulamentação no IMA poderemos produzir os outros queijos”, comentou a presidente.

Há quem esteja de olho nesse mercado. O casal Andréia Ribeiro de Carvalho e Juliano Dias Oliveira está se preparando para iniciar a produção de queijo artesanal. Apaixonados por queijo, nunca pensaram em produzir, até participarem do evento Queijo, Minas e Viola, em 2019.

“Ano passado num encontro aqui em Uberlândia realizado pela Emater e sindicato rural, esse projeto começou a se desenhar. Depois disso, começamos a nos apaixonar pelo gado da raça GIR e pelo leite que essas vacas produzem. Então decidimos que nosso produto aliaria a essas paixões. E foi assim que começamos”, disse Andreia.

O próximo passo foi começar a se qualificar através de orientações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e com o apoio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), para a formação do rebanho.


Casal se prepara para iniciar produção de queijo artesanal na região | Foto: Arquivo Pessoal

“Estamos formando o rebanho e a Epamig tem sido fundamental na formação desse rebanho de qualidade. Eles têm um gado excepcional, fruto de melhoramento genético feito ao longo de décadas. É difícil mensurar a importância dessa empresa para a pecuária do país. E nós já estamos sentido os benefícios desse apoio”, explicou Juliano.

O casal ainda está projetando a queijaria e o que é produzido é utilizado apenas para consumo próprio e aprendizado. Mas, segundo eles, já se apaixonaram pela cultura de produção. “O que nos empolga é ver como o queijo minas artesanal tem sido valorizado cada vez mais. Pudemos observar que nesse ramo os produtores não se vêm como concorrentes, pois cada um produz um produto exclusivo. E o crescimento de um é o crescimento de todos, daí a colaboração. Existe um mercado para produtos diferenciados e os produtores já entenderam isso. É realmente um meio apaixonante”, disse Juliano.

MAIS TÉCNICA E INCENTIVO
A coordenadora estadual de queijos artesanais da Emater, Maria Edinice Soares Souza Rodrigues, espera que a publicação do decreto vai proporcionar que todos os queijos artesanais de Minas Gerais tenham seu regulamento técnico.

“Antigamente só tinha a lei que a gente chama Lei ‘Queijo Minas Artesanal’, que resguardava esse produto. Agora, a diferença é que vai absorver todos os queijos artesanais de Minas, desde que tenham seu regulamento. Outra abrangência é a produção de queijo de leite de cabra e ovelha”.

Ainda segundo Maria Edinice, a expectativa é que ao longo do tempo, com cada produto tendo seu decreto técnico de qualidade e identidade, o estado consiga ter mais produtores com seu serviço de inspeção e aptos a comercializarem por todo o Brasil. “E a Emater vem trabalhando ao longo do tempo a melhoria da qualidade desses produtos, com o objetivo de colocar produtos de melhor qualidade no mercado”, pontuou.

O decreto publicado atende, em um primeiro momento, apenas o queijo minas artesanal que já é regulamentado. Mas a coordenadora espera que, ainda durante 2020, outros regulamentos técnicos sejam aprovados.

“A gente sabe que o Estado está em fase final de reconhecer o regulamento técnico para a região de Alagoa, Mantiqueira e Suaçuí. Esses regulamentos técnicos prontos beneficiarão os produtores dessas regiões, podendo ter o seu produto legalizado em algum serviço de inspeção e autorizado a comercializar no Brasil todo”, concluiu.


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