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19/10/2024 às 11h00min - Atualizada em 19/10/2024 às 11h00min

Cai número de doações para ONGs de apoio a moradores de rua em Uberlândia; saiba como ajudar

Dados do CadÚnico apontam que cidade tem 931 pessoas vivendo nas ruas; instituições relatam queda de 40% nas doações

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Itens de cesta básica, higiene pessoal e produtos de limpeza são necessários para auxiliar a população de rua | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

As doações para Organizações não Governamentais (ONGs) que atuam no apoio a pessoas em situação de rua em Uberlândia caíram aproximadamente 40% nos últimos meses. Ao mesmo tempo, o número de pessoas atendidas pelas instituições cresceu significativamente, o que agrava a situação. 

 

Os dados mais recentes do Observatório Nacional dos Direitos Humanos mostram um aumento constante no número de pessoas vivendo em situação de rua na cidade. Em 2016, eram 203 pessoas nessa situação, e esse número subiu para 774 em 2023. 

 

Já em 2024, com base nos registros do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), o total chegou a 931 pessoas vivendo em situação de rua. No entanto, ONGs locais estimam que o número real ultrapasse 1.500, já que muitos não conseguem realizar o cadastro nos programas sociais e, portanto, não entram nos dados oficiais.

 

Em entrevista ao Diário, o responsável pela Casa Santa Gemma, Jack Albernaz, explicou as dificuldades enfrentadas pela instituição e pela população assistida. Segundo ele, a ONG tem um trabalho intenso de assistência, mas a queda nas doações dificulta a realização dos serviços.

 

“Temos uma casa cheia, são mais ou menos 600 refeições servidas semanalmente. Atendemos mais de 40 pessoas que moram na casa, mas também muitas outras que estão nas ruas. Além disso, assistimos mais de 400 famílias com alimentos, produtos de higiene e de limpeza. A demanda é muito grande, e estamos lutando para manter o atendimento só com doações e voluntários”, disse.

 

A Casa Santa Gemma, que funciona desde 1997, já ajudou mais de três mil pessoas, oferecendo moradia provisória e suporte para que elas possam se reintegrar à sociedade. No entanto, Albernaz reforça que a falta de doações impacta diretamente na capacidade de continuar com as ações.

 

“Doar itens de cesta básica, higiene pessoal e produtos de limpeza é fundamental para podermos seguir ajudando essas pessoas. Também aceitamos doações via pix e temos um site com mais informações,” completou Jack.

 

As doações para a Casa Santa Gemma podem ser feitas via pix utilizando a chave 07.766.923/0001-06. Quem preferir, também pode entregar doações presencialmente no endereço Rua José Flores, 351, Aclimação, Uberlândia. Mais informações estão disponíveis no site da instituição. 

 

Outra ONG da cidade que enfrenta dificuldades semelhantes é a Pastoral Anjos da Rua, que também atua diretamente com pessoas em situação de rua, levando alimentos e itens de higiene. Leandro Cardoso, responsável pela pastoral, comentou sobre os desafios crescentes devido à queda nas doações.

 

“A queda das doações prejudica nosso trabalho. Precisamos de mais voluntários e parceiros para continuar ajudando. Quando saímos para as ruas, levamos marmitas, cobertores, kits de higiene, e, mais importante, amor e carinho”, comentou.

 

A Pastoral Anjos da Rua depende exclusivamente de doações para manter suas atividades e está em busca de novas parcerias para ampliar o alcance de sua assistência. As doações para a pastoral podem ser feitas acessando o link da instituição e os interessados podem ter mais informações pelo instagram @anjosdasruas_udi.

 

VULNERABILIDADE

O psicólogo social que trabalha com a população em situação de rua, Hygor Cirino Alves, destacou ao Diário que o aumento de pessoas em situação de rua é um reflexo de múltiplos fatores sociais e econômicos.

 

“São vários rompimentos que levam uma pessoa para a rua. Desemprego, salários baixos, falta de moradia e, em muitos casos, o uso de drogas são variáveis que contribuem para essa situação. Além disso, vemos pessoas que vêm de outras cidades em busca de trabalho e saúde, mas acabam indo parar nas ruas”, esclareceu.

 

O especialista também enfatizou que o assistencialismo, embora necessário, não é suficiente para resolver o problema. “As ações assistenciais são importantes porque a fome tem pressa, mas elas não resolvem o problema de forma definitiva. É preciso políticas públicas intersetoriais, envolvendo saúde, desenvolvimento social, emprego, cultura e os demais setores envolvidos. Só assim será possível encontrar soluções duradouras para a vulnerabilidade da população em situação de rua”, advertiu.

 

Além do trabalho das ONGs, a prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDES), oferece assistência à população em situação de rua. O município conta com abrigos e serviços de encaminhamento para apoiar essas pessoas.

 

Esse serviço envolve abordagens sociais, triagem, orientações e encaminhamentos conforme a demanda apresentada. O monitoramento é feito diariamente nas ruas, especialmente nas áreas de maior concentração dessa população. 

 

Mais informações podem ser obtidas no Centro de Referência Especializado para População de Rua e Migrante, localizado na Praça da Bíblia, em frente à rodoviária, no bairro Martins. Também podem ser utilizados os telefones 3235-4772, 3216-7161 e 0800-940-1229, ou o e-mail [email protected]


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