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04/08/2017 às 05h31min - Atualizada em 04/08/2017 às 05h31min

Um presente musical para Uberlândia

Primeira edição do festival reúne grandes nomes do jazz, do blues e estilos influenciados por eles

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Hamilton Faria abre com quarteto o Fundinho Festival / Foto: Divulgação

 

Quem passa pela Praça Clarimundo Carneiro desde segunda-feira percebe uma movimentação diferente no local. Foi quando começou a montagem da estrutura do primeiro Fundinho Festival - Jazz e Blues, que hoje e amanhã levará música de qualidade, com entrada franca, a um dos pontos mais emblemáticos de Uberlândia. As 12 atrações dos dois dias se multiplicam, afinal, são os encontros que podem tornar o festival um marco na história musical da cidade. Os palcos serão dois. Um montado ao lado do Museu Municipal - o famoso Palácio dos Leões - e o outro será o próprio Coreto. As atrações de Uberlândia são as anfitriãs de outros músicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Nova Orleans (EUA).

Cabe ao saxofonista Hamilton Faria abrir a programação de 12 horas de música que começa nesta tarde, pontualmente às 18h. Com seu quarteto, o músico traz um pouco do jazz fusion, com mistura de ritmos brasileiros, latinos e americanos e mostra toda uma experiência adquirida desde os 7 anos de idade, quando começou a tocar profissionalmente.

Natural de São Paulo, radicado em Uberlândia, Hamilton tocou por 15 anos no grupo Só Pra Contrariar. Já se apresentou ou gravou com nomes como Roberto Carlos, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Viveu em Londres por dois anos e  outros 10 em Barcelona, onde desenvolveu mais sua musicalidade. Há dois anos retornou ao Brasil para  integrar a turnê “SPC 25 anos” e “Gigantes do Samba”.

“Me sinto privilegiado pelo convite e por me apresentar ao lado de tantos artistas maravilhosos que estão escalados para esta que deve ser a primeira de muitas edições. No repertório apresentaremos composições nossas que mostram o que temos aprendido, pesquisado”, disse o artista. Para ele, o festival chega em um ótimo momento. “Percebemos o crescimento dos músicos da cidade que já nos deu tantos talentos e há tantos outros a serem revelados. Surgem cada vez mais boas escolas de música e ainda temos o Conservatório Estadual e a faculdade de Música da UFU. O Fundinho Festival chega para mostrar nossa força musical e consolidar esse momento”, afirma o saxofonista, que se apresentará ao lado de Daniel Amâncio (baixo), Rafael Camilo (teclado) e Leonor Júnior (bateria).

A curadoria do festival ficou por conta de Maurício Winckler, Jack Will e Giodarno Pagotti, músicos de Uberlândia com experiência internacional, que definiram as atrações junto com os idealizadores do Festival, Marco Túlio Morais e Marcelo Mamede. Será contemplado desde o gypsy jazz, que deu origem ao jazz tradicional de Nova Orleans, até o jazz moderno mais misturado com outras linguagens, claro, passando pela produção nacional.

Tanto o jazz quanto o blues são famosos por suas jams, músicos que se reúnem e deixam a música fluir. Prova disso são os dois projetos que terão a participação do guitarrista Maurício Winckler amanhã. Com a MPBlues, o guitarrista uberlandense - com mais de 20 anos de estrada e temporada de imersão musical em Nova Orleans - se apresenta ao lado de outros grandes músicos da cidade: Edson Denizard (voz e violão), Fabiano Fonseca (violão), Renato Bulaxa (bateria) e Paulão (baixo). E um detalhe: nesse grupo, Winckler toca violão. 

No encerramento, ele é o convidado de Guitar Slim Jr., com quem já tocou em Nova Orleans, terra natal do norte-americano que vem pela primeira vez a Uberlândia. Guitar Slim Jr. já dividiu o palco com Ray Charles e Stevie Ray Vaughan. A banda será completa pela tecladista norte americana Jan Clements, o baixista Marco Langoni e o baterista Alex Mororó.

Para Winckler, tocar em Uberlândia é algo especial. Na plateia haverá pessoas que acompanharam seu crescimento musical. Mesmo tendo passado por palcos de São Paulo, Recife e Estados Unidos, é nos palcos de Uberlândia que ele se sente em casa. “Aqui é uma energia sempre muito diferente, é a minha casa. Estou feliz por participar de um festival grande com esse nível de organização e de infra-estrutura na minha cidade. E ainda tem essa mistura. Vou tocar com o Guitar Slim Jr., que é um blues mais raiz e com o MPBlues, ao lado de músicos que admiro, faremos canções da MPB que rearranjamos para blues”, disse o músico e também um dos curadores do festival.

 

HORÁRIOS

Organizadores prometem pontualidade

Marcelo Mamede acompanha montagem da estrutura / Foto: Adreana Oliveira

O Fundinho Festival demorou quatro anos para sair do papel. Segundo Marcelo Mamede, coordenador de produção e um dos idealizadores do projeto junto com Marco Túlio Morais, o evento chega para cobrir uma lacuna. “O Fundinho é um bairro tão tradicional e tão rico cultural e historicamente e ainda não tinha algo que celebrasse o lugar”, disse Mamede.

Tudo tem sido planejado desde o registro do nome, em 2013. “Escolhemos um mês com pouca possibilidade de chuva, pelo fato de o festival acontecer em espaço aberto, e escolhemos agosto para presentear Uberlândia que faz aniversário neste mês”, explica o coordenador.

A ideia é valorizar a produção local da boa música e junto trazer nomes que somam com a cena. E há perspectiva de novas edições. Para isso, os produtores precisam de patrocinadores ou leis de incentivo, afinal, um evento com essa estrutura não é barato.

Além do custo com cachês, passagens áreas e hospedagem, tem a praça de alimentação com dez opções de barracas, iluminação cênica em toda a praça e banheiros montados dentro de tendas, com espaços masculinos e femininos e para deficientes físicos, que terão lavabo e limpeza a cada hora. Segundo os organizadores, a segurança das famílias que prestigiarem o evento está garantida. “Queremos tornar o local o mais agradável possível para as pessoas ficarem aqui por mais tempo”, disse Mamede.

Ele enfatiza ainda que os horários dos shows serão cumpridos à risca. “É uma questão de respeito aos artistas e ao público. Assim, quem quiser ver um ou dois shows específicos pode se programar e depois ir para outro compromisso”, disse o coordenador.

 

HURTMOLD

Banda faz o primeiro show em Uberlândia

A Hurtmold, de São Paulo, comemora 20 anos em 2018 / Foto: Samuel Esteves/Divulgação

Em 2018, a banda paulista Hurtmold completa 20 anos de carreira. Amanhã, faz seu primeiro show em Uberlândia. Com sete discos lançados eles fazem parte de um circuito quem nem sempre permite que cheguem a tantas cidades quanto gostariam. “Estamos muito felizes por tocar em Uberlândia pela primeira vez. O público mineiro sempre nos recebeu muito bem. Para nós é super importante participar de um festival desse porte. A música que a gente faz se encaixa num circuito muito variado e ao mesmo tempo difícil de colocar dentro de uma estrutura que permita que artistas viagem pelo país ou até tragam artistas de fora pra cá”, afirma o baterista e trompetista Maurício Takara.

Para ele, outro atrativo do festival é o fato de ser aberto ao público. “É uma ocasião especial quando voltado para a música instrumental, o que não é necessariamente algo com  apelo para o grande público, mais voltado para músicas comerciais. Festivais assim possibilitam uma escuta mais imersiva, subjetiva. Não é a ideia da canção tão clara, pegajosa e imediatista, flui por outros caminhos da música que quem não conhece pode apreciar”, comenta Takara. Completam a Hurtmold Guilherme Granado (teclados e eletrônicos), Marcos Gerez (baixo), Mário Cappi (guitarra), Fernando Cappi (guitarra) e Rogério Martins (percussão e clarone).


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