Uma denúncia anônima feita ao Ministério Público Estadual (MPE) aponta que o atual presidente do Uberlândia Esporte Clube (UEC), Jânio Cabral, estaria se apropriando ilegalmente de recursos vindos de patrocínios no uniforme do clube. De acordo com a 5ª Promotoria de Justiça Criminal, a queixa teria vindo de um torcedor do Verdão, que não quis se identificar.
Conforme consta na denúncia, a apropriação ilegal de recursos oriundos dos patrocínios é algo presente desde a gestão de Rênio Carlos Garcia, afastado do clube por inconsistências financeiras. Na época, Jânio Cabral era o vice-presidente financeiro do Uberlândia Esporte, sendo responsável pelos gastos e prestações de contas do Verdão.
Após as eleições em setembro de 2023, Jânio foi eleito o presidente do Uberlândia para o triênio 2024/26. Segundo a denúncia, antes do pleito, um profissional do UEC teria exigido que o clube repassasse a ele um montante referente a um título de comercialização de espaço no uniforme do UEC.
Ainda de acordo com a queixa, outro profissional do clube estava ciente de que o atual presidente teria praticado atos da mesma natureza com outros contratos de patrocínio do clube por empresas. Os valores ultrapassavam R$ 2 milhões por ano, segundo a denúncia. "Nós torcedores do nosso querido Verdão não aguentamos mais tanta falta de compromisso com nosso time e tanta roubalheira. Queremos nosso time livre dos ratos", disse o denunciante.
CLUBE REBATE
Na manhã desta terça-feira (26), o presidente Jânio Cabral prestou esclarecimentos à imprensa e à torcida sobre a denúncia. Durante sua fala, ele negou qualquer envolvimento na apropriação ilegal de recursos oriundos de patrocínio e afirmou que a denúncia tem cunho político. Ele chegou a citar que a queixa tem endereço, mas não citou nomes.
"A minha indignação é que a denúncia não tem autoria, não tem prova. Porque não juntou a prova para decidir a situação no Ministério Público? Tentaram administrativamente trazer para o conselho para se produzir alguma coisa e incriminar o presidente. Sabemos muito bem o endereço [da denúncia]. A nossa gestão cortou muitos privilégios, fechamos as torneiras, e se tivermos que pagar esse preço, nós vamos pegar. O caso vai chegar ao Ministério Público e na Justiça, e a verdade prevalecerá. Eu estou muito tranquilo. Estão tentando imputar uma responsabilidade a quem não tem. É uma questão política, de busca pelo poder. Tem nomes que não estão nessa denúncia e que virão neste processo", disse Jânio Cabral.
Ainda durante os esclarecimentos, o presidente do Verdão disse que medidas já estão sendo tomadas para dar andamento ao processo da denúncia feita ao Ministério Público. Questionado sobre os nomes que não constam no processo, Jânio disse que alguns nomes precisam ser inseridos no processo para serem apurados. Mais detalhes sobre o caso devem ser divulgados nas próximas semanas.
"Eu não posso dar nomes. Como eu disse, tem nomes que não estão ali e precisam ser inseridos. Já que vamos apurar, vamos apurar a fundo então. É claro que querem o meu cargo, mas não imaginam que depois de mim vem o primeiro vice-presidente", falou.
BALANÇO DA TEMPORADA
Jânio Cabral aproveitou para falar sobre o balanço da temporada do Uberlândia Esporte. Classificado para a Série D, o clube terá um calendário cheio em 2025, disputando o Módulo I do Campeonato Mineiro e a quarta divisão nacional. Em sua visão, o planejamento para o ano que vem já começa nos próximos meses.
"Estamos felizes com o nosso trabalho neste ano. Começamos vacilando, mas conseguimos corrigir o veículo no meio do trajeto. Ano que vem estaremos viajando pelo Brasil para competir, e temos que ter responsabilidade para planejar e organizar o nosso futuro", detalhou o presidente.
FUTEBOL FEMININO
Questionado sobre a recusa da participação na Série A2 do futebol feminino, Jânio Cabral disse que o convite chegou no pico da disputa do Módulo I do Campeonato Mineiro, em um curto período para montar o elenco das meninas do Verdão. No entanto, o presidente afirmou que está prevista a participação do Uberlândia no próximo Campeonato Mineiro.
"O convite para a Série A2 do feminino muito nos honrou, porque fizemos um grande trabalho no nosso futebol feminino que foi introduzido por nós. Mas o convite chegou em uma hora que estávamos no pico da nossa disputa do Campeonato Mineiro. Chegou em um prazo de 26 horas para eu responder, com um prazo de 30 dias para eu montar uma equipe, montar uma comissão e desenvolver todo um projeto", afirmou.
Jânio também falou que não colocaria em xeque a credibilidade do Uberlândia Esporte Clube em um campeonato tão importante como o A2 do Campeonato Brasileiro Feminino. "O que é preciso ter não é só dinheiro, é planejamento, orientação e um norte de onde você quer chegar. Não é só a parte técnica, mas especialmente a parte psicológica do nosso grupo. O que nos motivou a não aceitar o convite é o prazo para você montar uma equipe, preparar para uma disputa e a absoluta falta de recurso financeiro para este fim", acrescentou o presidente.
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