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07/08/2020 às 15h27min - Atualizada em 07/08/2020 às 15h27min

Pacientes relatam sequelas após superar diagnóstico de Covid-19 em Uberlândia

Pneumologista Ricardo Diniz diz que alguns órgãos podem ser afetados pelo tempo de internação; Prefeitura informou que há acompanhamento depois da alta

SÍLVIO AZEVEDO
Rômulo Ferreira com a fisioterapeuta Vanessa Gouveia | Foto: Arquivo Pessoal

Quando deixou o hospital no dia 2 de julho, o médico Rômulo Ferreira começava uma nova batalha pessoal. Recuperado de um quadro grave de saúde acometido pela Covid-19, que o deixou 41 dias internado, sendo 21 dias entubados e seis com traqueostomia, era hora de tratar as sequelas causadas pela doença.

“Tive sequela motora, perdi a extensão do pé direito, tenho dor neuropática por todo o corpo, que é terrível, além da sequela pulmonar devido à fibrose pulmonar, E também a gente fica com a sequela psicológica, por tudo que passou durante o tratamento e pós-tratamento”.

A recuperação de Rômulo está sendo feita em casa, em home care, e envolve fisioterapia e uma dieta rica em proteína, já que perdeu 40% de massa muscular. “Estou tendo suporte fisioterapêutico duas vezes por dia, que me ajuda muito. Fiquei sem deambular (andar), e agora volto aos poucos. Faço CPAP e VNI para ajudar o pulmão oxigenar direito e o tratamento de reposição de proteína. Eu perdi 21 quilos, mas já estou recuperando bem. Essas sequelas, com o tempo, creio que voltarão ao normal”.

Com 54 anos, Dr. Rômulo faz parte do grupo de risco e teve várias complicações durante o período em que esteve internado, como crise convulsiva, derrame pleural, pneumonia de difícil tratamento que comprometeu todo o parênquima pulmonar. “Eu tive morto várias vezes, mas Deus me ressuscitou. Então tenho certeza de que meu caso foi um milagre”.

O caso de Rômulo não é o único. Segundo o médico pneumologista e intensivista Ricardo Diniz, as sequelas, em grande parte, aparecem em pessoas que tiveram casos mais graves, com tempo de internação maior.

“Aquela pessoa que fica muito tempo sedada, sem movimentação, pode desenvolver fraqueza muscular, tanto dos membros quanto respiratória. Então essa pessoa tem uma certa dificuldade de caminhar normalmente, vai precisar de fisioterapia motora e respiratória”.

Ainda de acordo com Ricardo, outros órgãos também são afetados pelo tempo de internação. “Dependendo da gravidade da doença, essa pessoa pode desenvolver fibrose do pulmão e ficar dependente de oxigênio, ou mesmo com a respiração mais fraca. Algumas desenvolvem insuficiência renal, que é uma condição de um doente grave e podem desenvolver insuficiência renal crônica”.

O sistema cognitivo também pode ser afetado devido ao longo período de sedação. Com isso, a pessoa passa a ter dificuldade de entendimento dos fatos que acontecem ao redor. A Covid não tem um limite, uma situação que podemos dizer que ela preserva algum órgão. Na verdade, todos os órgãos podem estar acometidos. A gente sabe que é uma doença que pode acometer a microcirculação do organismo, então envolve tanto a parte da perfusão do pulmão, mas a gente pode ter a condição de uma embolia, um infarto, insuficiência renal, pode ter acometimento de pele, quadros isquêmicos do sistema nervoso central”, explicou.

Há dois meses, o motorista Boaz Rocha teve sua história contada pelo Diário após sobreviver à internação e quadro grave causado pela Covid-19. Assim como em outros casos, teve que superar as sequelas deixadas pela doença que quase custou sua vida.

“Sofri queda de cabelo, esquecimento, perda de memória, três feridas nos pés e dores no ombro esquerdo, mas fiz meu tratamento e hoje estou completamente recuperado”. Hoje, Boaz aguarda para poder retomar sua vida profissional. “Estou esperando liberação médica para poder voltar ao trabalho”.

O Diário questionou a Prefeitura de Uberlândia se há acompanhamento para pacientes que sofreram com a Covid-19 e receberam alta. Por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde informou que os pacientes diagnosticados com a doença, tanto os que estavam internados quanto os que estavam isolamento domiciliar, recebem acompanhamento após a alta médica.

"Este acompanhamento é feito pelos profissionais das unidades básicas de saúde de referência do paciente e acontece a cada 24h ou 48h, sendo definido de acordo com a gravidade de cada caso, principalmente em relação aos idosos, gestantes e pacientes com doenças crônicas.  Além disso, há também um auxílio dos profissionais do programa Melhor em Casa, que fornece o acompanhamento domiciliar com oxigênio nos casos que há essa necessidade", informou a nota.


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