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08/11/2018 às 11h40min - Atualizada em 08/11/2018 às 11h40min

Graduados no Rock n´Roll High School

Banda carioca de punk rock volta a Uberlândia com turnê que celebra 20 anos de devoção ao faça você mesmo

ADREANA OLIVEIRA
Henrique Badke, Bjorn, Melvin e Pedro | Foto: Divulgação
Há 20 anos, no Rio de Janeiro, Henrique Badke, Pedro Roberto e Melvin formaram uma banda. Em comum, a paixão por Ramones. Escolheram o nome Carbona, em referência à música “Carbona not glue”, do quarteto fantástico de Nova York. Aquele trio carioca, os moleques que curtiam rock cresceram, apareceram e não se deixaram se abater nos momentos difíceis. Hoje voltam a Uberlândia para um show da turnê comemorativa na festa “Rock n´Roll Colegial”, no Rock n´Beer, que terá ainda participação das bandas uberlandenses Don Dillinger e Deora.

São 11 discos com composições em inglês e português, turnê com Marky Ramone e uma força extra com um quarto integrante, o guitarrista Bjorn após 10 anos. Agora, em formato power trio com Badke (guitarra e vocal), Melvin (baixo) e Fred Costa (Raimundos) eles reencontram a estrada. Mais maduros sim, mas nada chatos. Confira a entrevista de Henrique Badke.

São 20 anos de Carbona. Se é muito para qualquer banda, para uma que sobrevive no circuito independente é um motivo e até um dever comemorar essa data, não é? Como tem sido esse reencontro com a estrada?
Muitas vezes paramos, observamos a trajetória, recordamos os projetos e momentos vividos nestes anos sem interrupções e o resultado é sempre de alegria e gratidão. Os shows que estamos fazendo neste semestre, e os que virão em 2019, resultam de um esforço de 20 anos enfileirado por todos os integrantes da banda em completa devoção rock n roll, combinado com um suporte incondicional dos fãs que nos inspira e sem dúvida é o grande combustível para estarmos na estrada! A energia resultante deste encontro de esforço e suporte estão resultando em shows incríveis! Já passamos por São Paulo, Curitiba, Campinas, São Jose dos Campos e agora faremos Uberlândia e Goiânia.

Você consegue identificar algo semelhante na cena em que o Carbona surgiu e a qual está inserido hoje ou não tem nada a ver?
Este é um tema que gera excelentes reflexões. Vejo semelhanças e diferenças. Hoje a dinâmica é mais veloz, mais fragmentada do que antes, são muitas plataformas de comunicação. Um trabalho artístico precisa ser desdobrado em muitas delas. Guardo com carinho um senso de comunidade, uma “incondicionalidade” no fazer música nos primeiros anos. Gastação de sola de sapato, cartazes colados em poste, panfletagem na porta de bares e escolas por integrantes de bandas. Coisas que a gente não vê mais. Mas o mundo gira e uma coisa não muda: vontade, esforço, capacidade de sustentar propósitos por muitos anos. Isso nunca deixará de ser a fórmula pra fazer a música e o rock rolar!

E o Henrique, guitarrista, compositor e vocalista, mudou muito nessas duas décadas? Como faz para manter a chama acesa do espírito punk rock em um país que pouco liga ou investe em qualquer tipo de cultura?
Como indivíduo mudei bastante. Acho que todos nós mudamos. O mundo gira na dança da mudança. Mas como compositor devo confessar que não (risos). Resolvi estudar no Rock n` Roll High School e desde que me formei por lá desenvolvi essa devoção por mestres do rock que construíram sua carreira entregando aquilo que sempre se esperava deles. Ramones, AC/DC, Muzzarelas, The Queers e muitos outros que lançavam e lançam discos geniais, que surpreendem ao mesmo tempo que entregam aquilo que se espera. Estou certo de não ser este o único caminho. The Clash, Bowie, Skank e milhares de bandas que exploram diferentes vertentes na carreira, mas este não foi meu caminho. Eu sou fã de punk rock. Sou fã da simplicidade dos três acordes. Isso é uma filosofia de vida. Quantas melodias é possível fazer em cima dos mesmos acordes? Muitas, infinitas, isso é fascinante.

Você tem uma produção solo muito bacana também, fale um pouco de como foi esse processo e da diferença das músicas solo para aquelas do Carbona.
Estas músicas que gravei nascem por necessidade! Em tempos de atividades com a banda caem um pouco eu não paro de compor. São músicas feitas ali no meu quarto, com a viola de 20 anos atrás cheia de adesivos. A inspiração e a mesma. Contar estórias, criar melodias bonitas em cima do velho suporte. É legal por que algumas delas são gravadas depois pelo Carbona, como “Escafandro” no EP “Fórmula Mágica”, deste ano. Melvin, Pedro, Bjorn as vezes falam, “essa música ficaria legal com o Carbona” ou até mesmo os fãs falam por que vocês não gravam com a banda? Elas estão aí pra isso. Pro que der e vier.

Tem alguma recordação de Uberlândia? Como está a expectativa pro show?
Se não me engano estivemos na cidade em 2006 e 2011. E a ideia de retornar muitas vezes numa cidade é legal. O Carbona é uma banda independente, sempre foi, e sustentar uma carreira que te possibilita isso é sensacional. Quando você volta várias vezes numa cidade sente na realidade este senso de continuidade. Você chega, reencontra amigos, reencontra bandas, artistas, ouve as histórias e estes reencontros também são combustível para seguir. O produtor de nosso show por aí, produziu um evento há mais de 15 anos atrás em São José do Rio Preto (SP). Hoje nos reencontramos aqui e ver que ele segue me incentiva a seguir também.

O Max, vocalista e guitarrista da Don Dillinger, disse que você cedeu duas músicas para eles. É o início de uma nova parceria?
Compor é meu grande barato. Adoro fazer parcerias, adoro a ideia de que as músicas que faço no meu quarto ganham vida com outros artistas, outras cidades. Fico feliz e louco pra ouvir as versões! “Vida Ciclotron” e “De dia os fantasmas se vão” são duas músicas que a Don Dillinger está tocando e sou muito grato por isso.
 
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