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23/06/2019 às 08h00min - Atualizada em 23/06/2019 às 08h00min

Cidão relembra época de presidente do Uberlândia

Aos 73 anos, José Aparecido Martins trabalha como advogado e não deixa de acompanhar os jogos do Verdão

EDER SOARES
Foto: Eder Soares
Ele é considerado um dos presidentes mais populares na história do Uberlândia Esporte Clube. José Aparecido Martins, de 73 anos, é advogado e também foi vice presidente da Câmara dos Vereadores, entre outros cargos públicos e esportivos. Cidão, como é popularmente conhecido, presidiu o Verdão nos anos de 1978 e 1979. Em sua administração, o clube chegou a resultados expressivos como a primeira participação do clube em um Campeonato Brasileiro disputado em 1978, quando o Verdão terminou ne 64ª colocação entre os 74 participantes. Já no ano seguinte, o clube fez uma campanha histórica na elite do Brasileirão chegando na nona colocação, entre mais de 90 clubes participantes.

Além de grandes amistosos que lotavam as arquibancadas do Estádio Juca Ribeiro, Cidão trazia show de artistas renomados da época, como Os Trapalhões, Milionário e José Rico, entre outros. “Fui pegar Os Trapalhões no Aeroporto, eles fecharam as cortinas do ônibus no caminho e eu Falei com o Renato Aragão: Deixa o pessoal que está nas calçadas ver vocês”, disse.

Cidão fez questão de registrar cada dia dos seus dois anos de mandato. Ele guarda o que chama de um dossiê com todos os recortes de jornais da época, que trazem fichas técnicas de jogos e reportagens de um tempo de ouro do futebol de Uberlândia. “Eu registrei tudo. Neste dossiê não tem mentiras. Fiz questão de guardas cada passo dos meus dois anos de mandato no Uberlândia Esporte Clube. Foi uma época maravilhosa, de muitas vitórias e alegrias para o torcedor de Uberlândia”.

Sobre a primeira participação do Verdão em um Campeonato Brasileiro, Cidão conta que foi convidado pelo então presidente da época, Mário Borges, para assumir a presidência. “ O Mário me chamou dizendo que precisaria de mim, porque o Uberlândia iria participar do Campeonato Brasileiro. Nós colocamos uma arquibancada de madeira no Estádio Juca Ribeiro, o que aumentou a capacidade de 5 mil para 10 mil mais ou menos, mas entravam nos jogos entre 15 e 20 mil pessoas até. Os amistosos e jogos pelo Campeonato Mineiro sempre tinham as arquibancadas lotadas”, disse Cidão.
 
IDEIA DO SABIÁ

José Aparecido Martins conta que antes de um dos grandes amistosos realizados no Juca Ribeiro, ele estava no centro do gramado ao lado do então prefeito Virgílio Galassi, que vendo o volume gigantesco de torcedores disse que iria fazer um estádio para mais de 60 mil pessoas, hoje o Estádio Parque do Sabiá, inaugurado em 1982.

“Estávamos no centro do gramado eu e o Virgílio Galassi. Ele me disse: “Nós precisamos fazer um estádio em Uberlândia para mais de 60 mil pessoas”. Ele enxergava além da montanha e sabia que a cidade o clube precisaria de um estádio maior, porque infelizmente o Juca Ribeiro não estava comportando mais. Ele via a fluência das pessoas no estádio”.
 
ÉPICO UBERLÂNDIA X BOTAFOGO

Até meados da década de 1980, os amistosos faziam parte da cultura esportiva do futebol brasileiro, que não tinha tantas competições como hoje. Os amistosos eram encarados pelas equipes como se fosse campeonatos ou mesmo decisões. Os times menores tinham o costume de contratar grandes clubes para jogar em suas cidades e dessa forma arrecadar um bom dinheiro como uma forma de receita. Cidão trouxe em seu mandato jogos contra Corinthians, Vasco, Internacional (RS) e Botafogo. E foi justamente contra o clube da estrela solitária uma das passagens mais marcantes e polêmicas na história do Verdão.

No dia 6 de março de 1978, o Botafogo que era comandado por Mário Jorge Lobo Zagallo e tinha um elenco recheados de craques como o centroavante Paulo Cézar Caju, o meia Mário Sérgio e entre outros.  

O Botafogo tinha uma série de 23 partidas invictas, que mais tarde, se tornaria a maior do futebol brasileiro chegando a 44 jogos. A partida estava empatada por 2 a 2, quando aos 44 minutos o juiz da partida assinalou um pênalti para o Verdão. Para evitar a quebra da invencibilidade, o velho Zagalo, juntamente com Paulo Cézar Caju, retirou o time do Bota de campo para evitar a perda da invencibilidade, o que repercutiria de forma negativa para o clube carioca.

Cidão descreve como foi o lance polêmico. “ O nosso zagueiro, Dias, que chutava muito forte, bateu uma falta com muita violência e a bola iria pegar no estomago do Mário Sérgio. Ele segurou a bola com a mão para não ser atingido. Foi um pênalti claríssimo. Mas o Caju e o Zagalo não deixaram bater, retiram o time de campo e o jogo terminou 2 a 2. Isso repercutiu na imprensa de todo o Brasil e foi uma história muito bonita”, disse.

Na edição do dia 7 de março de 1978, o Jornal Correio de Uberlândia trazia a seguinte manchete: Time de Zagalo não aguentou o “repucho” Periquito abandonando o campo de jogo antes do tempo normal.

Ficha técnica

UEC
: Ernani; Geraldo (Macalé), Chico, Dias e Zezé; Carlos Alberto, Rubinho e Odair; Paulinho, Gil e Ferraz. Técnico: Aderbal Lana
Botafogo: Zé Carlos; Perivaldo (Beto), Osmar, Fred e China (Mário Sérgio); Luizinho (Wscley), Mendonça e Ademir; Dé, Nilson e Paulo Cézar Caju. Técnico: Zagallo

DIRCEU LOPES
 
Uma das maiores contratações na história do Uberlândia Esporte foi a chegada do craque do Cruzeiro, Dirceu Lopes, segundo maior artilheiro na história do time celeste, atrás somente de Tostão. Ele foi contratado em 1978, mas foi no ano seguinte que o jogador fez toda a diferença na grande campanha de nono lutar na Série A do Brasileiro.


Dirceu Lopes, o segundo atleta da direita para esquerda na linha de baixo | Foto: Divulgação

O diretor de futebol da época, Mário Borges, e Cidão, tiveram uma conversa séria, já que na visão dos dois o Verdão precisava de um jogador referência para a disputa do Brasileirão. Veio a ideia de contratar o lendário artilheiro do Cruzeiro, Dirceu Lopez, que já estava parado por estar acima da casa dos 30 anos, o que era considerado jogador velho para aquela época.

“O Dirceu Lopes estava parado, e apesar de estar acima dos 30 anos estava inteiro. Ele estava montando uma fábrica de camisas e precisava de um valor para comprar mais uma máquina. Fomos no Virgílio Galassi, que ligou para o Edmundo, dono da CCO. Foi ele que conseguiu o montante para viabilizar a vinda do Dirceu. Eram todos os jogos lotados. Todos queriam ver o Dirceu Lopes em campo, que além de tudo jogou demais e fez muitos gols com a camisa do Uberlândia”, disse.
 
 
 
 
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