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04/12/2019 às 08h50min - Atualizada em 04/12/2019 às 08h50min

Descarte irregular de lixo contribui para alagamentos em Uberlândia

Município retira lixo e resíduos de 80 a 100 bocas de lobo por dia

NILSON BRAZ
Atualmente existem 159 pontos catalogados pelo município para o descarte correto de resíduos | Foto: PMU/Secom/Divulgação
Um problema histórico de Uberlândia são os constantes alagamentos dentro da cidade em períodos chuvosos. Alguns trechos como as vias sob os viadutos das BRs 050 e 365, pontos mais baixos das avenidas João Naves de Ávila e Rondon Pacheco e ainda pontos das avenidas Balaiadas, Antônio Thomaz Ferreira de Resende e Comendador Alexandrino Garcia, são constantemente monitorados pela Defesa Civil e pelos órgãos de segurança.

Somente nesta semana houve duas pancadas de chuva que atingiram a cidade –  na segunda e terça - e mais uma vez o problema foi evidenciado. Além dos pontos mais propícios aos alagamentos, outros locais como as marginais da BR-050, ou até mesmo avenidas largas como a Olímpio de Freitas, no Jardim Holanda, ficaram tomadas pela água.

Mas este não é apenas um problema estrutural. Os alagamentos e os transtornos causados pelas chuvas têm um fator agravante, que é comportamental: o descarte irregular de lixo. Um comportamento percebido principalmente em cidades maiores, com um volume maior de habitantes, como é o caso de Uberlândia.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbanístico, João Batista Ferreira Júnior, o ato de jogar um lixo fora do local adequado ainda é muito percebido na população local, uma vez que é grande o volume de entulho retirado das bocas de lobo.

“Um dos maiores problemas das grandes cidades é o descarte irregular de resíduos, as pessoas que não acondicionam os seus resíduos da maneira correta”, diz o secretário. “E com isso nós temos que fazer o paliativo, para tentar minimizar os efeitos desses descartes irregulares. O que a gente tem feito nesse período de chuvas é intensificar a limpeza de bocas de lobo”, completa.

 

João Júnior diz que diariamente são desobstruídas de 80 a 100 bocas de lobo pela equipe de limpeza urbana. “É um trabalho muito grande, que causa um efeito positivo, mas se as pessoas continuarem não acondicionado os materiais de maneira correta e descartando de maneira irregular, esse vai ser um trabalho de ‘enxugar gelo’, visto o tamanho de Uberlândia”, diz o secretário. 

Além do lixo comum, João Júnior disse ainda que grande parte dos resíduos retirados das redes pluviais são materiais de construção civil. “Pessoas que estão fazendo pequenas obras ou reformas, ou até mesmo as grandes obras, compram e acondicionam estes materiais, como areia e brita, na porta da residência. Se não tem um local próprio para acondicionar, esse material vai, principalmente nesse período de chuva, ser arrastado para a primeira boca de lobo que tiver perto”. 

O secretário alerta para a necessidade de se criar uma consciência no cidadão, pois qualquer descarte aleatório, seja de papel de bala ou materiais de construção armazenados de maneira incorreta, afeta a população como um todo. “Essa consciência, essa educação ambiental, nós temos trabalhado em várias campanhas na cidade. Só neste ano realizamos oito blitzen ambientais, conversando com a população nos semáforos e entregando o ‘lixocar’, que são aquelas sacolinhas que se colocam no câmbio do carro, para que as pessoas, ao invés de dispensar na rua, pela janela, coloquem ali e depois joguem fora em casa, no lixo”.

ESTRUTURA
De acordo com o gerente de drenagem pluvial do Dmae, Cleyton Silas Martins, é impossível dissociar a problemática dos alagamentos ao acúmulo de lixo que foi descartado de maneira incorreta. Ele lembrou, por exemplo, o incidente que aconteceu no mês passado em que parte do asfalto na rua Haia, no bairro Tibery, cedeu depois de uma forte tempestade que atingiu a cidade. “Tínhamos ali uma grelha com extensão de 12 metros por 80 centímetros de largura, enorme, e que conseguiram entupir ela toda com lixo que veio com a enxurrada. Uma coisa extraordinária pelo tamanho que ela tinha”, comentou.

Mas para Cleyton esse não é o único fator responsável por alagamentos em Uberlândia. Ele pontua que com a impermeabilização do solo, causado pelo crescimento da cidade, os pontos onde a água era absorvida naturalmente pelo solo se tornaram escassos, fazendo com que o escoamento da água da chuva dependa, quase que exclusivamente, da rede pluvial.

 
“Com a cidade crescendo, com a ocupação do solo, essa água não infiltra mais no terreno, ela vai ser carreada superficialmente, pelas canaletas, ruas, até um ponto em que ela vai ser captada pelas bocas de lobo”, aponta o gerente. “Acontece muito de planejar um bairro, calcular essa dimensão da rede, mas com a evolução, crescimento, novos bairros, essa rede vai ficando sobrecarregada. É onde acontece, às vezes, esses alagamentos. A solução seria o redirecionamento desta rede. Mas em uma área que já está urbanizada, o custo é muito maior. Tem que ser feito à medida da demanda, mas também à medida de recursos financeiros [disponíveis]”, disse Cleyton.

Volume nos Ecopontos triplicou
Como medida para evitar que mais resíduos se acumulem nas redes pluviais, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbanístico tem intensificado a atuação e adotado novos procedimentos. Como, por exemplo, a mudança de algumas políticas de recebimento de resíduos nos Ecopontos e o recolhimento de lixo em pontos críticos de descarte irregular.

João Júnior afirma que desde janeiro o recebimento mensal de materiais nos Ecopontos triplicou, se comparado com períodos anteriores. Isso porque o lixo que é levado pelos pequenos transportadores passou a ser aceito. “Antigamente, o gestor tinha a visão de que o Ecoponto era para receber o resíduo do pequeno gerador. Porque se você for gerar muito resíduo, você vai contratar uma caçamba. Mas se você vai fazer uma pequena reforma, você contratava um carroceiro, ou alguém com carretinha, para destinar o lixo no Ecoponto. O que acontecia? Este pequeno transportador, quando ia no Ecoponto, poderia entregar apenas uma vez por dia, depois disso ele não poderia levar mais”.

Ele explica que esse protocolo acabava agravando o descarte irregular de lixo nos pontos críticos. “Ele [pequeno transportador] tinha demanda de várias pessoas, porque eram essas pessoas que geravam esses resíduos, não ele. E como ele não poderia deixar de trabalhar, de receber por estes fretes, ele acabava jogando em algum terreno, porque a Prefeitura não recebia o material dele. Então essa mudança foi drástica e com isso nós triplicamos o recebimento de resíduos nos Ecopontos”, disse o secretário.

Em relação aos pontos críticos, o secretário disse que tem intensificado a limpeza desses locais. Atualmente existem 159 pontos catalogados pelo município, com uma limpeza periódica que acontece duas vezes por mês. Em 2017, foram recolhidos mais de 40 toneladas de lixo nesses locais; em 2018, quase 43 toneladas e neste ano, até o mês de outubro, o número mais que dobrou, sendo coletadas mais de 90 mil toneladas de resíduos nos pontos críticos.

SERVIÇO
Há vários serviços disponibilizados pela Prefeitura que, se utilizados corriqueiramente, auxilia os órgãos públicos no trabalho de limpeza urbana. Para recolher objetos descartados, como sofás, TVs, guarda-roupa, cama, mesa e móveis em geral é disponibilizado o ‘Cata-treco’, que pode ser acionado pelo telefone (34) 3212-5356. Por esse mesmo número também é possível solicitar o recolhimento de galhos em vias públicas e animais mortos de grande porte. Para os de pequeno porte o contato deve ser feito pelo Ligue Fácil Dmae, no telefone 115.

Para solicitar capina, roçagem, varrição ou limpeza de algum lugar específico, o contato deve ser feito no Serviço de Informação Municipal (SIM), pelo telefone (34) 3239-2800, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. 






 
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