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05/08/2017 às 05h36min - Atualizada em 05/08/2017 às 05h36min

De ‘rato de biblioteca’ a escritora

A mineira Renata Corrêa, radicada em Uberlândia desde 1999, faz seu primeiro lançamento nacional

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Renata Corrêa lança nesta tarde “As coisas não são bem assim”, na Livraria Saraiva / Foto: Divulgação

 

Quando menina, Renata Corrêa era o que costuma-se chamar de “rato de biblioteca”. Comenta que deve ter a ficha mais extensa de empréstimos das cidades em que morou antes de vir para Uberlândia, em 1999. Natural de Guimarânia, a mineira cursou ensino médio em Patrocínio antes de a família vir para Uberlândia em busca de novas oportunidades. Hoje, a médica passou do rato de biblioteca a escritora, e faz seu primeiro lançamento por uma editora nacional logo mais na Livraria Saraiva. 

Ela cresceu sendo uma leitora acima da média, lê cerca de 30 livros por ano, mas pode se superar, afinal, estamos em agosto e ela já leu 21. “A vida de todo mundo hoje é uma correria, eu não leio um livro todo de uma vez, vou lendo aos poucos, tem como tirar esse tempinho mesmo no caso de mulheres como eu, que têm uma jornada não só dupla, mas tripla”, disse ela que já tem um romance (“Contra todas as probabilidades”) e um livro de contos (“Amores e desamores”) publicados na Amazon.

Mas este mês é ainda mais marcante para a jovem escritora. Seu mais novo livro, “As coisas não são bem assim” (133 páginas, R$ 23,90), sai por uma editora nacional, a Pandorga. A história gira em torno de Clarice, uma jovem estudante de medicina que perde o namorado, que acreditava ser o grande amor de sua vida, às vésperas da formatura, após sofrer um grave acidente de carro. Depois de mais de um ano do falecimento do seu amado, o destino coloca Henrique na vida de Clarice, um jovem advogado viúvo e pai da Duda, uma linda menininha.

Apesar de ter começado como blogueira em 2014, Renata escreve desde a adolescência. Começou com poesias. A partir do momento que foi para o mundo virtual, uma nova porta se abriu. “Comecei a conversar com outras pessoas que estavam na mesma situação que eu. A princípio eu nem tinha ideia de como publicar um livro. Os dois primeiros lancei somente em ebook e não era algo tão profissional. Neste eu tive um revisor, encomendei uma capa, está muito mais cuidado e tem uma história que espero que cative o leitor”, comenta.

Por meio de plataformas digitais para publicação e redes sociais voltadas para leitores e escritores, Renata foi aos poucos encontrando o seu público. “O mercado editorial mudou muito nos últimos anos, mas o livro impresso ainda tem seu lugar. Mesmo quem já se rendeu ao ebook ainda adquire obras impressas”, comenta Renata, que chegou a imprimir por conta própria alguns exemplares de “Contra todas as probabilidades”.

Para ela, falta um pouco mais de espaço para o escritor brasileiro nas prateleiras. “Você pode observar que a maior parte dos livros em exposição com destaque são obras traduzidas de literatura estrangeira que já têm o marketing todo pronto quando chegam aqui”.

Em Uberlândia, o livro pode ser encontrado nas livrarias Saraiva, Leitura e Pró-Século ou pelos sites da Amazon, Saraiva e Cultura. E quem adquirir o exemplar hoje, no lançamento, sai com ele autografado pela autora.

 

SUPERAÇÕES

Renata Corrêa é um exemplo de que é possível encontrar tempo para fazer o que se gosta. Porém, chegar nesse nível não foi nada fácil. Médica oftalmologista, ela costuma escrever nos intervalos entre uma consulta e outra, ou em casa, depois que o casal de gêmeos de pouco mais de um ano dorme. “O período de faculdade é sempre muito intenso por ser integral, também trabalhei em uma clínica grande e acabei ficando sem tempo pra mim. A decisão de vir para uma clínica menor ajudou muito”, conta a média e escritora.

Ela foi diagnosticada com a Síndrome de Burnout, uma condição que leva ao esgotamento por causa do excesso de trabalho ou por tarefas. Após o tratamento ela mudou de atitude, passou a atender menos pacientes em uma clínica menor e resolveu que era o momento de ser mãe.

Porém, o tratamento de três anos para engravidar não foi fácil. A gestação foi de alto risco e a médica precisou passar por duas cirurgias após o parto. O bebês nasceram saudáveis com 38 semanas. “Foi uma bênção na minha vida”, conta a médica, que perdeu o pai quando estava na 30ª semana de gravidez. “Foi muito difícil, ele teve diagnóstico de câncer e faleceu 25 dias depois. Eu quem levava ele para o tratamento porque a minha mãe não dirige, então, foram dias bem tristes”, revela.

Talvez por isso os contos e livros de Renata - ela já tem mais três em processo de produção - trazem uma mensagem de superação e da possibilidade de seguir em frente após um trauma. “Os livros sempre me ajudaram muito e escrever é algo que me faz bem, escrevo praticamente todos os dias e algumas dessas histórias simplesmente parecem vir pra mim. Acho que essa inspiração é que devemos aproveitar”, diz a escritora.


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