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25/04/2019 às 09h07min - Atualizada em 25/04/2019 às 09h07min

A agonia do futebol do interior

TIAGO BESSA
No último sábado o Verdão empatou com o Uberaba Sport Club (USC) em 0x0, resultado que rebaixou nossos arquirrivais para a terceirona. Os torcedores mais ligados à rivalidade vil certamente estão comemorando o fato, o que é normal no ambiente de competição. Eu, ao contrário, encaro com muita tristeza esse rebaixamento. Um clube com tanta tradição no futebol mineiro, que já disputou a Série A do Brasileirão e deu trabalho a muitos clubes grandes do nosso futebol, deveria gozar de um presente à altura de seu passado. Bom, neste ponto isso serve também para o Verdão (e como serve!).

O rebaixamento do USC é um sintoma de como o futebol dos clubes do interior vem sendo conduzido: propositalmente de modo amador, como laboratório de uma multidão de jogadores que tentam o famigerado "lugar ao sol" ou como uma espécie de asilo a outros que já deveriam estar fora das quatro linhas (não estou generalizando, amiguinhos!).

Vejamos alguns belos feitos do clube da terra do Zebu: estreou na primeirona do Brasileirão em 1976, vencendo a Portuguesa de Desportos; no Brasileirão de 1977 goleou o Santos por 4X1; no Brasileirão de 1981 empatou com o Flamengo de Zico em 1X1, depois de ter sido chamado de "galinha morta" pelo João Saldanha; goleou o Santa Cruz por 5X0, resultado que promoveu o USC à Taça de Ouro em 1983; venceu a Taça Minas em pleno Parque do Sabiá em 2010, derrotando o Verdão. Ainda revelou uma série de jogadores notáveis e recebeu veteranos como Palhinha, Gílson Batata, entre outros.

Poderíamos estar falando de vários outros clubes da região e do interior do Brasil inteiro que, outrora, viveram glórias e tiraram suas populações do marasmo da espera por festas esporádicas nos parques de exposições ou nas praças centrais.

Desde o começo dos anos 1990 o futebol se tornou quase que exclusivamente um negócio, com a transformação dos clubes em empresas, dos jogadores em atletas de alta performance (física, no caso), dos torcedores em fanáticos religiosos enganados por seus sacerdotes, dos estádios em impressoras de papel-moeda com os altíssimos preços dos ingressos e por aí vai... para o fundo do poço.

Acho que o futebol do interior morrerá antes de mim!
 
 
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