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11/06/2017 às 05h59min - Atualizada em 11/06/2017 às 05h59min

Existe etiqueta para utilizar aplicativos

Consultora dá dicas para não extrapolar no momento de usar ferramentas como o WhatsApp 

LETÍCIA PETRUCCELLI | APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
Especialista diz que administrador do grupo deve estabelecer regras de boa conduta / Foto: Allan White/Fotos Públicas

 

Qual usuário de whatsApp que ao acordar e olhar o aplicativo não encontrou mensagens repetidas de ‘bom dia’ em grupos dos mais diversos tipos, com imagens motivacionais e gifs? Ou recebeu mensagem em momentos de folga do chefe querendo saber alguma informação que não é urgente. Identificou-se? Pois saiba que essas atitudes são consideradas indelicadas e que existe etiqueta até para utilizar as redes sociais que ajudam no convívio com outras pessoas.

De acordo com a consultora de etiqueta Janaína Depiné, assim como tudo na vida, é preciso ter alguns cuidados ao utilizar o whatsApp. Participa de muitos grupos? Já teve que desativar as notificações por ter várias mensagens constantemente? Janaína Depiné diz que nem sempre isso ajuda, pois mensagens importantes podem ser perdidas. “Se alguém está em um grupo do qual não quer ver as mensagens, é melhor sair. Recentemente uma colega me contou que não ficou sabendo do aniversário da sobrinha, porque o convite foi feito apenas no grupo da família e ela não olhou as mensagens”, conta.

A assessora de comunicação Luana Dias participa de 26 grupos, sete são apenas de trabalho. Ela conta que não aguenta ficar sem visualizar as mensagens, mas que desativa as notificações. “Não consigo ver uma notificação e fingir que ela não está ali”, diz. Atendente de uma produtora musical, Luiz Olímpio é participante de 13 grupos e não se importa com o excesso de mensagens recebidas. “É uma opinião muito particular, gosto que os grupos tenham muitas mensagens. Aquelas que a gente se perde nos assuntos quando ficamos fora do aplicativo”, relata.

E como lidar com os vários ‘bom dias’ recebidos bem no começo da manhã? Janaína Depiné conta que quem deve gerenciar isso é o administrador do grupo. “Todo grupo tem um administrador, ele deve exercer esta função colocando regras de boa convivência. Eu tenho um grupo que uma das regras é não desejar bom dia, pois se alguém faz, todos querem responder”, conta.

Luana Dias relata que nem todo mundo sabe participar de grupos, e sempre tem um engraçadinho no meio da turma. “Todo grupo tem pelo menos um integrante que é meio sem noção e compartilha imagens, áudios e vídeos que não têm nada a ver com o foco”, conta.  A consultora de etiqueta diz que quem resolve isso é o administrador.  “Entra a questão do administrador de novo. O gerenciador deve chamar a pessoa no privado e pedir para não mandar mensagem que não seja de interesse comum”.

Ainda de acordo com Janína Depiné, se alguém não estiver aguentando o excesso de mensagem em algum grupo, pode ter a liberdade de sair. “Se a pessoa foi adicionada com a permissão dela, ela deve avisar o motivo da saída, para não ser mal-educada. Agora, se alguém foi adicionado a algum grupo sem o consentimento, deve sair sem falar nada. Isso não é mal-educado”, comenta Janaína. Quando for criar um grupo, deve-se sempre pensar na utilidade dele, e quem se interessa pelo assunto. “Muitas pessoas criam grupos de vendas e vão colocando todos os conhecidos, sem nem saber se a pessoa quer estar lá. O certo é mandar uma mensagem ‘fulano estou criando um grupo sobre o assunto x, caso tenha interesse em participar me avise’. Assim é melhor do que perguntar se pode adicionar a pessoa, porque ela vai ser obrigada a dizer não”, acrescenta a consultora de etiqueta.

 

ÔNUS

Mensagem de trabalho, só no horário comercial

O whatsApp é muito utilizado por funcionários de empresas para trabalhar pelo telefone pessoal, mas receber mensagens de trabalho em horário de folga é algo que irrita. Além de poder gerar um ônus ao empregador. O artigo 6 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), decreto Lei 5452/43, estabelece que “realizar qualquer tarefa de serviço, fora do horário de trabalho é considerado hora extra”.

A consultora de etiqueta Janaína Depiné diz que o ideal é responder essas mensagens apenas no horário comercial. “Muitos chefes abusam porque a pessoa deixa. Lógico, se for uma mensagem importante, algo urgente, não tem problema em responder. Mas se for algo irrelevante que pode esperar, o ideal é responder no horário de trabalho e falar que viu a mensagem, mas que estava ocupado. Isso vai educando o chefe e ele vai parando de mandar esse tipo de mensagem”, relata Janaína.

Tem pessoas que não se incomodam em responder as chamadas fora do horário de trabalho. É o caso do atendente de uma produtora musical Luiz Olímpio, que fala com clientes e chefes mesmo em horários de folga. “Recebo mensagens de domingo a domingo, 24 horas por dia estando trabalhando ou não. E isso não incomoda, pelo contrário, eu gosto”, relata.

Luana Dias também recebe mensagens em momentos de folga, mas só responde se for urgente. “Nem todos os meus clientes estão disponíveis para me responder durante o expediente. Só respondo se for algo urgente”, conta.

Outro detalhe que é preciso estar atento é a forma de falar com o chefe, que não deve ser a mesma utilizada para falar com um amigo íntimo. “A gente tem que lembrar que a comunicação muda dependendo com quem se fala. O whatsApp é um canal de comunicação como qualquer outro. Para falar sobre assuntos de trabalho é preciso ter formalidade, não precisa chamar o chefe de senhor (a)”, diz Janaína.

 

NINGUÉM MERECE

Momentos inoportunos e áudios longos

Já foi acordado durante a madruga com mensagem de algum amigo, e o assunto nem era importante? Ou recebeu algum áudio com mais de um minuto e não tinha como ouvir? Para a consultora de etiqueta Janaína Depiné isso é indelicado. Mensagens tarde da noite, só devem ser enviadas se for assuntos importantes. “Se for um amigo íntimo, ele conhece a rotina da pessoa. Tem amigos que passam a madruga conversando e ambos gostam. Agora, se for falar com uma pessoa que não tem costume de conversar até tarde, é melhor esperar o dia seguinte”, conta.

Em relação aos áudios, Janaína conta que ninguém é obrigado a ouvir mensagens longas. “As pessoas precisam entender que o áudio é favorável pra quem envia, mas nem sempre para quem recebe”. Uma dica é responder que não pode ouvir o áudio naquele momento, e se puder, que escreva. “Como no texto não tem entonação, a pessoa não vê o rosto do outro. Às vezes em assuntos mais delicados o áudio é uma boa opção”, diz Janaína Depiné. E para não incomodar quem está ao redor, o ideal é ouvir a mensagem pelo fone de ouvido. “Muitas pessoas não sabem, mas em quase todos os celulares, quando aproximado ao ouvido, o som deixa de sair no viva voz e só a pessoa interessada escuta. É muito indelicado ouvir áudios em público no viva voz”, informa Depiné.

A consultora orienta ainda que nem toda mensagem precisa ser respondida no momento que foi recebida. “Não é indelicado ficar sem responder, porque nem sempre você tem tempo para isso. Por exemplo, se estou no transito, paro no semáforo e olho as mensagens, visualizei, mas não tenho tempo para responder. As pessoas precisam entender que o whatsApp não é um meio de comunicação urgente. Se for urgente, ligue”, conta Janaína. Ainda segundo ela, o chato é ficar sem responder nada durante dias. “O tempo de resposta ideal é até um dia. Se a pessoa está ocupada, pode mandar uma mensagem, ‘estou ocupada agora, assim que puder eu respondo’”, diz.

 

PESQUISA

107 milhões usam internet por smartphone

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada em janeiro, 107 milhões de brasileiros têm acesso a internet por smartphone. No Brasil, 92% das pessoas que tem acesso a internet, utilizam o aplicativo de comunicação whatsApp diariamente para trocar mensagens, fazer ligações e enviar imagens e vídeos para amigos e familiares.

Sete entre cada dez usuários no Brasil (71%) usam o aplicativo para enviar mensagens pessoais ou confidenciais, incluindo informações particulares ou familiares, conversas de negócios, assuntos íntimos, informações sobre saúde, documentos ou dados financeiros.

A pesquisa do Datafolha mostrou que 42% dos usuários trocam mensagens com estabelecimentos comerciais, prestadores de serviço, de saúde ou gerentes de banco. Entre os que usam o aplicativo para negócios, 59% trocam mensagens com colegas de trabalho e 27% com clientes. Ao mesmo tempo, 74% dos entrevistados se declararam contra os bloqueios da Justiça contra a ferramenta.

Segundo o instituto de pesquisa, a privacidade das mensagens, garantida pela criptografia de ponta a ponta, é importante para 94% dos usuários. 57% dos entrevistados dizem acreditar que o aplicativo tem o mais alto nível de segurança para troca de informações sensíveis, como dados pessoais e financeiros.

O Datafolha entrevistou 2.363 pessoas de 130 cidades em todas as regiões do Brasil.


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