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16/05/2020 às 08h37min - Atualizada em 16/05/2020 às 08h37min

O Esporte e a Periferia

ADRIANO SANTOS
Aconteceu um fato histórico no Brasil em 2014, a Copa do Mundo da FIFA. No Brasil aconteceu a Copa do Mundo, não a copa das pessoas. A elitização do modelo aplicado, a magnitude e a complexidade da mesma nos confronta a buscar estratégias e meios que oportunizem efetivos legados para a sociedade como um todo. Necessariamente justificar investimentos públicos e privados pós Copa do Mundo deveria trazer solidez e longevidades suficientes para início de ciclo virtuoso no esporte.
 
Hoje, em 2020, vemos pouquíssimo o legado da Copa do Mundo no Brasil. Uma Copa do Mundo realmente não é feita de hospitais, mas o valor aplicado por exemplo nos estádios, sem a clara incumbência do benefício para as pessoas pós evento, trás a crítica ao que vivemos hoje. Precisamos hoje dos hospitais.
 
Se falarmos do benefício ao modelo esportivo da cidade de Uberlândia, podemos citar não somente o que temos de espaço físico, mas a correlação do que são as reais externalidades positivas a cidade.
 
Quem não conhece em Uberlândia a antiga CTBC que hoje é a Algar? Há um questionamento eminente quando no cenário nacional vemos em camisas de alguns grandes clubes do Brasil o patrocínio da Algar, e então vem a pergunta: "Porque a Algar não investe no futebol da cidade de Uberlândia?"
 
Desconhece quem faz essa pergunta, porque a ação social efetiva que a Algar faz em Uberlândia é gigantesca, sendo atendidas mais de 5 mil crianças com projetos que envolve educação, cultura e esporte.
 
Muitas pessoas confundem as ações que o Praia Clube faz na cidade de Uberlândia como feitos de um processo inclusivo. O Praia Clube faz vôlei, futsal, basquete e tantos outros esportes para seu associado.

Fazer ao associado não impede de haver participação da cidade, mas a marca patrocinada é referência e precisa ser resposta com contundência as demandas da cidade. 
 
O UTC por exemplo sempre teve um viés inclusivo, referência não somente na socialização, mas na construção de sonhos para jovens atletas. Hoje bem cuidado, Parque do Sabiá bem cuidado, Ginásio Tancredo Neves (Sabiazinho) bem cuidado, mas, e as periferias? Os Poliesportivos, e os Poliesportivos?

O investimento em manutenção na última gestão é notório, mas não passou disso.

Portaria de acesso ali, pintura em quadra, no entanto não é isso que fará a massificação e a utilização do bem público. 

Aliás, o investimento no esporte da cidade melhorou, mas não chega perto daquilo que faria de Uberlândia uma cidade do benefício ao esporte.

A cidade não tem uma secretaria de esportes. O esporte é locado na Futel, que é uma autarquia que submete até pelo nome Fundação Uberlandense Turismo Esporte e Lazer, ou seja, não é eminente o investimento em esporte. 

Qual são as contrapartidas das empresas que promoveram shows no Ginásio Sabiazinho? 

Quais são as contrapartidas das empresas que utilizam os entornos do estádio com eventos e etc?

Quais foram as contrapartidas dos eventos do mundial de vôlei, circuito de tênis e eventos religiosos nas dependências do bem público?

Podemos ter um fundo Municipal do Esporte em Uberlândia?

Requer a compreensão de que governos e sociedade não podem perder a oportunidade de extrair e maximizar todas as externalidades positivas que os eventos oferecem. Com foco especial em crianças e adolescentes, dar acesso a inclusão, as pessoas, a prática ao esporte não há herança maior neste ciclo que preparar e proteger o capital humano com políticas públicas que associem desenvolvimento com garantias universais de direitos a inclusão.

Na prática, precisamos discutir o esporte, a periferia sofre o risco da falta de oportunidades, em todos os sentidos. 

Qual o local de prática de esporte no Morumbi? Dom Almir? Minas Gerais? Nossa Senhora das Graças? Shopping Park? 

Precisamos discutir o esporte em Uberlândia!
 


Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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