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24/06/2020 às 10h44min - Atualizada em 24/06/2020 às 10h44min

Uberlândia aplica 3 mil testes a cada 100 mil habitantes, afirma Prefeitura

Média supera 24 estados e o DF, segundo o Município; professor da UFU desenvolve testes rápidos para expandir testagem

DA REDAÇÃO
Trabalho de pesquisador de Uberlândia está sendo desenvolvido no Laboratório de Nanobiotecnologia da UFU | Foto: Arquivo Pessoal

O município de Uberlândia alcançou a média de 3.055 testes da Covid-19 aplicados para cada 100 mil habitantes, segundo os dados da Vigilância Epidemiológica Municipal (Vigep) divulgados nesta terça-feira (23). De acordo com a Prefeitura de Uberlândia, a taxa supera 24 estados brasileiros e o Distrito Federal.

Em relação a Minas Gerais, a quantidade de testagem da cidade é 20 vezes maior. Considerando informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e respectivas secretarias de Saúde, a média do estado está em 155 testes para cada 100 mil habitantes.

A taxa de ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) públicas e privadas chegou a 97% nesta terça (23), com 96 pessoas internadas com sintomas da Covid-19.  São, ao todo, 5.684 casos positivos para doença na cidade. Há 230 pessoas aguardando o resultado de exames.

Além disso, o boletim apontou 85 óbitos confirmados até o momento e outros quatro estão em investigação. A taxa de letalidade da enfermidade é de 1,49%.

Mais testes
No dia 12 de junho, foram anunciados os vencedores do Desafio Inovação UFU Covid-19. O projeto vencedor na categoria profissional foi o “Plataforma Diagnóstica Fotônica com Inteligência Artificial para Covid-19: Alto-rendimento, Portabilidade e Sustentabilidade”. A iniciativa busca expandir a testagem da Covid-19 custando três vezes menos e sendo 480 vezes mais rápido. A expectativa para o lançamento no mercado é até a primeira quinzena de julho.

O pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (Famed/UFU), Thulio Marquez Cunha, afirma que a testagem rápida em massa pode ajudar no controle do avanço da doença. O responsável pelo projeto trabalhou em seu desenvolvimento com mais de 20 pessoas em pesquisas que vêm sendo realizadas há aproximadamente cinco anos.

O projeto que ficou em primeiro lugar na categoria profissional, dedicada a docentes e técnicos, recebeu acesso ao Programa de Incubação no Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (Ciaem/UFU), com apoio para participação em evento até o limite de R$ 1 mil.

“Esses recursos iremos utilizar para algum aluno em congressos que divulguem nosso trabalho. Vamos utilizar toda essa expertise da universidade para a gente tentar colocar esse produto disponível o mais rápido possível para as pessoas”, afirma o professor.


Devido à pandemia, o projeto que demoraria até dois anos está sendo concluído em três meses. Cunha reitera que a preocupação é a robustez em base científica. “Toda nossa equipe de coleta de dados, logística, análise de dados, tecnologia de informação, bioestatísticos, bioinformatas e químicos estão se desdobrando para que a gente consiga liberar esse resultado o mais rápido possível”, informa.

TESTE PARA COVID-19
A Plataforma Diagnóstica Fotônica com Inteligência Artificial é um método diagnóstico para o vírus, que utiliza a espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), técnica que agiliza o processo de testagem. O professor conta que são analisadas a absorção e a liberação de energia imposta por raios infravermelhos numa substância.

“Temos uma série de dados que são analisados por um mecanismo de inteligência artificial que vai falar para nós se é ou não Covid. É um exame muito rápido. O aparelho é pequeno, de baixo custo, não precisa de reagente e fica pronto de dois a três minutos”, explica.

A testagem é feita através da saliva. O sistema é semelhante ao RT-PCR (Reverse-Transcriptase Polymerase Chain Reaction), exame mais utilizado no momento, que tem o custo em torno de R$ 300 e analisa a secreção respiratória retirada com auxílio de um cotonete para detectar a presença do vírus.

Dentre outros tipos de exames, o método é o mais eficiente, segundo Cunha. Ele afirma que os testes que analisam a presença dos anticorpos Imunoglobulina G (IgG) e Imunoglobulina M (IgM) são controversos.

 

“A acurácia deles chega abaixo de 60% e alguns melhores 70%. Então não está dando muito para confiar nesse tipo de dado na prática clínica. O nosso teste vai servir para falar se tenho ou não tenho a doença. São estratégias diferentes e são respostas diferentes”, analisa.


A plataforma não é exclusiva para a Covid-19. Já foram arquivados dados de outros tipos de infecção como dengue, zika vírus, HPV, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, tuberculose, apneia do sono, câncer de mama e câncer de próstata. Todas poderão utilizar a mesma tecnologia para detecção de doenças.

Até o momento já foi feita coleta e análise em mais de 800 pacientes. Até a próxima semana é esperado ultrapassar o número de mil coletas para validar o estudo e aprimorar o treinamento dos algoritmos. Ainda estão sendo coletadas amostras no Hospital de Clínicas (HC/UFU) para os pacientes com sintomas e que estejam indicados a fazer o teste.

O impacto na saúde pública da testagem mais rápida, segundo Cunha, poderá viabilizar a abertura do comércio e deixar isolado quem realmente precisa. O teste comercial, quando disponível, custará em torno de R$ 100. “Nas próximas duas a três semanas a gente já deve ter um produto finalizado, pronto e validado para que a gente possa ajudar nessa luta contra a Covid”, conclui.


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