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26/01/2020 às 08h00min - Atualizada em 26/01/2020 às 08h00min

Casal unido pelo amor e esporte paralímpico

Wéverton e Emilene vivem dedicados à dar oportunidades para desportistas com deficiência

EDER SOARES
Casal é fundador do CDDU | Foto: Arquivo Pessoal

Unidos no amor e pelo esporte. Esta é a sina de um casal uberlandense em prol do esporte paralímpico e a luta para que pessoas, às vezes reclusas, possam reencontrar a autoestima, socializar e se tornarem atletas de alto rendimento.  Emilene Rosa Alves dos Santos, de 41 anos, nascida em Uberlândia, conheceu Wéverton Lima dos Santos, de 39 anos,  nascido em Ituiutaba, na Faculdade de Educação Física da UFU, quando Wéverton estava no último período e Emilene voltando de uma temporada fora de Uberlândia, mais precisamente na Bahia onde morou por sete meses.

O casal é fundador do Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU), um dos principais da cidade que apoia o esporte paralímpico e que atualmente mantém parceria com a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel). Atualmente, o clube mantém as modalidades do halterofilismo, com uma das equipes referências no Brasil e que provavelmente terá atletas em Tóquio 2020; bocha, ciclismo, atletismo e natação. Emilene é atual coordenadora de projetos, enquanto Wéverton, que é treinador da equipe de halterofilismo da equipe CDDU/Futel e da Seleção Brasileira, trabalha como conselheiro da Instituição, que atualmente conta com 43 paratletas espalhados em vários núcleos da cidade, o principal deles o de halterofilismo no UTC.
 
Eles se casaram em 2008 e têm duas filhas, Melissa Carolina (8 anos) e Maitê Gabrielle (5 anos). Wéverton iniciou o trabalho com o esporte paralímpico ainda na graduação da faculdade de Educação Física, em 2000, enquanto a sua esposa começou em 2006, por influência do Wéverton, quando ministrava aulas de basquete em cadeira de rodas e natação paralímpica, além de coordenar o departamento de esportes do Instituto Virtus. “Antes do paralímpico já havia trabalhado em diversas áreas da Educação Física, desde a escola até as aulas de hidroginástica e ginástica laboral, passando pelas aulas de basquete, modalidade na qual fui atleta por mais de 15 anos”, afirmou Emilene.

CDDU
Em 2008, em uma conversa na cozinha com alguns amigos veio a ideia de Emiline e Wéverton de criar o CDDU. ”Inicialmente queríamos dar oportunidade aos nossos alunos de participarem de competições de nível nacional, coisa que a instituição em que estávamos não queria. A partir desta ideia, busquei informação de como criar uma instituição para trabalhar com esporte para pessoas com deficiência e alto rendimento. Fundamos o CDDU em 24 de março de 2009. Era para associação ficar "engavetada" por pelo menos u ano para conseguirmos nos organizar melhor, mas no mês da fundação já recebemos o convite para participar da organização de uma competição de supino. Assim, iniciamos as atividades no próprio mês de março de 2009”, disse Emilene, que completou.

“Pensávamos em uma associação que tivesse resultados diferentes do que já havíamos vivenciado até então. Algo voltado 100% para o esporte paralímpico. Hoje, graças ao trabalho desenvolvido por todos, associados, diretoria, parceiros, profissionais, temos uma instituição consolidada e reconhecida nacionalmente. Somos sócios fundadores junto com nossos parceiros/compadres Sandra Raquel e Oscar Carvalho”, afirmou.

O CDDU se sustenta hoje com as doações dos associados, de empresas parceiras, repasse de verba municipal através da Futel e projetos de Lei de Incentivo Estadual e Federal. A Futel, através de parceria, sede os profissionais e alguns espaços para a realização dos treinamentos. A ajuda aos paratletas é dada através da orientação para a melhor forma de treinamento, em conjunto com os professores, total suporte administrativo para que os mesmos possam participar das competições oficiais, nacionais e internacionais, os mais diversos auxílios pessoais, interlocução entre associados e parceiros (nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, etc), confederações, etc.

“Hoje temo atletismo, bocha, ciclismo, halterofilismo e natação. Os parceiros hoje são: Futel/PMU (locais de treino como UTC e CIE, profissionais e projeto saúde do atleta com consultas médicas gratuitas e fisioterapia), SESI Gravatás (local de treino), Odontologic (clínica odontológica), Alta Performance (psicólogo - Lucas Lara), Performa Uberlândia (clínica de fisioterapia), Ampla - Assessoria para PCD (assessoria jurídica), 2M Viagens e Casa Pinhal”, citou Wéverton.

RESULTADOS
Segundo Wéverton quando são questionados em relação aos resultados da equipe CDDU/Futel,  a pergunta sempre respondida com muita satisfação.  “São inúmeros resultados ao longo destes dez anos, desde medalhas em competições nacionais de diversos níveis (escolar, universitário e adulto) até medalhas em Campeonatos Mundiais, Jogos Parapanamericanos e Jogos Paralímpicos. A equipe de halterofilismo paralímpico, por exemplo, é a atual tetra-campeã brasileira do Circuito Brasil Paralímpico, nos últimos quatro anos consecutivos”, disse.

Os principais atletas revelados pelo CDDU até hoje foram Rodrigo Marques (participou dos Jogos Paralímpicos de Londres em 2012, sendo o único atleta do Brasil do halterofilismo que conquistou medalha nas quatro edições dos Jogos Parapanamericanos); Rafael Vansolim (Campeão Mundial Júnior em Dubai/2014 e primeiro atleta do Brasil no halterofilismo a conquistar uma medalha em Jogos Mundiais); Lara Lima, atleta de 16 anos que hoje está entre as dez melhores atletas do mundo na sua categoria, sendo medalhista em Competições Internacionais, inclusive nos Jogos Parapanamericanos de Lima/Peru 2019. Mateus Assis, que hoje é o atleta mais forte do país, estando também entre os dez melhores do mundo na sua categoria.

Na Bocha, o grande destaque é Mateus Carvalho, medalhista de ouro e bronze nos Jogos Parapan-americanos de Lima/Peru em 2019. No ciclismo, está Eduardo Pimenta, também medalhista de ouro e Bronze nos Jogos Parapanamericanos de Lima/Peru em 2019. Eduardo passou pela equipe de halterofilismo anos atrás e depois migrou para o ciclismo onde deslanchou. De todos estes atletas citados, Lara, Mateus Assis, Mateus Carvalho e Eduardo têm grandes chances de se classificarem para os Jogos Paralímpicos de Tokyo 2020.

MOMENTO
Segundo o casal, ainda há muito o que melhorar em termos de apoio e estrutura para a prática do paradesporto, mas que Uberlândia ainda está à frente de muitos grandes municípios do país. “Temos visto nas nossas andanças pelo país que Uberlândia é uma das cidades que mais apoia o esporte paralímpico. Em nossas conversas com atletas e clubes, a grande maioria relata problemas que nós aqui muitas vezes não temos, como falta de local para treinamento, falta de profissionais e falta de apoio para participar das competições. Claro que nossa realidade ainda é muito longe do ideal, mas muito à frente de grandes equipes nacionais”, disse Emilene, que deu a sua opinião sobre o que ainda precisa ser melhorado. 

“Também sabemos que para melhorar nossa realidade devemos pensar diferente para termos resultados diferentes, pois quem pensa igual vai ter sempre os mesmos resultados, buscamos sempre a melhor forma de alcançar os resultados assim como potencializar aquilo que temos de melhor. Sentimos a falta de apoio da iniciativa privada que mesmo através dos projetos incentivados (lei estadual e lei federal) ainda é de difícil acesso. O esporte paralímpico e seus grandes resultados ainda é desconhecido das empresas privadas de forma geral, sendo assim as empresas ainda têm grande receio de ligar seus nomes ou marcas ao esporte paralímpico e seus atletas. As mesmas ainda têm a visão que o atleta paralímpico é apenas uma pessoa com deficiência e não um atleta de alta performance, e no entanto, esporte paralímpico hoje é sinônimo de alto rendimento”, afirmou Wéverton.
 
Para finalizar, Emilene discorreu sobre a importância e valor do esporte paralímpico na vida de sua família.  “Hoje todo nosso dia-a-dia é voltado para o esporte paralímpico e criamos nossas filhas nesse ambiente tendo em vista que elas frequentam alguns treinamentos e assistem as competições constantemente, sabendo inclusive as regras de várias modalidades”, disse.

Quem quiser ingressar nas equipes de competição, ou mesmo quem desejar ser atleta, deve procurar os treinadores em um dos locais de treinamento para que seja feita uma avaliação inicial, onde será orientada a melhor modalidade de acordo com a sua deficiência e biótipo. Ou também pode entrar em contato com o próprio CDDU através de suas redes sociais, telefone/ WhatsApp ou e-mail.
 
RIFA
O CDDU está com uma “AÇÃO ENTRE AMIGOS” em prol da manutenção das atividades da instituição e pede a colaboração da sociedade em geral com a campanha. Com R$3,00, a pessoa concorrerá a uma Air Fryer. No caso de quem mora em Uberlândia, os bilhetes podem ser levados até o comprador. Aqueles que são de fora podem chamar através do WhatsApp.
 
CONTATOS CDDU
(34) 99124-6262 (whatsApp do CDDU)
(34) 4101-0949 (fixo CDDU)
E-mail:
[email protected].
Redes Sociais: @cdduuberlandia (instagram) e Facebook: @cddu10anos e Cddu Udi












 


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