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17/01/2019 às 12h21min - Atualizada em 17/01/2019 às 12h21min

Rio de Janeiro também tem sossego

Longe dos pontos mais badalados, Barra da Tijuca atrai interessados em belas praias e muito verde

FOLHAPRESS
Prainha, no Recreio dos Bandeirantes, é uma das áreas mais preservadas da região | Foto: Folhapress
Localizada na zona oeste do Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca não é um destino óbvio. O bairro fica longe dos principais pontos turísticos da cidade, e a dependência de carro para circular pela região lhe rendeu o apelido de "Miami carioca". Desde as vésperas da Olimpíada de 2016, no entanto, a região está se transformando. Os marcos dessa mudança foram a inauguração da linha quatro do Metrô em 2016, ligando o Jardim Oceânico ao Leblon em apenas dez minutos, e a expansão hoteleira.

Entre 2010 e 2017, o número de quartos na área quadruplicou, segundo a Associação de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), passando de 3,5 mil para 14 mil unidades de hospedagem. O bairro também atrai a cada dia mais turistas. Nos feriados de 15 e 20 de novembro de 2018, os estabelecimentos registraram 83% de ocupação, de acordo com o Sindicato de Hotéis do Rio (SindHotéis). Em 2017, a taxa foi inferior a 50%. O motivo é, em parte, a própria distância da zona sul e do centro, que, se antes afastava os viajantes da área, hoje funciona como um atrativo para quem quer curtir a beleza natural do Rio longe do burburinho dos pontos turísticos tradicionais. É a orla mais extensa da cidade, com belas praias e muito verde.

Contando cerca de 15 km da praia do Pepê até a divisa com o Recreio dos Bandeirantes, perto do posto nove, é raro ver suas areias cheias como é comum em Copacabana, Ipanema e Leblon. É avançando pela zona oeste em direção à Barra de Guaratiba, no entanto, que ficam dois dos principais destaques da região: a Prainha e a praia de Grumari. Situadas em áreas de proteção ambiental, sem prédios ou grandes avenidas ao fundo, as duas só são acessíveis de carro. A vista da praia da avenida Estado da Guanabara já vale a viagem.

A distância da civilização e as ondas fortes colocaram as duas praias entre as preferidas dos surfistas. Nas outras praias da zona oeste, a modalidade divide o foco com uma variedade de esportes aquáticos, como kitesurfe, windsurfe e stand-up paddle, febre entre os cariocas desde o verão passado. As lagoas que circundam a Barra são mais um atrativo. Destaque para a de Marapendi, que forma com outras três o complexo lagunar de Jacarepaguá. Localizada em frente à praia da Reserva, tem vegetação de mangue e fauna diversa, com biguás, garças e até jacarés, que vez ou outra circulam pelas rodovias.

Na lagoa, é fácil esquecer que se está em uma das maiores metrópoles do país. Só não invente de dar um mergulho: as águas são impróprias para banho, de acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A EcoBalsas oferece tours guiados por biólogos às quintas, sábados e domingos. A lagoa é uma das entradas do Campo Olímpico de Golfe, um dos legados dos jogos de 2016. Em área de proteção ambiental, o terreno de 1 km quadrado impressiona pelo silêncio. Quem não joga pode ter um gostinho da calmaria em aulas gratuitas aos sábados e domingos, das 10h às 12h. Mas lembre-se de ir vestido a caráter, de blusa, bermuda e tênis branco.

A oeste da Barra, em Barra de Guaratiba, fica o antigo sítio do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), responsável, entre outras obras, pelo desenho do calçadão de Copacabana. A propriedade, uma antiga plantação de bananas, funcionava como um laboratório vivo de aclimatação de espécies quando era o lar de Burle Marx. Lá estão mais de 3.500 espécies de plantas tropicais –o Jardim Botânico tem 2.750.

Também é possível conhecer a casa e os dois ateliês do paisagista, que ainda desenhava joias, cantava ópera e pintava. As toalhas de mesa do local foram feitas por ele, além de dezenas de quadros e do teto de um dos cômodos. Os passeios, com duração de uma hora e meia, são guiados e acontecem de terça a sábado. Nos fins de semana, costumam lotar, então é recomendável agendá-los com uma semana de antecedência.

RESORT DE BAIRRO

Os viajantes em busca de sossego total podem se hospedar em um dos muitos hotéis de estilo resort do bairro, como o Hilton Barra, o Windsor Barra, o Marapendi, o Grand Hyatt e o Wyndham, antigo Gran Nobile. Afiliados a redes internacionais, têm complexos de lazer que incluem piscina, sauna e restaurantes.
O Hyatt é o que mais se encaixa no perfil de resort. Mantém uma programação exclusiva para os hóspedes e tem dois restaurantes: o Cantô Gastrô & Lounge, de comida brasileira, e o japonês Shiso. O último foi listado no Guia Michelin Rio de Janeiro e São Paulo 2018.

Para uma gastronomia mais acessível, aposte nos quiosques espalhados ao longo da orla da Barra, que combinam o conforto dos restaurantes ao frescor da brisa do mar. Sempre lotado em Copacabana, o Seu Vidal abriu em junho sua segunda unidade na Barra, ao lado do posto cinco. Adaptou o cardápio gorduroso original para o clima praiano, com sanduíches mais leves, de atum marinado e salmão (ambos R$ 45).

Mais adiante, em frente à praça do Ó, fica o Bar&Co de Jessica Sanchez, primeira mulher a coordenar o bar do Copacabana Palace. A carta de drinks tem opções refrescantes, como o Grasshopper, de vodka, kiwi, capim limão e hortelã (R$ 25), e o Queen Sizzle Park, de rum envelhecido, limão, hortelã e licor Angostura (R$ 29). Próximo do posto dois, o K08 é o ponto de encontro da turma saudável. No quiosque, sede de um clube de kitesurfe de mesmo nome, a pedida é a tigela de açaí natural (R$ 29).

Ali perto, a avenida Olegário Maciel é o centro da vida noturna barrense e reúne restaurantes e bares com preços e propostas culinárias variadas.
Destaque para os "pés-limpos", como os cariocas chamam os botecos arrumadinhos, com uma atmosfera que lembra a do baixo Leblon, da Gávea e de Botafogo, locais onde a regra é ver e ser visto. Há também filiais de alguns restaurantes queridinhos da zona sul e do centro, como o árabe Bar do Elias, o Brewteco, o T. T. Burger de Thomas Troigros e a Void, mistura de bar e loja favorita do público alternativo. Uma mudança e tanto em relação ao antigo estereótipo da Barra da Tijuca, de condomínios fechados e shoppings.
 
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