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24/10/2019 às 08h36min - Atualizada em 24/10/2019 às 08h36min

E, de novo, a violência!

TIAGO BESSA

Na última segunda-feira, e pela segunda vez em menos de quarenta dias, a modelo Bhel Dietrich, esposa do volante palmeirense Bruno Henrique, foi agredida por um grupo de desocupados travestidos de torcedores de futebol em Curitiba. O Palmeiras acabara de empatar com o Athletico na Arena da Baixada e um grupo de - repito - desocupados a ofendeu e lhe deu empurrões. Nem a companhia de uma criança e de um idoso junto à mulher intimidou os agressores. Confesso que me sinto triste quando me vejo na obrigação de escrever sobre a violência, seja ela qual for. Mas o silêncio, em contrapartida, é o pior caminho.

Percebo que a mídia, principalmente a televisiva, contribui sobremaneira para esse comportamento absolutamente inaceitável de uma parcela de “torcedores” que insiste em priorizar o fanatismo por uma agremiação de futebol. A cada programa de debate após o fim das rodadas um bando de comentaristas aparece com um galão cheio de combustível, dispostos a incendiar o mato seco da tristeza por uma derrota ou da zombaria ao adversário perdedor. Não estou convicto de que seja meramente uma questão de opinião, mas o que penso é que isso não é salutar.

O telespectador que rende audiência a esses programas é bombardeado com toda a sorte de comentários sobre supostas crises no seu time do coração, de provocações de jogadores de times adversários, de cobranças da própria imprensa aos clubes que atravessam más fases, o que claramente ultrapassa a função de um noticiário esportivo. Julgam fazer somente análises críticas, mas não têm noção do real alcance de seus comentários no imaginário dos torcedores mais fanáticos e violentos.

É claro que não pretendo, aqui, isentar esses torcedores de seus atos. Não me tome como ingênuo, caro leitor. Mas não posso aceitar o discurso raso e hipócrita de parte da imprensa esportiva televisiva que não reconhece sua parcela de contribuição para esta barbárie que volta, gradativamente, a habitar o meio esportivo. Já não é mais possível externar nossas convicções ideológicas nas arquibancadas, sem que sejamos vilipendiados e reprimidos por grupos de torcedores médios intolerantes.

Lembrei-me de um jogo do UEC no Parque do Sabiá, pelo Módulo II deste ano, em que um intolerante que se julgava torcedor ofendia veementemente uma auxiliar de arbitragem pelo fato de ela ser mulher. O mesmo torcedor, ao final da partida, voltou a ofendê-la atribuindo-lhe a culpa pelo resultado insatisfatório do Verdão. Se observarmos de modo crítico os programas de futebol televisivos, as poucas mulheres que deles participam ocupam papéis coadjuvantes que, quando não são caricatos, pouco são chamados à conversa.

Mas talvez isso seja só mais um “mi mi mi” na perspectiva do brasileiro médio!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.





 

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