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26/09/2017 às 17h10min - Atualizada em 26/09/2017 às 17h10min

A mão que afaga é a mesma mão que educa

É o que todos os brasileiros esperam de Raquel Dodge

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA* | COLUNISTA

Mães dão amor, mas também educam. Mães cuidam, mas disciplinam. Mães ensinam e corrigem quando necessário. E é apenas e tão somente isso que esperamos da nova Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a primeira mulher a assumir um dos cargos mais importantes de todo o País.

Raquel Elias Ferreira Dodge nasceu em Morrinhos, Goiás. É bacharel em Direito pela Universidade de Brasília e mestre em Direito pela Universidade de Harvard. Membro do Ministério Público Federal desde 1987, ela integrou a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao consumidor e à ordem econômica, e o Conselho Superior do Ministério Público. Foi também coordenadora da Câmara Criminal do Ministério Público Federal.

Mas em 29 de junho deste ano, tudo mudou. Raquel foi escolhida pelo presidente Michel Temer para substituir o procurador-geral da República, e como é de conhecimento público – seu antagonista - Rodrigo Janot.  Ela foi a segunda pessoa mais votada em eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República, que elaborou lista tríplice com sugestões ao presidente. Temer quebrou tradição que vinha desde 2003 de escolher nome mais votado na lista e fez sua própria nomeação. A posse de Raquel aconteceu, ao lado do presidente, no dia 18 de setembro de 2017.

Casada há mais de 20 anos com Bradley Dodge, cidadão americano residente no Brasil, e mãe de dois filhos, aos 57 anos, Dodge assumiu o cargo com uma extensa e polêmica fila de casos de corrupção envolvendo os principais personagens do cenário político nacional.

Está nas mãos dela a decisão sobre os próximos passos em inquéritos e delações que colocam sob suspeita membros dos poderes Executivo, Legislativo e até do Judiciário. Mas paira sobre esse céu a enorme dúvida: como Dodge se portará em relação aos casos da operação Lava Jato? Será que ela vai seguir o ritmo de seu antecessor Rodrigo Janot, que denunciou vários políticos, porém sem a rigidez necessária para fazer cumprir a lei em sua totalidade, ou cairá no canto da sereia dos estadistas, adotando postura menos agressiva no combate à corrupção?

Segundo seus colegas, Dodge costuma ser centralizadora. Mas há uma diferença básica entre ela e seu antecessor: o trânsito no mundo político. Janot tinha menos facilidade em fazê-lo. Já Raquel demonstra mais sabedoria e destreza para circular por esse meio.

Paciência e persistência são virtudes atribuídas à nova procuradora-geral. Rigorosa, reservada, fria, sóbria nas palavras e adepta de longas jornadas de trabalho são definições que se repetiram nas mais de 20 entrevistas feitas pelo portal G1, na semana passada, para elaborar o perfil de Dodge.

Mas o que esperamos da nova figura, protagonista desse inesperado cenário político no qual vivemos?

Cabe à procuradora, por exemplo, pedir abertura de inquéritos para investigar o presidente da República, ministros, deputados e senadores. Ela também pode criar forças-tarefa para investigações especiais, como é o caso do grupo que atua na Lava Jato, podendo ainda encerrá-las ou ampliá-las.

Mas, além da função política, ansiamos uma postura ainda mais maculada. Precisamos que Raquel seja mãe desse país! A expectativa é que ela haja como uma espécie de "guardiã" de um país que já sofreu e ainda sofre tanto nas mãos de alguns que agem com a certeza de que jamais serão punidos. Pensando estrategicamente, assim como na maternidade, a mão que afaga é a mão que educa, e nesse sentido, renasce em nós a esperança de que dessa vez as coisas possam caminhar com a verdadeira justiça, da qual não deveria ter se afastado nunca!

(*) Analista de negócios – Professor universitário

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