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23/05/2024 às 17h32min - Atualizada em 23/05/2024 às 17h32min

Em 12 anos, número de pessoas alfabetizadas cresce quase 23% em Uberlândia

De acordo com o último Censo Demográfico do IBGE, divulgado em 2022, a cidade tem 566 mil pessoas que sabem ler e escrever, o que representa 78% da população total

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Segundo pedagoga, a continuidade da educação de adultos é um obstáculo | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Nos últimos 12 anos, Uberlândia registrou um aumento de quase 23% na quantidade de pessoas alfabetizadas. De acordo com o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2010, a cidade tinha 460.500 pessoas que sabiam ler e escrever. Já no último levantamento divulgado em 2022, o número subiu para 566.051, o que representa 78% da população total do município, estimada em 725.536 habitantes. 


Os dados do IBGE mostram ainda a taxa de alfabetização dos grupos etários em Uberlândia. Jovens de 25 a 34 anos apresentam a maior taxa, com 99,22%, seguido pelas pessoas de 15 a 19 anos, com 99,19%. 

Entre a população de 45 a 54 anos, o índice é de 97,48%. Para aqueles com 65 anos ou mais, a porcentagem cai para 89,16%, e para os que têm 80 anos ou mais, a taxa é de 81,59%.

A análise por gênero revela que homens e mulheres têm uma taxa de alfabetização igual, de 97,13%. Entre os homens, o índice é de 98,02% para brancos, 95,51% para pretos, 96,59% para pardos, 98,34% para amarelos e 94,64% para indígenas. Já entre as mulheres, as taxas são de 97,88% para brancas, 95,54% para pretas, 98,78% para pardas, 96,62% para amarelas e 95,59% para indígenas.

Apesar do avanço, a professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Sônia Maria dos Santos, acredita que a redução na quantidade de pessoas não alfabetizadas foi modesta. Conforme apontam as informações do IBGE, em 2010, a cidade tinha 17.924 pessoas sem conhecimento básico de leitura e escrita. Em 2022, a quantidade de pessoas não alfabetizadas caiu para 16.717, sendo uma redução de 6,75%. 

 

A profissional acredita que ainda existem diversos desafios a serem superados em relação à educação de adultos. “Receber os dados do censo de 2022 com essa pequena queda das pessoas não escolarizadas me deixou preocupada. Quando entendemos a oferta para alfabetização de jovens, existe um grande número de salas sendo fechadas no país. Infelizmente, a alfabetização de adultos no Brasil não tem uma política pública séria ainda”, comentou.

 

Sônia Maria explicou como a falta de continuidade na alfabetização prejudica a educação dos jovens e adultos. “Cada governo implementa políticas diferentes, e isso é péssimo para o adulto, porque elas são temporárias. Ou seja, o jovem precisa de educação permanente. Ele aprende a ler, mas e depois? Ele terá continuidade?”, questionou.

Desta forma, a pedagoga acredita que o aumento da alfabetização observado no censo de 2022 pode não ser sinônimo de melhora prática na formação dos alunos. “O que a pesquisa mostrou é que houve um aumento de pessoas que aprenderam a ler e escrever, mas é de se analisar se a continuidade disso está assegurada para elas”.

Conforme dito por Sônia, os resultados são um alerta para a necessidade de políticas mais eficazes e duradouras. “Os pesquisadores ficam em alerta, estamos felizes e preocupados, porque precisamos aumentar o número de pessoas alfabetizadas no Brasil, e assegurar a continuidade dessas pessoas que aprenderam a ler e escrever”, completou. 

A especialista finalizou reforçando que os programas educacionais no país deveriam funcionar a longo prazo e não de maneira temporária. “O Brasil lida com analfabetismos porque falta vontade política dos municípios, estados e governo federal. É um conjunto de responsabilidades, não existe um culpado, é uma soma de responsabilidades”, concluiu. 

PACTO PELA ALFABETIZAÇÃO
Em fevereiro de 2022, a Prefeitura de Uberlândia anunciou a implantação do Pacto pela Alfabetização na rede municipal de ensino, em parceria com o Instituto Projeto de Vida e o Instituto Raiar (de Brasília). O objetivo é alfabetizar todos os estudantes até o 2º ano do ensino fundamental e recuperar a aprendizagem daqueles que ainda não alcançaram essa habilidade e que se encontram no 3º, 4º e 5º anos, dificultando a continuidade do processo de aprendizagem ou até mesmo excluindo muitos estudantes do contexto escolar. Em 2023, o atendimento pelo Pacto foi ampliado aos estudantes do 6º e 7º anos.

A cidade também conta com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), instituída na rede municipal em 2006. Atualmente, o município tem 13 unidades que promovem a recuperação e continuidade do ensino para aqueles que abandonaram os estudos entre o 6° e 9° ano de aprendizagem. 


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