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16/08/2019 às 17h06min - Atualizada em 16/08/2019 às 17h06min

​Processo contra atirador que matou a ex e outras 3 pessoas em Paracatu é suspenso

Justiça acatou pedido da defesa para submeter Rudson Aragão a exame de insanidade mental; promotora criminal defende que autor não é inimputável

CAROLINE ALEIXO
Rudson matou ex-namorada com golpes de canivete e depois atirou contra fiéis de igreja evangélica | Foto: Reprodução/Facebook
A Vara Criminal da comarca de Paracatu, no Noroeste do estado, suspendeu o processo de Rudson Aragão Guimarães, de 40 anos, acusado de matar quatro pessoas na cidade em maio. Uma das vítimas era ex-namorada do autor e as demais foram assassinadas a tiros dentro da igreja Batista Shalom. Ele está preso no presídio de Patrocínio, no Alto Paranaíba. 

O embargo ocorre em virtude de a defesa ter solicitado ao juiz que o réu fosse submetido a exame de insanidade mental. O pedido foi deferido na última quarta-feira e a publicação da suspensão do processo penal ocorreu nesta sexta-feira (16).

 
De acordo com a promotora de Justiça Maria Constância Martins da Costa, que denunciou Rudson pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio, a comarca de Patrocínio vai designar um perito para realizar o exame. Em seguida, é preciso aguardar o resultado do laudo que não tem prazo para sair. 

Caso o resultado do exame considere o autor inimputável, ou seja, ele não poderia ser penalmente responsabilizado pelos crimes em virtude de doença mental, Rudson poderá ficar isento da pena e ir para um manicômio judiciário. Ou se o exame apontá-lo como semi-imputável, se condenado, ele poderia ter a pena reduzida de 1 a 2/3. 

 
“O Ministério Público aqui de Paracatu vai entrar em contato com o MP de Patrocínio para acelerar o processo, então acredito que não vá demorar. Mas para mim vai ser uma grande surpresa se ele tiver algum grau de inimputabilidade. O Rudson trabalhava, ele era articulado, e acho que a única coisa que ele tinha era muito ódio no coração”, comentou.

O Diário não conseguiu falar com o advogado de defesa nos números disponibilizados pela Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais (OAB-MG). 

Feminicídio e outras quatro qualificadoras
Com a conclusão do inquérito da Polícia Civil, a promotora ofereceu a denúncia de Rudson ao Judiciário por quatro homicídios qualificados e a tentativa de homicídio contra o pastor da igreja. 

A principal linha de investigação foi de que a motivação dos crimes seria um desentendimento relacionado à destituição do autor de um cargo na igreja e do afastamento de algumas pessoas. Em virtude disso, ele passou a adotar comportamento agressivo nos últimos dias antes de cometer os crimes e tinha como principal alvo o pastor Evandro Rama. 

Uberlandense Heloisa Andrade foi uma das vítimas no ataque em Paracatu | Foto: Reprodução/Facebook 

No caso da uberlandense Heloisa Vieira Andrade, o réu responde por quatro qualificadoras que são motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio, uma vez que ela era ex-namorada do autor.

Em relação às vítimas Antônio Rama, Rosangela Albernaz e Marilene Martins Neves, assassinadas dentro da igreja, Rudson responde pelos homicídios triplamente qualificados por motivo fútil, recurso que impediu a defesa das vítimas e perigo comum.

O autor também foi denunciado pela tentativa de homicídio do pastor Evandro, que era o principal alvo do atirador na chacina. Neste caso, também foi constada a qualificadora de perigo comum. 

“A qualificadora de perigo comum ocorreu quando ele atirou em um lugar com mais pessoas, podendo atingir não só o alvo que ele desejava, mas colocando em risco também a vida de outras pessoas”, explicou a promotora criminal. 

Além de pedir ao Judiciário que o autor seja condenado pelos crimes apontados, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu ainda que ele fosse sentenciado a pagar indenização às famílias das vítimas em valor estimado de 250 salários mínimos como reparação mínima pelos danos causados. 

O MASSACRE
O crime foi registrado na noite do dia 21 de maio. A primeira vítima de Rudson foi a coach Heloisa Vieira. Os dois tiveram um relacionamento amoroso e, segundo a Polícia Civil, ela foi morta com golpes de canivete no momento em que orava pelo autor junto a familiares na casa da irmã dele. A mulher não resistiu aos ferimentos e morreu. Ela foi sepultada em Uberlândia dois dias depois. 

Depois de esfaquear a ex, o autor invadiu a igreja com uma garrucha calibre .36 no momento em que ocorria uma reunião fechada. Ele atirou contra três fiéis sendo o pai do pastor, Antônio Rama, Rosangela e Marilene. Por fim, ainda tentou assassinar o pastor, que conseguiu fugir pulando o muro.

 
Homem invadiu igreja e atirou contra fiéis na noite desta terça-feira (21)

Um policial que passava pelo local evitou que o ataque continuasse e atirou contra Rudson no rosto e na clavícula. Rudson foi levado para o Hospital Municipal de Paracatu em estado grave, tentou se matar e, após a recuperação, foi levado para o presídio da cidade. 

A defesa teria alegado que ele sofria ameaças e o detento chegou a ser transferido de duas unidades prisionais e se encontra hoje na comarca de Patrocínio. 

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