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22/03/2020 às 14h24min - Atualizada em 22/03/2020 às 14h24min

Comércio de Uberlândia cria alternativas para escapar do prejuízo

Delivery, drive-thru, promoções e vendas online são estratégias adotadas pelos comerciantes

BRUNA MERLIN
Bar e restaurante Alfaiataria cria modelo de drive-thru no estabelecimento | Foto: Arquivo Pessoal
A preocupação dos comerciantes uberlandenses cresce a cada dia que passa devido à pandemia mundial do novo coronavírus. Em meio a medidas cautelares, decreto para fechamento de estabelecimentos e quarentena domiciliar dos clientes, os empresários procuram alternativas para driblar a situação e não acumular prejuízos.

Um exemplo é o bar e restaurante Alfaiataria, localizado no centro de Uberlândia, que teve que ser adaptado para cumprir com as restrições estipuladas pela Prefeitura. O local, que contava com shows e apresentações artísticas, foi fechado pelos donos pois o movimento de consumidores diminuiu significativamente.

“Nós abrimos de quarta a domingo. Na última quarta-feira (18), já havíamos cancelado os shows para preservar a saúde dos clientes e funcionários, e atendemos somente uma mesa. A partir daí decidimos fechar e criar outros métodos para vender”, explicou um dos proprietários do bar, Robson Ferraz Júnior.

Robson conta que, além de investir nas entregas de pratos com motoboys, foi criado um modelo de drive-thru no estabelecimento. “Estamos utilizando uma janela para fazer e entregar os pedidos para os motoristas e clientes. Disponibilizei vagas no estacionamento para que eles esperem os pratos ficarem prontos e estamos tentando manter o mínimo contato possível. Já solicitei meu cadastro no iFood também para começar o delivery”, detalhou ele.

Os donos do Alfaiataria também pensaram em um plano para despertar a coletividade entre o restaurante e os artistas que tinham agenda de shows marcada com o estabelecimento nos próximos dias. Segundo Robson, 10% da renda com a venda dos pratos por entregas e drive-thru está sendo destinado aos cantores. O sistema funciona como uma troca de favores entre as partes, sendo assim, os artistas usam suas redes sociais e contatos para anunciar a mudança de atendimento do restaurante, trazendo mais visibilidade para as medidas implantadas.

Mesmo com tantas alterações, Robson precisou dispensar 14 dos seus 15 funcionários e acredita que terá prejuízos. “O número de clientes não é mais o mesmo e continuarei pagando salários aos funcionários dispensados temporariamente. Por enquanto tenho as coisas sob controle, mas tenho muito medo do que pode acontecer se a situação não melhorar. Mas, irei fazer de tudo e mudar quantas vezes for preciso para continuar atendendo”, ressaltou.
 
HORA DA PROMOÇÃO
Ao contrário de Robson, a Ana Angélica Alves Tomé, dona da loja de doces Ana Chocolatier, ainda não precisou dispensar empregados porque já conta com um efetivo menor. Mas, segundo ela, a situação também está complicada com a produção e vendas.

Ana detalhou ao Diário que muitas festas foram canceladas devido ao contágio do coronavírus e isso impactou diretamente seu negócio que produz doces para os eventos. Para contornar a situação, a proprietária adotou oportunidades para chamar a atenção dos clientes.

“Estamos realizando promoções dos produtos que já estão prontos nas prateleiras da loja com desconto de até 50%. Além disso, estou oferecendo entrega grátis para os pedidos de delivery”, disse ela.

Apesar de acreditar que não haverá necessidade de fechar a loja e a produção pois os consumidores ainda procuram pelos produtos, Ana Angélica considera que a crise terá forte impacto na Páscoa, comemorada no dia 12 de abril. “Nós já tivemos um investimento alto com divulgação na mídia, embalagens porque essa é a época que mais recebemos encomendas e demanda. Agora, não temos ideia de como será e isso com certeza assusta”, lamentou.
 
SHOPPINGS
Gerente comercial de um loja de roupas se preocupa com o futuro do estabelecimento | Foto: Arquivo Pessoal


A situação nos shoppings da cidade não está diferente. Ontem, o Center Shopping e o Uberlândia Shopping anunciaram que suspenderam as atividades comerciais a partir de hoje para atender às recomendações do Poder Público. Todas as operações foram fechadas à exceção de supermercados e farmácias, além de serviços de delivery.

O gerente comercial de uma loja de roupas situada em um dos complexos comerciais, localizado na região sul de Uberlândia, Gustavo Brito Mendes, contou que essa é a pior sensação que ele já presenciou no setor varejista. “A loja existe há sete anos aqui e nunca vi uma situação dessa”, frisou ele.
Segundo Gustavo, o movimento de clientes e a procura presencial pelos produtos da loja diminuiu mais que o dobro nos dias em que o shopping ainda estava funcionando normalmente. Antes da crise por causa do coronavírus, cerca de 60 consumidores eram atendidos no estabelecimento.

“Me preocupa muito o fato porque não temos noção do que poderá acontecer daqui uma semana. Nós dependemos das vendas para fazer nosso salário”, disse o gerente.

Como alternativa para diminuir o impacto da crise, o foco será destinado para as vendas online da loja. De acordo com Gustavo, está sendo intensificado a comunicação com os clientes através de mensagens pelo WhatsApp e redes sociais como o Instagram.
 
DICAS
Sebrae orienta fazer planejamento para o futuro
 
Analista do Sebrae Minas fala sobre como comerciantes podem contornar situação | Foto: Divulgação
 
Com o objetivo de orientar os micros e pequenos empresários de Uberlândia, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) liberou uma cartilha com diversas dicas sobre o que fazer para evitar a perda de faturamento durante a crise da Covid-19. Planejamento e redução de despesas fazem parte da lista de diretrizes.

De acordo com a analista do Sebrae Minas, Fabiana Queiroz, o primeiro passo é reconhecer que a crise pode afetar o negócio e traçar novas medidas para contornar a situação. O ideal é que os comerciantes ultrapassem as barreiras e saiam da zona de conforto, ou seja, que planejem novas estratégias que não eram cogitadas ou aplicadas antes do problema.

“Observamos que as pessoas estão em pânico, não pelo vírus, mas sim pelo o que ele pode causar em seus negócios. Então, no primeiro momento nós estamos passando 5 dicas ao empresário para enfrentar essa crise. Elas são os pilares que irão ajudar a sustentar esses micro e pequenos negócios”, disse Fabiana.

A especialista acredita que o mundo digital pode ajudar muito os comércios, principalmente os da área alimentícia. Investir em e-commerce, vendas pelas redes socais e aplicativos de entrega ajudam muito a manter o estabelecimento nessas horas já que o movimento de cliente está diminuindo devido à quarentena domiciliar, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nessas situações é muito importante que os empresários apliquem os conhecimentos de marketing digital para conquistar os clientes, além dos planejamentos de despesas, caixa e faturamento. Outro ponto indispensável é se preocupar com a saúde do consumidor e deixar isso claro para ele porque ele também precisa se sentir protegido”, explicou a analista.
 
Dicas aos comerciantes
 
CAIXA
As pequenas e microempresas devem ficar atentas ao seu caixa, negociando e renegociando prazos com seus fornecedores para que ganhem fôlego nesse período de aperto financeiro. Também devem ficar atentas às linhas de financiamento colocadas pelo Governo Federal e Estadual para empresas com dificuldades financeiras devido à pandemia.
 
FATURAMENTO
Para as empresas que tenham canais diversos de atendimento (físico e remoto) é importante que neste momento invistam no atendimento remoto para suprir a queda do faturamento em seu canal físico. Nesse momento é importante acelerar a implementação de estratégias digitais.
 
REDUZINDO AS DESPESAS
Reavalie todas as despesas, que vão desde o papel para impressão, cafezinho, copo de plástico, material de escritório, plano de telefonia e internet. Veja o que realmente utiliza e se há desperdícios ou há a real necessidade. É o momento de revisar todos os contratos de prestação de serviços e também os de aluguel e financiamentos.
 
FALTA DE INSUMOS E MERCADORIAS
Busque e valide outros fornecedores de mercadorias e insumos, caso possível. Não fique na dependência de um único fornecedor. Avalie a possibilidade de formação de estoques de segurança, sem comprometimento do caixa da empresa e do capital de giro.
 
PLANEJE
Faça um planejamento para os próximos meses. Reveja a sua operação, pois entender quais aspectos do seu negócio podem ser afetados é crucial, portanto, acompanhe o cenário da doença. Tenha um plano de ação prevendo ocorrências futuras e as possíveis alternativas para minimizar os impactos negativos, com foco na saúde dos colaboradores e clientes e na manutenção das atividades da empresa.










 

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