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03/09/2019 às 13h20min - Atualizada em 03/09/2019 às 13h20min

Cadê o nosso, Petrobras?

LEANDRO MAZZINI
O pagamento de bônus de desempenho de R$ 1 bilhão da Petrobras para seus funcionários, como revelou a Coluna, revoltou a Federação Nacional dos Petroleiros. A turma do piso diz que não sentiu o cheiro do óleo, que encheu os barris de gerentes, diretores e outros milhares de colaboradores. A FNP vai notificar a empresa para saber para onde foi o dinheiro. Em seu site, os petroleiros criticam a empresa por propor redução de salários num processo de austeridade em prol do lucro, e aponta que parte da direção ganhou esses milhares de reais. “Neste modelo, em que muitos nada ganham, outros poucos recebem bônus gigantescos, concentrando a maioria das premiações nos cargos de alto escalão”, indica o informe da Federação.
 
Poço sem fundo
Segundo os sindicalistas, o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, pode ter recebido mais de mil vezes seu salário só em prêmios. Algo perto de R$ 4 milhões.
 
Jorrou
Há casos citados, internamente, de gerentes e diretores que ganharam prêmios de R$ 300 mil a R$ 400 mil. A turma da cobertura passou do milhão de reais.
 
Resposta
A assessoria da Petrobras jogou óleo na fervura: avisou que não pode passar nomes e valores, que “todos os funcionários estavam aptos, mas nem todos receberam”, porque “a remuneração variável diz respeito ao desempenho dos empregados no ano de 2018”.
 
Brasillll
Esse episódio da Petrobras lembra a música ‘Brasil’ e sua tragicomédia, cantada por Gal: “não me ofereceram, nem um cigarro/ fiquei na porta estacionando os carros”.
 
Vai bem..
De quem passou pela salinha-cela da PF em Curitiba, e viu o ex-presidente Lula da Silva animadíssimo com esperança de sair da cadeia: “Ele tem uma pilha de livros para ler, escreve e pratica exercícios diários, na esteira e com pesos”.  É caso único no Brasil de condenado em segunda instância, sem diploma, com cela especial com banheiro, TV, esteira ergométrica e escrivaninha.
 
Cota do lucro
Avança no Senado o PLS 215/2018 que cria alíquota de 15% no Imposto de Renda para remessa de lucros e dividendos para pessoas e empresas residentes ou domiciliadas no exterior. Estudo da Consultoria de Orçamento da Casa indica que a aprovação vai gerar aumento da arrecadação superior a R$ 8 bilhões, já a partir do primeiro ano de vigência. Isso prova o quanto de capital sai todo dia do Brasil, sem retorno aqui.
 
Governo S.A.
O texto determina que 21,5% do arrecadado deverá ser repassado ao Fundo de Participação dos Estados; 24,5% ao Fundo dos Municípios, e 3% ao financiamento do setor produtivo no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A proposta foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores e segue para a Comissão de Assuntos Econômicos.
 
Nada muda
No Congresso, já se sabe que não há vontade alguma. E se alguém tem esperança de uma reforma política para valer, vinda do Palácio, um episódio envolvendo o então deputado Jair Bolsonaro com o então presidente do STF, Joaquim Barbosa, elucida a versão brasileira de uma velha novela que não sairá de cena em Brasília.
 
A cena
Eles se encontraram num ônibus de transfer no Aeroporto Santos Dumont, em 2013, a caminho do embarque no pátio. Bolsonaro puxou papo: “E o ‘Petrolão’, ministro, o que acha?”. Barbosa, foi lacônico: “Se não fizeram a reforma política, vem mais por aí. Vocês (Congresso) não votam”. Citou um caso: o voto distrital como importante. No que o deputado gargalhou: “Aí o senhor me F. Tenho votos no Estado inteiro”.
 
De quem sabe
“A floresta amazônica continuará ameaçada por desmatadores porque não basta conservá-la, mas nela implantar uma bioindústria de cosméticos, medicamentosos, alimentícios e agroflorestais, com a capacitação de populações locais e povos indígenas para participação neste processo. Isto está previsto no zoneamento regional vigente, nunca impulsionado e agora abandonado”, alerta o pesquisador Julio Aurelio.
 
Crescer sustentável
Cientista social da Fundação Casa de Rui Barbosa, Julio Aurelio foi consultor para a Lei do zoneamento econômico-ecológico de Rondônia, em 1999, o primeiro Estado a adotar a medida e hoje alvo de queimadas com suspeita para plantações a pecuária.
 
Falta a prática
O recado é claro, e outros países sabem fazer nos seus territórios: Em suma, inevitável cessar o crescimento urbano e as demandas do progresso sem mexer na floresta. Mas deve ser de forma cautelosa e sustentável, sem desmatamento. E reflorestando.


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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